XI - A Fantasma

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O mundo gira, roda, movimenta, impulsiona. O mundo é ativo e reativo, a vida é a onda, o empurrar e puxar.

Tudo e todos são tão vivos, tanta vontade circula e passa pelas veias do mundo.

A pequena fantasma já morreu, já não participa de mais nada, mesmo em vida não fazia muita coisa mesmo. Era um tumor estagnado na circulação do mundo.

Agora só olha, só assiste, não há mais o que fazer. Mas era pra ter feito algo, era pra ter se movimentado, quem sabe se tivesse cumprido seu papel ainda viveria.

Aqueles que se recusam a nadar tendem a ser arrastados para o fundo escuro e frio, longe das correntezas, longe da vida.

E com a cabeça tão vazia por justamente nunca ter feito nada, seu ser tão oca e agora tão astral, imaterial. A fantasma não consegue compreender de onde ainda vem a dor de ver a vida passar diante de seus olhos e ela não poder tocar.

Por que dói ficar parada? Ela não sabe, pois nunca descobriu vida. Nunca soube que ela fazia parte, do jeito dela, do mundo e do movimento. Foi feita para ser uma onda vigorosa, e não um espectro estático.

Entre Rir & ChorarOnde histórias criam vida. Descubra agora