2. Cola

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"I got a taste for men who are older."


Para ser honesto, eu não esperava nenhuma reação surpreendente de Joe.

Acho que estava mais do que claro que seu sentimento por mim era apenas uma implicância que escondia nossa amizade. Durante todos os nossos anos sendo amigos, nunca vi um interesse a mais por sua parte. Ele provavelmente me vê como um irmão, ou qualquer coisa parecida com isso. Eu já estava me acostumando com esse fato.

Contudo, fui pego de surpreso no momento o qual seu sorriso desmoronou, como um deslizamento.

Sua feição era de descrença. Suas sobrancelhas frizadas acompanhavam sua boca entreaberta, a qual evidenciava ainda mais seu espanto.

Minhas bochechas queimam, em função da vergonha que sinto. Meu Deus. Por que eu fui dizer aquilo?

— Olha, esquece o que eu-

Kojiro me interrompe.

— Voce está apaixonado? — Sua voz sai intrigada. — Por quem?

Como que eu vou responder isso?

Eu suspiro, já sentindo uma dor de cabeça surgindo.

— Você não precisa saber quem é! — Exclamo, tentando me acostumar com a adrenalina que percorre minhas veias.

Seus olhos me observam, com as sobrancelhas arqueadas.

— Só acredito vendo.

Por que ele tinha que ser tão irritante?

Sinto seu rosto perto do meu. Sinto a forma como seu rosto me interroga com um olhar aflito, sedento por respostas.

Eu o observo.

Sinto que vou entrar em combustão.

Meus olhos fuzilam os seus, e os olhos dele, os meus.

Mordo meus lábios, nervoso.

Aproximo meu rosto ao seu e digo:

— Até amanhã, Kojiro.


Já é o outro dia, e não vi Joe desde então. Só lembro que cheguei em casa, preparei um chá bem quente e demorei horas tentando acalmar meu peito, que vibrava brutamente por conta de meu coração acelerado.

Sua respiração, sua face tão perto da minha, sua expressão descrente. Tudo fazia eu me fascinar por ele.

Que ódio admitir isso. Acho que já é claro o quanto eu detesto admitir as coisas.

Mas é isso. Admiti para Joe que estou apaixonado por alguém.

Foi uma das piores experiências que tive na vida.

Ele ficou tão chocado, tão curioso. Porra. Que tipo de reação foi aquela? É tão difícil assim acreditar que eu posso me apaixonar?

Pensando melhor, é sim.

Eu suspiro.

Já é outro dia, outra hora. Estou gastando tempo e energia demais pensando nessa besteira. Eu preciso arranjar alguma coisa para ocupar meu tempo. Urgentemente. Acho que isso é um caso de emergência.

Foi quando eu recebo uma notificação do meu celular.

Foi difícil me movimentar para pegar o aparelho, visto que eu estava na banheira de meu banheiro. A espuma cheirosa fazia o trabalho de perfumar e limpar meu corpo, além de me distrair um pouco dos meus pensamentos agitados.

Eu até pensei em ignorar meu celular, mas as notificações se repetiram mais duas vezes, propagando um barulho irritante pelo banheiro. Eu suspiro, estressado. Me estico o suficiente para agarrar o aparelho, tomando cuidado para não molhá-lo na espuma da água.

Automaticamente, assim que leio as notificações, minhas sobrancelhas de arqueiam.

Eram avisos do Instagram.

Sato_Hiroshi1 começou a seguir você.

Sato_Hiroshi1 curtiu seu post.

Hiroshi Sato?

Esse nome não é estranho. De onde que eu conheço esse nome?

Eu desbloqueio o celular e abro o Instagram imediatamente. Abro o perfil desse tal de Hiroshi.

Era um homem que aparentava ser mais velho que eu. Seus cabelos eram brancos, mas não eram grisalhos como os de um idoso, eram platinados como a neve. Seus olhos eram um tom de marrom tão profundo que parecia cascas de árvore.

Esse cabelo platinado, esse sorriso com covinha e esses olhos castanhos...

Foi quando eu me dei conta. Uma espécie de chave girou na minha cabeça.

Eu conheci esse cara na adolescência.

Eu beijei ele numa festa.

Mais uma notificação apitou no meu visor.

Sato_Hiroshi1 respondeu seu story:
"Oi, sumido"

Eu sorri, descrente.

Se eu estava querendo achar uma distração, tinha acabado de encontrar.

Jealous boy [MATCHABLOSSOM]Onde histórias criam vida. Descubra agora