16. ζηλεύω

270 32 5
                                    

Não me considero um homem particularmente ciumento, embora o fato pudesse ser facilmente questionado, minha conclusão atual diz que sou um homem egoísta e desejo tudo. O termo é reconfortante porque não gosto da palavra ciúmes como se é dita; e aqui nesse vão de palavras ou a falta de palavras para definir o sentimento remoendo meu peito que outra se infiltra furtivamente.

Inveja. 

Tenho inveja de qualquer homem que possa olhar para ela explicitamente sem precisar mascarar o verdadeiro sentimento em seus olhos. Porque aqui, nesta faculdade, não posso ser transparente como gostaria. 

E talvez, minhas tentativas estejam sendo tolas e infrutíferas pois não importa o quanto tente, meus olhos voltam para si. Eu não consigo desviar meus olhos dela; não quando sabia exatamente como era amanhecer ao seu lado.

A aula corria normalmente, no entanto algumas vezes meus olhos vasculham a turma cheia e estancam nela, como um ímã em pura atração se recusando a desviar. 

Ela estava diferente, mais alegre... mais leve.

Desconheço essa versão espontânea que serve sorrisos contidos e demonstra uma vontade pura de estar aqui, seja sua nova amizade que a mantém com um riso frouxo nos lábios ou o brilho repentino em seus olhos, não importa a razão. Entretanto, essa versão combina muito com ela.

É incrivelmente estranho como ela continua alheia a si mesma, a forma como as pessoas reagem às opiniões fortes e decididas ou as palavras mais baixas e contidas, como se ela não enxergasse o poder inerente de influência que exerce sobre o ambiente.

Invejo a oportunidade de ganhar um sorriso seu em público, ouvir sua risada e estar ciente que cada sonoridade obtida no som foi causada por mim.

Três meses, apenas mais três meses.

Quando a aula termina, mantenho minha postura ereta, observando os alunos partirem lentamente deixando a sala cada vez mais vazia, o som da minha respiração soa mais alto.

A felicidade combina com seus olhos em mesclas de um castanho escuro marcante. Ravine carrega por natureza uma aparência reservada, inacessível para quem vê de fora. Uma tensão permeando os olhos e uma seriedade que somente o sofrimento consegue trazer para uma pessoa, você sente em toda estrutura.

Um olhar superficial e você reconhece que tipo de mulher ela é. 

Mas, eu gostaria de saber que mulher costumava ser antes de se tornar a que vejo hoje.

Lembro do sentimento nostálgico e marcante em seus olhos quando perguntei sobre seus pais, como foram para um momento longe demais para ser alcançado; logo depois o lapso de tristeza e novamente entregando mais de uma postura defensiva, embora mais sutil.

Não sei o que, não tenho grandes inclinações para resolver mistérios ou pessoas que se fazem um, mas algo me diz que muito do que ela é hoje foi influência de sua família.

— Professor Jeon?

A voz me desperta, os olhos entrando em foco outra vez. Ela me encara, parada na minha frente com uma expressão presunçosa que lhe cai muito bem.

— Sim?

— Tudo bem? — Pergunta gentil. — O senhor me pareceu um tanto… distraído. Mas, pode ter sido impressão minha.

— Estou ótimo — Confirmo, notando a conotação provocativa em seu tom. — Não se preocupe.

— Não estava preocupada… professor. 

A palavra se arrasta em sua boca, longamente como um chamado preguiçoso e cheio de intenções subentendidas. 

Arqueio a sobrancelha, cruzando os braços em frente ao torso, o que a faz imediatamente rir, descontraída. 

Partenon • Jjk • LongficOnde histórias criam vida. Descubra agora