Capítulo 11

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Os passos de Carmen eram rápidos e decididos em minha frente. Subia as escadas um pouco a minha frente, a mochila em um dos ombros,  a saia mostrando-me mais do que deveria e os longos cabelos em tom cobre quase cobrindo a fina blusa de algodão.

– Vai continuar assim? – indaguei novamente com um meio sorriso na boca.

A garota suspirou e respondeu assim que chegamos no corredor de meu apartamento.

– Sim.

Foi tudo o que disse antes de atravessarmos o corredor vazio. Paramos em frente a minha porta, era quase um costume ter Carmen comigo todas as noites, quando não tinha sua companhia era como se algo faltasse.

A menina batia o pé de maneira impaciente no assoalho enquanto eu procurava a chave em minha pasta cheia de papéis. Soltei um suspiro de alívio quando a encontrei e logo encaixei na porta.

– Sid! Nossa! Quanto tempo!

Quando percebi Carmen corria até meu vizinho  de cabelos tingidos – agora de vermelho – e piercings pelo rosto. E no momento que vi minha garota rodear a cintura dele em um abraço, uma sensação esquisita e esmagadora tomou meu peito.

– Carmen? O que faz aqui? – indagou Sid que logo em seguida encarou-me – Fala aí, Jake – cumprimentou-me.

Dei um aceno leve de mão.

– Sid – foi  tudo o que disse.

Mas Carmen logo começou a tagarelar.

– Como você está? Tem falado com Tyler? Soube que ele foi preso; isso é verdade? Mas e Bett? Conseguiu casar-se com o caminhoneiro? – perguntava alegre e gesticulando. Nem parecia a menina emburrada de minutos atrás.

– Estão todos bem. Tyler está solto e Bett não casou-se, infelizmente.

– Ah – abaixou a cabeça triste – Mas e você? Está bem?

Por um segundo pude vê-la jogar-me um olhar,  talvez notando-me finalmente ali. Bom, no fundo eu sabia que ela fazia aquilo propositalmente.

– Estou bem, Carmen. Mas o que faz aqui? – indagou o punk.

– Estou com Jake, estamos juntos.

Eu pensei que fosse desmaiar, felizmente não aconteceu, ela não deveria sair por aí contando que estávamos "juntos". Sid jogou-me um olhar e assentiu como se isso não fosse importante. Por fim abaixou-se um pouco para perguntar algo no ouvido  de Carmen, ela apenas meneou negativamente com a cabeça e terminaram a conversa com mais um abraço que irritou-me a níveis extremos.

Despediu-se e veio até mim.

– Vai abrir a porta ou não? – perguntou, voltando a sua irritação inicial.

Meneei a cabeça suspirando e abri a porta, qual ela logo atravessou. A vi jogar a mochila ao lado do sofá depois sentar-se no mesmo.

Sem conter-me perguntei:

– O que ele cochichou em seu ouvido?

– Nada.

– Como assim nada? – indaguei colocando a pasta sobre a mesa indo até ela.

A garota fitava a televisão desligada, como se nossa conversa não fosse importante.

– Já disse: Nada.

– Não me irrite, Carmen.

Finalmente ela fitou-me.

– Não me irrite você, Jake. Sabe muito bem pelo que estamos passando.

Dangerous Girl | Jake GyllenhaalOnde histórias criam vida. Descubra agora