coincidências

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embalos de um domingo à noite.

boa leitura e boa semana para todos!

Clara

- Você não pode me obrigar.

- Tem toda razão. Eu não posso.

- Eu sempre tenho razão.

- Não posso, mas você vai comigo, fim de papo! - fecho o cenho e cruzo os braços. A feição de Benjamin parecia irredutível. Ele me observava com a postura ereta e o sorriso idiotamente bonito - E sabe porquê?

- Não sei se quero saber.

- Dia vinte e seis de março...

- Cala a boca, Benjamin - puxo seu braço para mim, fazendo com que sua mochila caísse levemente por seu ombro - Você é um grande de um idiota, meus parabéns.

- Eu não quis apelar pra chantagem, mas você me obrigou.

- Eu preciso estudar para a prova da Carina. Você lembra como somos um lixo em cálculo?

- Você é um lixo em cálculo, eu sou ótimo - lhe lanço meu dedo do meio - E a prova da professora Carina pode esperar um pouco, ao menos por hoje. Você é meio que um gênio quando quer, pega as coisas rapidamente.

- Minhas desculpas estão acabando aqui - murmuro, já irritada por tamanha insistência.

- Perfeito. Ao menos consigo salvar um pouco da minha saliva.

- Só para gastá-la mais tarde com a Solzinha, atrás do laboratório, seu safado - ele revira os olhos, um sorriso sem graça lhe escorrendo os lábios - A faculdade inteira está falando em como os olhos bonitos da Sol andam mais apaixonados. Bruna disse e eu apenas citarei - pigarreo, dramaticamente - "tenho certeza que ela transou, Clara".

Benjamin engasga com a própria saliva, o que me faz ganhar meu dia.

- Isso não é da conta de ninguém!

- Exceto da minha. É da minha conta quando você transa ou deixa de transar, até porque você também sabe de todas as minhas particularidades - um punhado de meninas passaram por nós na mesma hora que o assunto sexo foi tocado, lançando caretas nada animadas sobre. Nem parecia que já éramos todos maiores de idade e estávamos na porcaria de uma faculdade - Vamos lá, Benji.

- Não.

- Não, o que?

- Ainda não transamos, ok? - arqueio as sobrancelhas em desafio - É sério! Não me olha assim.

- Você não pode saber como estou olhando, estou de óculos escuros.

- Não transamos.

- Tudo bem. Não sou fiscal do sexo, nem nada do tipo, mas sua felicidade repentina me dizia outra coisa, assim como a dela dizia à Bruna e outras meia dúzias de calouras.

- Não temos mais doze anos de idade, Clara. Somos todos adultos aqui. Não preciso justificar minhas ações para os colegas idiotas que acham que dei selinho em alguma menina cinco anos mais velha que eu.

- Essa época era a melhor, cara - fito o céu com um sorriso sonhador, até receber um tapinha nada feliz de Benjamin em minha testa.

- E então, vai me ajudar ou não?

- Certo, vamos repassar o plano que tenho certeza de que irei reformar todo e completamente - ele suspira, segurando com firmeza nas alças da mochila preta.

One shots - Clarena editionOnde histórias criam vida. Descubra agora