1. paraíso

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    Outer Banks, o paraíso na terra. Foi isso que o pai de Thomas disse antes de anunciar que eles estavam se mudando da Califórnia direto para o sul da Virgínia. O novo relacionamento dele deu errado e agora ele quer culpar os dois filhos por isso, então acha que a solução é se mudarem para esse lugar, que até então, Thomas nunca tinha ouvido falar.

O pai dele, Arthur, um homem influente e que aproveita da sua fama para estar sempre com novas mulheres, acha que um dia fará os filhos serem tão submissos a ele como todas as pessoas com quem já esteve. Ele disse, pouco depois do seu dircurso sobre como seria bom respirarem novos ares, que tem família em Outer Banks. Que o seu irmão mora lá, o que significa que Thomas e a irmã terão de conviver com uma cópia do pai, e o garoto de cabelos negros não ficou nenhum pouco contente. Isso já é o inferno.

A mãe de Thomas foi embora quando ele tinha treze anos. Ela se achava presa demais no relacionamento com Arthur, e resolveu fugir com um motoqueiro bonitão que prometeu dar uma vida de princesa para ela. Mas na verdade está mais para vida de fugitiva da polícia, já que o cara é um ladrão de primeira, e com certeza não conseguiu aquela cicatriz enorme no rosto lutando como um bravo cavalheiro prestes a salvar a princesa presa na torre mais alta.

Então, desde que ela se foi são apenas Thomas, a Zoe, sua irmã mais nova, e o desgraçado do seu pai, que passa mais tempo se drogando e abusando de mulheres do que cuidando dos próprios filhos. É bom pensar que o seu último relacionamento não tenha dado certo, aquela mulher se livrou do diabo em pessoa. Thomas também gosta de pensar que foi bom a sua mãe ter tido coragem de fugir.

Às vezes ele mesmo queria ter essa coragem.

De qualquer forma, Outer Banks não é um lugar ruim de se viver, as ondas de lá são quase melhores que as da Califórnia, o que significa que a maior parte do tempo do garoto branquelo da Califórnia vai ser no mar. A Zoe também ficou muito feliz com a parte de ficar na areia o esperando, e Thomas entende o motivo da sua felicidade, já que todas as meninas andam de biquínis. Mas ele prefere os músculos e costas largas. Os caras de Outer Banks são saradões.

    Thomas estava em um dos melhores momentos do seu dia. Quando chegaram na ilha, descobriram que ela era dividida em dois, havia o figure 8, o lugar onde iriam morar, e lá é o lugar das pessoas ricas, a galera com duas casas, escolas particulares, heranças. Eles são os Kooks, inimigos naturais dos Pogues, que moram do lado Sul da ilha, são os trabalhadores, vivem servindo mesas, lavando iates, pilotando barcos, tudo para se sustentarem, se auto definem como os peixes pequenos, a ralé. Pelo que Thomas ouviu, os Pogues são negligenciados, o que torna isso também um lado bom, já que são invisíveis, então fazem o que querem, na hora que querem. Velark percebeu que o outro lado da ilha, onde ele não vivia, era bem melhor. Até as ondas eram melhores.

O garoto de cabelos negros havia acabado de pegar uma onda maneira, e estava agora sentado em cima da prancha, respiração um pouco descompassada e se estabilizando quando seu olhar avistou um garoto loiro se aproximar. Não conseguia adivinhar a sua idade apenas ao olhá-lo, ele era...grandão. Seu cabelo molhado pingava sobre seus ombros largos, e quando estava mais perto, Thomas pôde ver que os seus olhos estavam meio avermelhados. O garoto não disse, mas achou a combinação de tudo a coisa mais sexy do mundo.

── Ei, cara! Aquela onda era minha ── foram as primeiras palavras do loiro, que parecia ter saído direto de uma revista. Nenhum cumprimento.

Thomas ia apenas ignorá-lo quando começou a ir para uma parte mais rasa, mas o surfista loiro o seguiu. É claro que ele iria seguir. Ele parecia ser o tipo de pessoa chata que insisti em uma conversa que já deveria ter tido fim. E tudo que Velark menos gosta é esse tipo de pessoa.

Island boy || JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora