ෆ┊Vá para a garganta

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Love e Bill. Ela com a cabeça apoiada no ombro dele.

Saio da escola. Passo por eles e entro imediatamente no carro de meu avô. Quando o carro estava saindo, ao canto dos olhos, pude ver Bill me encarando.

Seguindo pelas ruas, meu avô quebrou o silêncio.

- Aconteceu alguma coisa, querida?

Eu não conseguia falar. Sabia exatamente o que iria acontecer.

- Hã... Aham - respondi.

Minhas mãos já tremiam e eu pego minha garrafa de água, que estava no bolso de minha mochila lilás.

- Mel... Eu e sua avó vamos dar uma saída para o mercado. Talvez demore um pouco, já que a lista de compras é meio longa... Você se importa em ficar sozinha em casa? - Joel me pergunta, me olhando pelo retrovisor.

Eu apenas fiz que não com a cabeça.

Quando me dei conta, já estávamos em casa. Minha avó se despedira de mim, e agora eles estavam definitivamente saindo.

Subo correndo as escadas. Chego em meu quarto e jogo a mochila em um canto.

Entro no banheiro e lá me tranco. Deixo a torneira da banheira vazando água enquanto eu retirava a roupa do uniforme, ficando apenas com as partes de baixo.

A banheira se encheu e eu fechei sua torneira. Entrei, de roupa íntima mesmo.

Me sentei dentro dela. Eu já podia sentir meu coração disparado, a boca balbuciando frases incompletas e o peito cheio de angústia. Eu tentava respirar fundo mas de nada isso adiantava. Eu sentia como se tivesse acabado de correr dez quilômetros.

De novo não.

Rapidamente e no desespero, comecei a falar frases que, desta vez, faziam sentido.

- Mamãe, por que eu me sinto triste? - começo, apoiando os joelhos no peito. - Devo entregá-lo a ela ou me sentir tão mal?

Repeti essas frases várias e várias vezes. Até lembrar de algo que meu pai me dissera quando eu era pequena e estava sofrendo bullying na escola.

- Papai me disse para ir direto para a garganta...

Eu tentava ao máximo apagar aquela cena da minha cabeça.

Love mal tinha chegado na escola, era definitivamente seu primeiro dia.

O que será de mim mais para frente? E pior, ela vai realmente se formar conosco no final do ano? Vou sentir essa angústia todos os dias, pelo resto do ano letivo?

Bom, essas eram apenas algumas das dúvidas que corriam pela minha mente. E eu definitivamente não tinha resposta para nenhuma delas.

Na cozinha e com o celular na mão, eu preparava bananas com aveia somadas à iogurte de morango. Uma ideia cintilou em minha cabeça.

"Reiki" ², pesquiso no YouTube.

Com a tigela na mão esquerda e o celular na direita, vou para a sala. Coloco o recipiente no braço do sofá e ligo a primeira sugestão do YouTube.

Começo a ouvir. Cruzo as pernas e fecho os olhos.

O som da água me conduzia para longe daqueles pensamentos ridículos. Para longe destes sentimentos fúteis e superficiais. Eu respirei fundo uma vez, duas vezes, três vezes... Enquanto sentia minha alma passando por um processo árduo de limpeza. Aquilo transformava.

Quando a música acaba, meu celular vibra, indicando uma nova notificação. Aperto no botão lateral para acender a tela e vejo que é uma mensagem de Tom.

𝐓𝐇𝐑𝐎𝐔𝐆𝐇 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐎𝐎𝐍 - BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora