Dream Clarena

Posturas

Helena

- É o seu marido que já te deu provas de que não vale nada. - Helena se ouviu falar enquanto mais uma vez assistia no rosto se Clara o conflito interno que enfrentava quando o assunto era Theo. Como desejou poder fazer Clara entender de uma vez por todas que ela era uma vítima sim, mas que não precisava ser pra sempre. Que podia se recuperar.

- As vezes sabe...- Clara sentou definitivamente no chão como que se tivesse desabado de vez, e Helena sentiu seu peito apertar em angustia ao ver alguém que amava naquele estado. - as vezes parece que eu tô ficando louca! - Os olhos de Clara se encheram de lágrimas. E a voz começou a sair engasgada. - Eu tô ficando louca! - ela continuou como que em um frenesi gesticulando rapidamente as mãos.

- Você não é louca. - Helena a interrompeu segurando as mãos e trazendo-as para seu peito. - você não é louca - repetiu  e os olhos de Clara voltaram a focar nela. - você tá me ouvindo. - falou mais firme - você não é louca.  não é!  É ele que faz as coisas de propósito para te confundir.
Clara ficou em silêncio e lentamente sacudiu a cabeça em concordância.
Lançou-se pra frente e colocou a cabeça na cocha de Helena recebendo um afago e o sussurro pedindo calma, e uma promessa de que tudo ficaria bem.
Mas Helena não se conteve  proferiu:
- E aí o que você vai fazer? -
Ela ficou em silêncio. Puxou Helena pra a cama e Helena também resolveu não falar mais nada deitou-se ali até que Clara adormecesse. Depois a deixou com um beijo suave na face e foi para seu trabalho, já está a atrasada. mas por Clara faria aquilo sempre que necessário.

***

Os dias passaram como em um looping para Helena do ponto de vista de sua relação amorosa com Clara. Sua amante (como ela havia denominado), hora ou outra falava sobre Theo, e Helena embora fixasse em sua cabeça que não se colocaria naquela situação por muito tempo não fazia menção real de sair daquilo, ela absteve-se de solicitar qualquer declaração verbal dos sentimentos que debandavam de sua aluna para com ela, contentou-se com todos os afagos, beijos e caricias que recebia, e ao lembrar disso sentiu um  leve frio na barriga, nos últimos dias Clara parecia muito quente, e a professora sabia que ela a desejava de maneira totalmente reciproca, no entanto da mesma maneira que Clara se lançava para ações mais fervorosas, parecia intimidar-se, ou era apenas o fato de quase sempre o "encontro" de ambas ser em parte na academia, parte em sua casa quando o marido estava no trabalho. E tratando-se de seu trabalho evitava ao máximo de contato físico. Helena queria aquilo, mas também sentia necessidade de ser cautelosa, não fazia menção de chamar Clara para seu apartamento. Dispersa em seus pensamentos enquanto arrumava os pesos depois de limpar para aguardar sua amada aluna, Helena mal notou ela chegar. 

- Helena! - ela ouviu a voz baixa porém empolgada de Clara chamar, em seguida seu braço sendo puxado. - eu tenho uma coisa pra te contar. 

- Não, agora é hora do treino - disse a professora tentando voltar para os ferros. 

- Eu me separei do Théo!  - falou 

- O quê? - questionou de olhos arregalados duvidando ser real o que havia escutado.

- Eu mandei ele ir embora de casa! - ela disse com um sorriso que espelhava o de Helena. 

- Eu tô tão feliz por você! - helena declarou tocando nos braços de clara.

- Fica feliz pela gente! - respondeu a mulher empolgada. - Dorme em casa comigo hoje? - emendou 

Helena ficou surpresa, inclinou a cabeça para o lado com uma expressão que bifurcava entre empolgação e duvida, no entanto o sorriso de Clara já declarava que aquela poderia ser considerada uma pergunta retorica. Puxou a personal para um abraço e soltando risadas de felicidades quase não conseguiram se concentrar no treino a partir dali.

***

Depois de jantar na companhia do filho de Clara que parecia muito receptivo a ela, a personal, se encontrava em um estado de extrema felicidade ali ao lado de Clara, que por sinal estava muito entusiasmada. Helena observou ela encher a taça de vinho mais uma vez e pensou se deveria interrompe-la, haviam sido muitas, mas não quis parecer chata.

- Vou ajudar você a tirar a mesa. - comentou fazendo menção de se levantar.

- Naao, quê isso Helena?! eu vou tirar a mesa e você fica ai quietinha. - disse mas ao se levantar de maneira brusca deixou a taça transbordar, e a personal viu a expressão relaxada da mulher se transformar em completo constrangimento e até mesmo um pouco de pavor, o liquido purpura espalhou-se manchando o tecido branco que cobria a mesa e a roupa da anfitriã. 

- Helena, me perdoa. - Clara declarou em tom de suplica. - eu sei que sou muito desastrada, me desculpa, me desculpa mesmo.- continuou a murmurar enquanto pegava um lenço e tentava "concertar"  a sujeira.

Helena se ergueu segurando a mão de Clara que a encarou desgostosa.

- Calma é só um pouco de vinho na mesa. - disse tranquilamente e sorriu para a mulher que pareceu ficar confusa. - não é nada demais Clara. - pegou lentamente o guardanapo da mão dela. - vamos fazer assim. Você vai tomar um banho, - apontou para a roupa dela que estava suja de vinho o qual Clara nem havia percebido. - enquanto eu tiro a mesa, e eu não aceito não como resposta. 

Clara encarou a mulher por alguns segundos e seus olhos pareceram chorosos, a professora não entendeu aquilo, mas não teve tempo de perguntar, a aluna pegou o rosto de Helena entre suas mãos e beijou-a de forma urgente. 

- Tudo bem. vou esperar você no quarto. - sussurrou em seus lábios e saiu.

Helena assistiu a retirada rápida da outra de cenho franzido, ficou estática por alguns minutos. se assustou com a voz de Rafael atrás dela.

- Meu pai não teria a mesma conduta, desculpa eu estava observando.  - ele disse  - na verdade ele não teve, em uma situação parecida minha mãe terminou a noite limpando o chão com lagrimas. 

- Eu jamais faria algo assim. - Helena reforçou com um toque de indignação na voz.

- Eu fico feliz. - rafa sorriu - Bom, vou ajudar você com isso -  pegando algumas louças encaminhou-se para a cozinha. 

Helena sorriu com a atitude, no fundo do seu coração prometeu a si mesma que faria de tudo para dissipar todas as dores que Clara sofrera no relacionamento toxico com Theo.