CAPÍTULO ÚNICO

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— Pegaram o filho da puta — a voz do meu superior ecoa pelo corretor da repartição. — Serkan, preciso que você organize sua equipe e vá imediatamente para o endereço que te enviei.

Verifico minhas mensagens e lá está a localização que Engin, meu chefe, acabou de me enviar. Ele não precisou dizer quem exatamente era o filho da puta em questão, mas o endereço deixa claro a quem nós daremos a honra de nossa visita: Efe Akman. Um dos nomes mais importantes na hierarquia do tráfico deste país. É ele quem comanda cada grama de cocaína que entra e sai da Turquia. E também é ele um dos responsáveis pela enorme cadeia de tráfico humano pelo mundo.

Eu sei onde ele mora, cada funcionário do serviço de inteligência policial sabe onde ele fica, sua vida regada a luxo não é difícil de rastrear, mas nós simplesmente não podemos pegá-lo. No entanto, algumas vezes no ano nós fingimos descobrir onde ele está e fingimos prendê-lo apenas para manter as aparências de que a nossa corporação tem controle da situação.

Efe Akman tem poder.
Tem o controle.
E tem o apoio de líderes políticos importantes do país. Ou você acha que os políticos prezam pelo bem estar da nação? Na verdade todo o pó que chega no país está em jatinhos com selo federal.

Nós sabemos de tudo.
Nós apenas fingimos não ver.
Ou um banho de sangue seria visto... com crianças e mulheres sendo as principais vítimas desse caos. Mais uma vez.

Eu não preciso de muito tempo para me equipar. Em poucos minutos eu e minha equipe estamos no carro em direção ao castelo branco de Efe. Com um papel em mãos nós fingimos ter tanto poder quanto ele. Mais um mandado de prisão que será cumprido, mas no fim do dia ele já terá sido liberto e voltará a cheirar cocaína no peito de um grupo de prostitutas.

O carro para.
Os portões se abrem.
Nós entramos, eles nem se dão o trabalho de tentar nos impedir.

— Aceitam? — pergunta um dos capangas que está fortemente armado em uma das portas da casa. Ele tem pinos de pó em mãos, como se fosse presente de boas vindas, e está visivelmente chapado.

— Onde Efe está? — pergunto, o ignorando e tentando fortemente não expressar o tédio no meu rosto.

Estou cansado desta merda. De que vale a porra do meu distintivo se eu não posso fazer valer a lei a quem jurei obediência?

Ele aponta para uma das portas e eu direciono meus homens a me darem cobertura, hipoteticamente, claro, todos sabem que Efe não vai tentar fugir, todos sabem que ele provavelmente vai até sorrir para as câmeras dos repórteres, como se fosse a porra de um cantor pop.

Quando abro a porta o cenário é o mesmo das outras vezes que estive aqui. Música explícita toca ao fundo, cheiro de sexo no ar... Há muitas mulheres seminuas por todo quarto, elas comem e bebem, outras estão tão chapadas que provavelmente não sabem que dia é hoje, três delas estão transando em um sofá e sorriem para mim quando percebem minha presença.

Efe está na poltrona central, cabeça jogada para trás enquanto uma mulher está sentada em seu colo, uma calcinha preta minúscula que quase some do seu corpo pela forma como cada perna dela está posicionada em cada lado do colo dele. O filho da puta sorri satisfeito quando ela lambe o pescoço dele, deixando a própria mão vagar pelo corpo dela, levantando a pequena blusa também preta e tirando um pino de cocaína que estava entre os seios dela.

Toda a situação demora apenas alguns segundos, mas já é o suficiente para me deixar com raiva. Apenas um levantar da minha mão e eu o teria morto, com um único tiro na testa, sem precisar machucar as mulheres que estão aqui dentro, mas o fato dele não se importar com a própria segurança por saber que a vida dele vale mais do que a vida de toda nossa corporação, torna a situação constrangedora, porque ele ignora nossa presença.

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