VII

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O trovão soa pela casa. Relâmpagos piscam entre as frestas das janelas. As paredes da velha casa parecem ranger e gemer sob os respingos das fortes chuvas e os fortes ventos que as pressionam. As luzes em cada quarto piscam e estalam, apagando-se por momentos a fio.

Enid está meio apavorada, mas isso não tem nada a ver com a tempestade que está se formando lá fora.

— Vamos. — Bianca sussurra. — Este é o momento perfeito para ir. Todo mundo está dormindo, e ninguém vai nos ouvir saindo durante a tempestade.

Enid esfrega os olhos embaçados. Ela acabou de acordar, e tudo a está confundindo. — O que?

Bianca joga roupas nela. É um grande contraste de quando Wednesday a acordou gentilmente para sair, a maneira como Bianca a sacudiu rudemente e a puxou para fora da cama, e agora ela está jogando coisas em Enid em vez de deixar ela escolher algo sozinha.

E, reconhecidamente, ela não achava que elas iriam realmente continuar com isso. Ela imaginou que Bianca mudaria de ideia, ou alguém as descobriria e as impediria. Faz uma semana que Bianca prometeu levá-la para sair, e Enid meio que se esqueceu disso. Agora, ela está um pouco assustada com a ideia, sem falar na tempestade. Seu terror é pontuado por outro trovão, preocupantemente alto.

— Não acho que seja uma boa ideia.

— É uma  ótima  ideia. — Argumenta Bianca. — Agora vista-se. Apresse-se.

Enid relutantemente veste o jeans e o suéter que Bianca literalmente jogou, e então a arrasta para fora de seu quarto, puxando-a enquanto ela desce as escadas tropeçando. Ficam encharcadas assim que abrem uma das pesadas portas da frente. O vento luta contra elas, ameaçando abrir as portas, quase batendo contra a parede antes de Bianca pegá-lo e fechá-lo atrás delas.

Há uma garagem não muito longe da porta, uma com entrada separada para a casa. Elas correm em direção enquanto a chuva continua a cair ao lado delas e raios caem ao longe, iluminando todo o céu por apenas um momento.

Há quatro carros diferentes na garagem. Há um jeep ​​enorme e robusto, uma elegante Ferrari preta, um carro de bombeiros conversível vermelho e o carro branco em que Wednesday a levou. — Dê-me um momento para abastecer. — Diz Bianca, indo direto para o carro vermelho. Enid não está surpresa que seja o que pertence a ela. Nem um pouco.

— Ainda acho que é uma má ideia. — Diz, enquanto Bianca levanta a capa bege do conversível. — Realmente uma má ideia. Está chovendo. Esse é o universo reforçando que esta é  uma má ideia.

— Ah, acalme-se. Vai ficar tudo bem. Entre.

Enid entra, contra seu melhor julgamento. Bianca abaixa o visor, tenta arrumar o cabelo ensopado, enfia a chave na ignição e aperta um botão para abrir a porta da garagem.

Antes que Enid mude de ideia ou pule do carro como a parte lógica de seu cérebro está implorando para ela fazer, elas estão se afastando da casa, acelerando pela entrada da garagem e passando pelos portões abertos como chuva tamborila contra o para-brisa, obscurecendo sua visão.

Bianca solta a respiração. — Fiquei preocupada por um momento lá. — Ela admite. — Se Wednesday tivesse acordado, ela teria me rasgado membro por membro.

— O que ela vai fazer quando voltarmos?

Bianca dá de ombros. — Acho que ela vai ficar grata se eu trouxer você de volta inteira.— Diz ela, enquanto as árvores borram de ambos os lados, surgindo em ambos os lados da estrada longa e sinuosa. — E se você não estiver inteira quando isso acabar, vou alugar uma cabana no Canadá e rezar para que ela nunca me encontre.

Lover Dearest | Versão Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora