V

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Enid fica em seu quarto pelos próximos dias. Yoko e Divina trazem comida para ela, ambas com perguntas sobre o que aconteceu que Enid se recusa a responder. Ela não quer falar sobre isso e também não quer falar com Wednesday. Não que Wednesday tenha tentado novamente depois daquela primeira tentativa. Talvez ela tenha pensado que funcionou, seu pedido de desculpas retrógrado. Talvez ela pensasse que prender Enid e recitar as muitas maneiras pelas quais ela poderia matar Enid era um pedido de desculpas bom o suficiente para consertar o que ela havia feito, mas não era. Não por um tiro longo.

Então Enid fica em seu quarto, enquanto os pratos se acumulam em sua mesa de cabeceira. Às vezes, Divina se junta a ela, espalhando-se em sua cama e perguntando-a sobre videogames e como baixar música ilegalmente. Enid a deixa entrar mais do que ninguém, já que a companhia de Divina é sempre a mais legal. Ela é leve e engraçada e Enid honestamente não sabe como Divina consegue.

Yoko se junta a ela uma vez, depois de trazer o jantar para ela uma noite. Ela opta por se sentar no banco ao lado da janela, iluminado pelo luar. Enid ama Yoko, ela ama. Ela é um pouco desconcertante, no entanto. Yoko parece ter dezoito anos, no máximo, com seus olhos azuis brilhantes e bochechas com covinhas, mas há algo na maneira como ela fala e esse olhar que ela tem, ocasionalmente, que diz a você que há algo infinitamente mais velho nela.

E por desconcertante, Enid quer dizer assustador. É meio assustador.

— Ainda não está falando sobre isso? — Yoko pergunta. Ela cruza as mãos ordenadamente no colo, observando com expectativa Enid enquanto ela enfia a comida na boca. — Ou você simplesmente não está falando comigo  sobre  isso?

Enid engole. — Ambos. — ela responde. — Eu não quero falar sobre isso, e não vou falar com você sobre isso.

Yoko suspira para ela.— Enid. — Diz ela. — Eu sei que você está chateada, mas...

— Você ao menos sabe o que aconteceu? — Enid exige. — Não, você não sabe. Então não 'mas'. — Ela odeia ficar curta com Yoko, ela odeia, mas às vezes não pode ser evitado.

— Eu conheço a essência — Diz  Yoko. — Algo a ver com Wednesday e Bianca, já que ambas andam por aqui com o rabo enfiado entre as pernas, parecendo culpadas como qualquer coisa. O que é bastante impressionante, na verdade, porque eu conheço Bianca há muito, muito tempo, e é preciso muito para fazê-la se sentir culpada.

— Ela não se sente culpada pelo que fez. — Enid resmunga.— Ela só se sente culpada porque Wednesday provavelmente não está falando com ela por causa disso.

Yoko franze a testa. — Você provavelmente está certa.

— Eu a odeio. — Diz  Enid com força, deixando cair o garfo em seu prato. — Tudo estava melhor antes de ela chegar aqui.

Yoko fica com uma expressão tensa no rosto. — Ela estava aqui primeiro. — Aponta. — Eu sei que ela é difícil, Enid. Confie em mim, ninguém no mundo sabe o quão difícil Bianca é melhor do que eu. Mas ela não é tão ruim, por baixo de tudo. Ela é selvagem, sim. Ela é um pouco desequilibrada. Mas ela é tem um bom coração, por baixo disso. Muito por baixo.

— Bom para ela. Eu não me importo. Eu não a perdôo, e também não perdôo Wednesday.

— O que elas  fizeram ? — Yoko estala. — Apenas me diga o que elas fizeram porque não posso impedir que aconteça novamente se eu não souber.

Enid morde o lábio inferior. Ela não quer responder, mas sempre há algo em Yoko que exige respostas, da maneira mais suave e sutil. Não há nada abertamente intimidador sobre Yoko, na superfície, mas Enid não se sente muito inclinada a ignorar a pergunta novamente.

Lover Dearest | Versão Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora