ෆ┊Te amar é letal

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Acordo com o barulho do cortador de grama do vizinho. É sábado de manhã, e não consigo voltar a dormir. Estou deitada na cama olhando as paredes, com todas as fotos, posters e outras coisas que guardei ao longo dos anos.

Quero mudar um pouco o visual das coisas. Estou pensando em pintar o quarto. A única questão é: que cor usar? Rosa pastel? Algodão-doce? Lilás? Alguma coisa mais ousada, como azul bebê? E se eu pintasse só uma parede? Uma algodão-doce e outra rosa salmão. É muita coisa para pensar.

Aos sábados, costumamos ter alguma coisa gostosa no café da manhã, como panquecas ou ovos cozidos com bacon, bem coisa de americano. É como um lembrete de minha mãe a mim. Um "Parabéns! Você sobreviveu a mais uma semana! ", nas palavras dela. Mas, como as coisas não estão muito boas, como apenas cereal.

De repente, percebo que minha mãe não está em casa. Me pergunto com que forças ela conseguiu sair da cama. Aliás, aonde ela foi?

Pego um suco de caixinha na geladeira e vou até a sala de estar, sem me importar com o fato de não ter tirado meu pijama.

Ligo a televisão e me sento no sofá. Surfo por alguns canais, até achar um filme que eu nunca havia visto.

Não dou muita importância para ele por enquanto, fico apenas observando o céu limpinho pela janela.

Até, pelo canto dos olhos, reparar em uma cena que me chama bastante atenção. No filme, um cara loiro tenta enforcar, pelo o que eu entendi, sua namorada, usando o casaco dela.

No mesmo momento, sou teletransportada para meus doze anos.




Estávamos na educação física, no início de 2020, sentados nos degraus da quadra. A pandemia não havia estourado ainda, então todos estavam tranquilos. Os gêmeos não foram à escola naquele dia.

Minha colega de classe, Lizzy, estava completamente apaixonada por um garoto do nono ano. Recordo-me de seu nome, Ryan.

- Mel, vamos dar uma passada na frente da sala do nono? - perguntou Lizzy.

Pablo estava sentado na minha frente, no degrau de baixo. Ele me fuzilou com o olhar e eu senti um aperto no coração.

- Vamos! - falei, na intenção de vê-lo furioso.

As meninas se levantaram e eu tentei segui-las, o que não deu certo, já que o garoto começou a apertar meu tornozelo.

- Ele está com ciúmes da Mel! - zombou Eleonor, batendo palmas.

Tentei me levantar novamente e Pablo apertou meu tornozelo com mais força. As garotas já estavam seguindo até a sala do último ano do fundamental.

-Pablo, solta. - falei - é só brincadeira.

Nunca mais vou esquecer do ódio que estava presente nos olhos daquele garoto. Ele começou a apertar meu tornozelo com tanta força, começou a doer tanto, que meu coração disparou.

- Pablo - eu disse, me esforçando ao máximo para esconder minha voz de lástima. - solta.

O professor André se aproximou de nós. Até que enfim, o menino me soltou. André o olhou como se tivesse visto algo, o que acendeu uma faísca de esperança em minha alma, que foi rapidamente destruída quando lembrei que aquele professor defendia seus alunos homens até pelas atitudes mais machistas possíveis.

Quando tentei correr para perto das meninas, meu rosto foi coberto por um tecido grosso. Um casaco vermelho e preto.

As mangas foram entrelaçadas ao redor de meu pescoço, apertando muito.

𝐓𝐇𝐑𝐎𝐔𝐆𝐇 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐎𝐎𝐍 - BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora