ෆ┊Eu não sou emocionada

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Penso em me levantar quando ouço uma buzina na frente de casa. Fico de joelhos e o vestido me cerca, como em uma cena de filme. Olho em volta e o que fiz me dá amargura. Me levanto, pego a chave de casa na cozinha e vou até o portão.

Quando o abro, vejo quem eu nunca esperei ver neste momento: meu pai. Ele faz um sinal para eu entrar no carro.

Sem nem pensar, fecho o portão e obedeço-lhe.

- O que aconteceu com você? - diz Joseph, me olhando de cima à baixo.

Torço a boca.

- Hoje foi minha festa de aniversário... - falo, em um tom tão baixo que chega a ser quase inaudível.

- Ninguém apareceu. - completo.

Meu pai fica sério de repente.

- Feliz aniversário. - diz, em seu mesmo tom de sempre.

Eu abro um sorrisinho de canto e assinto.

- Sua mãe está em casa?

Faço que não com a cabeça e meu pai parece gostar da resposta.

Ele dá marcha no carro e começamos a andar pelas ruas.

Ficamos calados o trajeto inteiro. Percebo, olhando no espelho do carro, o quão minha maquiagem está borrada, mas não ligo. Nunca achei que teria uma festa como essa.


Ele, enfim, estaciona em um parquinho familiar. Não demoro para notar que foi aqui onde tive meu primeiro contato com os gêmeos Kaulitz. Joseph desce e faço o mesmo.

Nos sentamos em um banco onde temos uma vista perfeita dos brinquedos.

Meu pai envolve meus ombros com seu braço, um gesto histórico para mim. Antes de Bill, era ele quem fazia isso, sempre na intenção de me acolher em algum momento de tristeza.

- Foi aqui onde pedi sua mãe em casamento. - dispara, quebrando o silêncio.

Meu estômago congela.

- O que? Por quê?

Meu pai abre um sorriso, como se estivesse viajando em memórias gostosas. Percebo seus olhos se enchendo de água.

- Lorelai sempre dizia que queria uma menina. Quando namorávamos, ela me trazia aqui para fantasiar com uma futura filha. Dizia para lá e para cá que brincaria com ela neste lugar todos os dias. ― ele explica, soltando uma pequena risada no final, que soa mais como um "ah".

Eu encosto no banco. Tento imaginar eles dois aqui, sentados juntos, contemplando suas fantasias de casal. Pensar nisso faz uma lágrima rolar pelo meu rosto.

― Melanie ― começa, se virando para mim.

Fico com medo do que está por vir.

― Tudo tem um começo, meio e fim. ― conclui.

Minha expressão se transforma em uma cara de choro. Já não aguento mais. Desabo em lágrimas e Joseph me abraça.

― Eu sinto sua falta. ― digo, com aquela voz abafada e trêmula que todo mundo conhece.

Me arrependo completamente de ter dito isso.

Um filme começa a passar em minha mente: todos os momentos de pai e filha que nós já tivemos.

Lembro-me da vez em que meu pai me ensinou a pescar, e eu chorei porque havia entrado água em minhas botas.

Ou da vez em que empinei minha primeira pipa, graças a ele.

𝐓𝐇𝐑𝐎𝐔𝐆𝐇 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐎𝐎𝐍 - BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora