2. prima?

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Thomas e Zoe haviam chegado em casa faziam cerca de uma hora, mas nenhum sinal dos adolescentes que o garoto apelidou como "sujos e ferrados". Thomas começou a questionar sua própria capacidade de dedução, mas depois de pensar, resolveu apenas esquecer um pouco sobre aquela sua parte do dia, e foi caminhar pelo jardim imenso da casa onde estava ficando. Haviam muitos homens trabalhando com a grama, nos barcos, em uma construção próxima que ele deduziu ser coisa do seu tio, e em vários outros lugares. As pessoas parecem ter fetiche por trabalho, pois mesmo quando estão de folga, resolvem trabalhar sem parar. Ou talvez seja só a necessidade do dinheiro.

O clima estava estranhamente agradável naquela tarde. O canto dos passarinhos parecia mais bonito, o vento parecia calmo demais, o lago estava bonito e até as pessoas pareciam sorrir mais. Thomas até achou que fosse alguma coisa relacionada ao universo, mas depois notou que ele apenas não tinha encontrado o seu pai ainda. Bufou frustrado e voltou a caminhar para casa, podendo ver a figura mais velha parada na varando, chegou até mesmo a se assustar um pouco, achando que era o homem que tornou todo seu dia bom em uma completa merda apenas por aparecer em seus pensamentos, mas era apenas o seu tio, que parecia idêntico ao seu velho, e não só em questão de aparência. Mas, definitivamente, o seu tio é bem mais agradável para uma conversa.

── Oi, criança, onde está o seu pai? ── e aquele apelido. O maldito apelido que Thomas tanto odiava estava aí, fazendo-o revirar os olhos ao ouvir seu tio dizê-lo. O moreno terminou de subir os pequenos degraus de madeira, ouvindo-os ranger, até que estivesse perto do homem mais velho.

── Oi, tio Ward ── respondeu de má vontade, oferecendo um aperto de mão ao mais velho, que aceitou no mesmo instante. ── Eu não faço ideia, ainda não o vi hoje ── continuou, passando pelo homem e caminhando para dentro de sua casa. Ele não queria ficar e correr o risco de ter que ouvir seu tio chamá-lo para os seus negócios mais uma vez, com a desculpa de que os seus filhos não são capacitados o suficiente. Claro que não são, nem Thomas é, são apenas adolescentes querendo umas bebidas e umas drogas para suportar toda a merda de seus pais.

Estava passando perto do quarto da sua irmã quando ouviu o barulho de algo se quebrando, e ele não tardou em correr em direção a porta, vendo a cena da garota assustada e mais afastada de seu pai, que parecia revoltado. Ele sempre estava, mas naquele momento ele aparentava estar bem pior do que todas as outras vezes.

── O que está fazendo? Não encosta nela, seu desgraçado ── Thomas gritou, entrando na frente de seu pai, que estava prestes a ir para cima da garota. Aquela "rotina" era mais normal do que parecia, Arthur sempre foi muito explosivo e gostava de descontar a frustração de qualquer coisa nos filhos, em Thomas principalmente.

── Você gosta de estar onde não é chamado, não é mesmo? Seu filho de merda! ── o homem mais velho bradou, antes de socar a cara do próprio filho duas vezes, o empurrando para o chão e cuspindo ao lado do seu corpo. Thomas era nitidamente mais fraco, e não conseguia se defender estando de mãos vazias, e mesmo que conseguisse, sabia que voltaria a acontecer uma hora ou outra. ── Vocês são a minha maior decepção ── proferiu suas últimas palavras antes de sair do quarto.

Zoe, que até então observava a cena calada e assustada, se aproximou, ajoelhando-se ao lado do irmão e levando as mãos para o seu rosto. Havia preocupação na forma como ela o olhava. Thomas sempre entrava na frente para defender a irmã, e isso significava muito para ela, e por mais que nunca dissesse nada em palavras, seus atos diziam por ela.

Island boy || JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora