Palavras-chave: Ciborgue, Celeste.
Romeu é um ciborgue, Julieta é um anjo.
Ele diz que a ama muito, ela diz que também sente o mesmo por ele. Mas ele não acredita, diz que se ela o amasse, ia aceitar se tornar um ciborgue também.
Ao que ela responde:
Estou satisfeita com meu próprio corpo. Não há nada meu que eu queira mudar. A minha silhueta nada esbelta não possui nenhum problema prático. A flacidez que reveste meu corpo não machuca ninguém, muito menos a mim mesma.
Ele comenta que, para ele, mudar seu corpo foi uma escolha fácil, já que a ama muito e fez questão de garantir que esteja em sua melhor forma ao seu lado.
Ela responde que se tornar um ciborgue, não significa que ele está melhor do que já foi um dia, e muito menos tinha o direito de tentar impor nada sobre o corpo dela. Que a reivindicação dele sobre o próprio corpo é apenas sobre ele, que ela não se sente insuficiente sobre a própria aparência e capacidades.
Mas ele chora, fica hostil, deprimido e amargo. Se passam dias, semanas e meses de insistência e lamentações por parte de Romeu, que chegou a ameaçar um término. Julieta se preocupa, se culpa e acaba por ceder, pois não quer perdê-lo.
Tá bem, Romeu, mas vamos manter minhas asas intocáveis.
Ele concorda e se alegra de ter tido sucesso em sua insistente demanda.
Julieta começa, com o tempo, a ter comportamentos que até então nunca teve: evitava espelho, sua postura frente ao mundo fica mais recolhida, sua autoestima menos vibrante diante da rigidez do seu novo corpo.
Até que descobre que Romeu a estava traindo com Rosalina, uma fada de barriga sarada e corpo violão.
Como pude cair nisso?
Ela se questiona, se entristece e se enraivece. Percebe que nem mesmo o metal brilhante em seu corpo lhe fez ter a beleza que Romeu tanto queria ao seu lado.
Ela, agora percebendo que nunca mais vai poder ser aquela Julieta novamente, preenche o vazio entre as frias peças de metal em seu corpo com doses de veneno. Ao chegar em casa ele a encontra, e automaticamente percebe que foi sua culpa. Próximo ao corpo dela, havia um pequeno bilhete.
Antes de me matar eu cheguei a pensar em te envenenar primeiro, Romeu. Mas assim como não houve espaço para mim na nossa relação também não caberia nenhuma gota de veneno em seu corpo, pois você já é completamente cheio de si.
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Contos e Lendas - OdisseiaPunk
Cerita PendekEsse livro é um compilado de contos e Lendas distintas, onde cada capítulo é uma história diferente com começo meio e fim. Não precisa ler em ordem ou ter lido nenhum conto para entender outro. Porém, a única coisa em comum com é que todos se passam...