Capítulo 29 • Criação

1.6K 111 11
                                    

Martina Ferreira |

Olho para o relógio e vejo que marca 9:30

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Olho para o relógio e vejo que marca 9:30.

Vim para Portugal com meu pai há uns dias atrás, para ficar um pouco com a minha família. Estava com muita saudade deles.

Faço minhas higienes, me arrumo e desço.

—Bom dia. —Sorri.

—Bom dia. —Sorriram.

—Estávamos agora mesmo falando de você. —Disse minha vó.

—Espero que seja boa coisa. —Ri.

—Estávamos dizendo que não vemos seu marido a muitos anos.

—É que o calendário do Brasil é muito corrido, então nunca temos tempo de vir pra cá. —Digo.

—Entendo. É uma pena. —Disse.

—Verdade. —Digo.

—E esse bebezinho? —Minha vó pergunta.

—Está bem. —Sorri. —Só não dá pra ver ainda.

—Meu filho já está todo feliz. —Disse, se referindo ao meu pai.

—Impossível não ficar. —Sorriu.

—Está de quantas semanas? —Meu vô pergunta.

—Oito.

— É muito recente ainda. —Sorriu. —E mudando de assunto, e você, filho, ainda não arranjou ninguém?

Olhei para o meu pai, que se engasgou com seu café.

—Não tenho tempo para essas coisas, pai.

—Você é muito jovem, filho. Duvido que não tenha concorrência em São Paulo. —Minha vó disse e eu ri.

—Até avô eu já sou. —Meu pai disse.

—Um avô jovem. —Sorri.

—Não adianta convencer o Abel. Mesmo que já tenha se passado tantos anos, ele ainda ama a Mariana. —Minha tia disse.

—Melhor encerrarmos esse assunto. —Meu pai disse.

—Você não perde uma, não é, Luisa? —Meu avô pergunta, sério.

Luisa é irmã do meu pai, e nunca perde a oportunidade de alfinetar ele. Eu não entendo até hoje o porquê de ela fazer essas coisas.

—Eu só falei a verdade. —Disse ela. —O problema é que o Abel não admite. Aliás, foi por causa dele que a Mariana não criou a Martina.

—Seria muito melhor e mais fácil você não ter dito nada. E se meu pai me criou sozinho, foi por culpa da Mariana. —Digo.

Meu pai não gosta que eu fale ignorante com ninguém da minha família, mas eu não admito que façam isso com ele.

—Mariana não, sua mãe. —Disse.

—Ela não fez parte da minha criação. Ela não é minha mãe.

—Bela educação que você deu a Martina, hein, Abel. —Disse Luisa.

—Ainda bem que você disse bela educação, porque é exatamente isso que eu tenho. Coisa que a Mariana nunca fez questão de me dar.   —Digo.

—É exatamente por isso que você deveria ter sido criada pela sua mãe. Ela sim teria capacidade de te criar bem, com educação e principalmente em um lugar específico, não em outros países como o Abel criou você. Sem você ter uma boa adaptação.

—Não lembro de você ter ajudado meu pai na minha criação. Não lembro de você ir me visitar e deixar meu pai trabalhar enquanto eu ficava aos seus cuidados. Você nunca ajudou em nada. Nunca ! É muito fácil julgar e não reconhecer todo esforço.  —Digo e saio.

—Você poderia muito bem ter ficado quieta. E acho muito bom você pedir desculpas aos dois! —Ouço minha vó dizer a Luísa.

Vou para o meu quarto e suspiro, deixando as lágrimas escorrerem.

—Martina. —Meu pai disse.

—Desculpa, pai. Mas eu não admito essas coisas.

—Você não pode falar assim com sua tia.

—E deixar ela desmerecer todo seu esforço? O senhor acha justo, depois de tudo? —Digo chorando.

—Nós dois sabendo de tudo. E isso já é o suficiente. Ninguém mais precisa saber. 

—Mas não é justo, pai. —Digo e ele me abraça.

[...]

Passamos o dia na praia, em um clima bem desagradável entre nós três (eu, meu pai e Luisa).

—Vó e vô, desculpa por hoje mais cedo. Os hormônios da gravidez atacaram. —Digo.

Não eram hormônios, foi tudo do coração mesmo. Mas já que estou grávida…

—Não tem que se desculpar, princesa. Já imaginávamos que seriam os hormônios. Mas você teve total direito em dizer o que disse. —Meu avô disse.

—Seu avô tem razão. —Minha vó disse e me abraçou.

Fiquei uma boa parte do tempo brincando com minha prima Laura. Ela tem dois aninhos apenas, e é um amor de criança. Muito calma e alegre.

Às vezes dá vontade de apressar o tempo e fazer com que meu bebê nasça logo.

Estou ansiosa por esse momento, mas aproveitando cada momento da gestação.

Ouço o meu celular tocar e vou até ele.

Sorrio ao ver de quem se trata.

—Oi, meu amor. —Disse, com seu lindo sotaque.

—Oi, meu amor. —Sorri. —Como você está?

—Bem, acabei de llegar do treino. E você? —Diz, enrolado.

—Tudo bem. —Sorri. —Saudades de você.

—Eu também estou, e muito. Está tudo bem aí em Portugal?

—Está sim.

—Oi, cuñada, querida. —Disse Camila.

—Oi, Cami. —Ri.

—Te extraño mucho. Besos.

—Eu também. Beijo. —Digo.

Eu e Joaquín nos despedimos e encerramos a ligação.

—É nítido o brilho no seu olhar. —Minha avó disse eu sorri.

Saudades do meu Uruguaio.

|| Continua ||

Me desculpem pela demora 🥺

Us | Joaquín PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora