𝗛𝗢𝗧 𝗟𝗢𝗩𝗘

019

Alemanha - Lipsía

Parei o carro na frente da vila e liguei pra Dia que não demorou a vir. Ela estava com os cabelos enrolados soltos uma calça e uma blusa simples, sorrindo como sempre.

── Oi. ── Diz sorrindo ao entrar no carro e eu abraço ela de lado.  ── Como foi lá? Queimou muitas panelas?

── Até que não. ── Falo rindo. ── O pessoal quis ficar descansando aí não vieram.

── Se você falasse a gente tinha deixado pra outro dia, assim você descansava.

── Mas eu não estou cansado. ── Falo  ── Vou te levar num restaurante muito bom, minha lutadora.

── Quero ver se vai ser bom mesmo.

── Lá serve comida italiana. ── Falo  tentando puxar um sotaque italiano e ela ri. ── Eu não falo italiano.

── Percebi. ── Diz rindo.

Paramos o carro no restaurante e entramos. Assim que entrei algumas pessoas me reconheceram e vieram falar comigo.

── Tom Kaulitz. ── Uma garota diz me abraçando e eu abraço de volta. ── Essa é sua namorada?

── Não. ── Falo ── Essa é minha segurança.

── Você é linda. ── A menina diz pra Dia. ── Parece até uma modelo.

── Obrigada.

Depois de eu dar atenção pra alguns fãs, eu e Dia sentamos em uma mesa afastada.

── Vai querer o que? ── Falo olhando o cardápio.

── Vou querer lasanha. ── Ela diz animada. ── Eu nunca comi.

──Você nunca comeu lasanha? ── Pergunto e ela nega. ── Você vive em que mundo?

── Eu sou pobre, Kaulitz. ── Fala rindo ── Lá na Colômbia o dinheiro dava pra gente comer o básico dando graças a Deus.

── Eu também já fui pobre, Dia. ── Falo ── Mas minha mãe fazia lasanha pra gente.

── Minha mãe cozinhava, mas nunca cozinhava o que eu pedia.

── Entendi. ── Falo encerrando o assunto já que ela parecia estar desconfortável. Faço o pedido e não demorou muito pra chegar. ── O que achou?

── Muito bom. ── Ela diz com a boca cheia. ── Como eu nunca tinha provado isso?

── Pois é. ── Falo  ── Está animada pra turnê no Brasil?

── Claro. ── Ela diz animada ── Nunca fui lá, mas o tio Mariano ia e sempre trazia carrinho de rolimã, maçã do amor e o meu favorito quindim.

── Você conhece bem a cultura de lá. ── Falo  rindo ── Quando chegar lá você vai ser minha guia.

── Eu nunca fui, vou me perder certeza. ── Diz ── Tom porque você me chamou pra jantar?

── Porque eu gosto da sua companhia. ── Falo ── Não posso?

── Pode. ── Diz simples ── Me conta alguma coisa de você?

── Não tenho nada pra falar. ── Falo ── Que eu sou um guitarrista gostoso e famoso você já sabe.

── E convencido também.

── Só um pouco. ── Digo rindo ── Mas é sério não tenho muito o que falar, na verdade você que devia me contar as coisas.

── Eu já disse tudo.

── Não disse o motivo de vir pra cá. ── Falo e ela engole seco. ── Se não quiser falar tudo bem.

── Não é isso. ── Ela diz bebendo um gole de suco. ── É que minha vida é um pouco complicada, mas no geral eu vim pra lutar na academia de MMA que tem aqui.

── Aquela grande no centro.

── Sim. ── Ela fala e eu reparo como ela fica feliz em falar disso. ── Sempre foi um sonho lutar em uma academia de verdade. O meu tio já lutou mas teve que sair por problemas financeiros.

── Esse seu tio parece ser um cara legal.

── Ele era. ── Ela diz sorrindo ao lembrar ── Meu tio praticamente me criou já que meu pai vivia me explorarando e minha mãe na fazia nada. ── Fala e noto os olhos dela se encherem de água. ── Eu sinto muita a falta do meu tio, e sinto muita raiva do meu pai por ter feito o que fez.

Eu queria perguntar o que ele fez, queria saber o que aconteceu e porquê esse assunto deixa ela com tanta raiva. Mas eu não queria ser inconveniente.

Acabamos de comer e conversamos sobre varias outras coisas e eu fui deixa ela em casa.

── Obrigada pela noite, Tom. ── Ela fala assim que eu paro o carro ── Você alegrou meu dia.

── Se quiser eu posso alegrar mais ainda. ── Falo e ela revira os olhos.

── Você quebra o clima sabia?

── Então tava rolando um clima?

── Você é ridículo. ── Fala rindo e sai do carro. ── Até amanhã.

── Até. ── Falo vendo ela entrar na vila.