Capítulo 14

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– Será que ele vai aparecer, Jake? – indagou uma ansiosa Carmen.

As íris verdes me encarando com aflição. A mulher mordia o lábio inferior enquanto estralava os dedos, quais constatei estarem frios ao tocar.

– Claro que ele aparecerá, meu amor. Fomos nós quem chegamos cedo, não?

Acariciei seus dedos e a abracei bem apertado para que ela percebesse que não estava sozinha nessa. Nunca mais.

– Sim, realmente. Estou tão nervosa, nos falamos tão poucas vezes... Será que ele irá entender-me?

– Com toda certeza, Carmen. Ele é seu irmão, ele irá te entender e ficar ao seu lado.

Ela assentiu aconchegando sua cabeça ao meu peito.

– Eu quero que tudo fique bem, fique certo, entende? As vezes sinto-me culpada por tê-lo deixada pra trás, talvez eu devesse ter vindo antes.

Afastei-a para que me encarasse nos olhos.

– O que importa é que estamos aqui agora e em breve tudo se esclarecerá. Tudo fará sentido para ele e eu sei que ele entenderá do porquê você ter partido.

Carmen conversou poucas vezes com o irmão Jeremy, agora com dezessete anos. As recém-chegadas redes sociais foram muito importantes nesse processo. A mulher o localizou e mantiveram contato de um ano para cá, porém o rapaz demorava muito em lhe responder as mensagens, o que deixava Carmen aflita, com um milhão de pensamentos na cabeça, como: "Ele me odeia". "Ele não me quer por perto". "É tarde demais para uma reaproximação".

Por fim eu a disse: "Por que não para de prolongar essa dor e o encontra logo? Deixa tudo claro para o menino, somente assim, saberemos se ele a odeia ou não".

E bom, agora estamos aqui, dez anos depois, de volta à Nova Jersey para que anos de escuridão sejam esclarecidos. Carmen está infinitamente ansiosa para rever o irmão, se ela se aproximar um centímetro mais, poderei sentir o seu coração bater compulsivamente. Porém eu não a culpo, pois a mesma mandou uma mensagem enorme e esclarecedora – em partes – para o irmão mais novo, ditando onde estaria e quando, o garoto apenas respondeu um "ok".

Mesmo que ela tenha amadurecido e aprendido lidar com seus ímpetos, a essência da mulher ainda era a mesma e sua cabeça vivia criando um milhão de conspirações mirabolantes.

– Jake, eu acho que é ele – sussurrou com voz trêmula.

Virei meu rosto para fitar um rapaz alto muito parecido com Carmen; o nariz arrebitado e olhos verdes, juntamente da pele pálida. O andar era manso, tinha as mãos nos bolsos da calça jeans, os cabelos sendo agitados pelo vento, aproximava-se calmo de nós por entre o gramado do parque vazio, o olhar firme em Carmen.

Quando perto de nós, nada disse, ficou a fitar a irmã, igualmente estática. Ela tinha lágrima nos olhos, porém o garoto tinha um milhão de perguntas, eu via isso. Também via tristeza, os olhos eram muito parecidos com os de Carmen, o olhar triste que um dia a garota carregou, agora estava nas órbes verdes do irmão.

– Você está muito bonita, Car – falou ele baixinho.

A mulher sorriu e jogou-se nos braços do irmão apático.

– Jeremy...

Carmen

– Perdoe-me por deixá-lo para trás, Jery. Eu senti o peso da dor todos esses anos, eu sei que deveria ter vindo antes, mas eu tive medo. Medo do quê? Eu não sei. Talvez de sua rejeição ou por ser em vão e eles não deixarem você partir comigo.

Dangerous Girl | Jake GyllenhaalOnde histórias criam vida. Descubra agora