ෆ┊Uma proposta inegável

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O dia está agradável; são quase seis da tarde e ainda estou de pijama. Minha mãe tirou o dia de folga, e sempre que isso acontece, comemos comida japonesa.

- Como vão as coisas com os gêmeos? - ela pergunta, um pouco antes de colocar seu udon na boca.

Fico aliviada de ela falar "os gêmeos" ao invés "o Bill". Mastigo meu macarrão e respondo:

- Muito boas. Bill disse que vai me passar alguns detalhes sobre a minha apresentação no Central Works hoje.

Lorelai ergue uma sobrancelha.

- Apresentação? Que apresentação?

Acho que acabei de me esquecendo de contar a minha mãe sobre a apresentação. Mas mesmo assim, achei que ela tivesse dado um jeito de descobrir, com seus múltiplos contatos e habilidades de um agente do FBI.

- Vou me apresentar nessa casa de shows. Não sei exatamente o dia, só sei que vou. - explico.

Minha mãe assente.

Ouço o meu toque de celular, Tom cantando What Is Love, do Haddaway, um meme antigo nosso que eu quis eternizar.

Olho para minha mãe como quem pede permissão para algo. Ela faz que sim com a cabeça.

Vou até a sala de estar e pego meu celular, que está do lado de meu videogame. É Bill.

- Boa tarde, fake - ele diz, assim que atendo.

Solto uma risada. Eu e ele temos uma brincadeira recente de chamar um ao outro de fake. Às vezes, nem eu mesma entendo nossos neurônios.

- Notícias? - pergunto.

- Sim, muitas. - meu amigo fala. - Sua apresentação é hoje, às oito. O Tom, Gustav e Georg vão tocar com você no palco. Depois que sairmos da Central Works, vamos à festa do Kira.

Minha cabeça demora para processar tantas informações. Olho no relógio digital do aparelho da tevê. São seis e meia.

- Quem é Kira? - pergunto.

- Um cara do terceiro ano. Todo mundo da nossa sala vai.

Solto uma risada que me faz parecer uma psicopata.

- Ha-ha, até parece que eu vou em uma festa de um cara que eu nem conheço! Ah, por favor, Billy! Além do mais, nessas festas de adolescente só rola bebida, drogas e só Deus sabe o que mais! Nunca que eu vou em um lugar desses.

Imagino ele revirando os olhos do outro lado da linha.

- Ah, Mel! Se você não for, eu também não vou. - fala.

- Virei sua mãe e não estou sabendo? Bill, você não nasceu grudado comigo! Se quiser ir, vai, oras. - rebato.

Ficamos nessa discussão de vou ou não vou durante uns cinco minutos, até que minha mãe surge e toma o celular de minhas mãos.

- Ela vai sim, Bill! Que horas vocês voltam?

Meu amigo fica em silêncio do outro lado da linha.

― Meia-noite. ― diz, de repente.

Minha mãe fica pensativa.

― Certinho! A Mel vai sim. Tchau, Bill!

Lorelai desliga a chamada e se vira para mim, torcendo a boca. Fuzilo ela com meu olhar.

― Por que você fez isso?

Ela revira os olhos.

― Filha, você têm quinze anos e não sai de casa! Fica o dia inteiro enfurnada naquele quarto, agarrada nesse celular ou pendurada no violão! Isso não é coisa de adolescente normal!

𝐓𝐇𝐑𝐎𝐔𝐆𝐇 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐎𝐎𝐍 - BILL KAULITZOnde histórias criam vida. Descubra agora