VI

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Enid acorda, emburrada, sendo carregada pela escada dos fundos. As mãos de Wednesday estão na parte de trás de suas coxas, seus braços estão soltos em volta do pescoço dela, e ela se concentra em manter os olhos fechados e a respiração estável. Ela não quer que Wednesday saiba que está acordada, não quer ser jogada no chão e esperar que ela mesma suba as escadas. Ela está muito cansada para isso, e está gostando muito de estar perto de Wednesday.

Elas chegam ao segundo andar e Enid quase suspira com a rapidez com que isso vai acabar. Seu quarto não é longe, levaria apenas alguns segundos para chegar. Mas Wednesday está ignorando seu andar, indo até o sótão. Ela abre a porta sem escorregar de seu aperto em Enid, e então ela está dizendo baixinho: — Eu sei que você está acordada, querida.

Enid tosse sem jeito. — Oi?

Wednesday se inclina, puxando o edredom e o lençol de cima antes de colocar Enid suavemente no colchão. — Você pode voltar a dormir. — Diz ela.

— Ok. — Enid boceja. Ela luta para levantar a camisa, porque está cansada, mas o quarto de Wednesday é sempre mais quente que o dela. Wednesday a ajuda, puxando o material. E quando Enid abre seu jeans e se contorce, Wednesday hesita apenas um momento antes de tirá-lo também, jogando-o para o outro lado da sala, na direção do cesto de roupa suja. Quando ela termina, ela vai embora, e Enid estende a mão, agarrando um punhado de sua camisa. — Dorme comigo?

Ela não consegue manter os olhos abertos, então não consegue ver a resposta dela a isso. Wednesday sai de seu aperto, e Enid toma isso como um não, mas então ela está indo para o outro lado da cama, movendo-se para o espaço pessoal de Enid, encaixando-se perfeitamente ao seu lado.

Enid pode sentir a respiração de Wednesday em seus lábios, e ela entoa aquele  beijo  de novo. E desta vez... desta vez Wednesday faz. É gentil, suave e Enid está muito cansada para realmente aproveitar porque ela está dormindo antes que possa beijar Wednesday de volta.

(...)

— Adorável. — Murmura alguém.

Enid se levanta, agarrando os cobertores. Um braço está prendendo-a, de alguma forma impossivelmente pesado, não importa o quão fino seja. E Bianca sobe facilmente pela beirada da cama, ficando bem entre as pernas de Enid e Wednesday. A menor ainda está parcialmente adormecida, olhos fechados, sua língua se arrastando sobre seus lábios.

— Estou...— Bianca empurra o braço de Wednesday, apertando-se no espaço minúsculo entre elas. — Interrompendo alguma coisa?

Leva um minuto para Enid perceber por que ela está na cama de Wednesday, não na dela. Leva um minuto para lembrar tudo o que aconteceu hoje — ontem? Ela não tem certeza. As luzes piscando, a música, o gosto de frituras demais e o chão macio sob seus pés, o zumbido dos brinquedos, a multidão de pessoas. Quando o fizer, ela quer matar Bianca por arruiná-lo, por se colocar entre elas neste momento suave e pacífico e arruiná-lo.

— Vou arrancar sua garganta. — Murmura Wednesday. — Saia da minha cama.

— Por que? — Bianca pergunta. — A companhia de duas, três por noite você nunca vai esquecer.

Wednesday se senta, dentes alongados, olhos negros.— Bianca. — Ela avisa.

— Acalme-se, Edward Cullen.— Bianca diz.

Wednesday franze a testa. — Quem é Edward Cullen?

— Ela estava assustadoramente apaixonado por uma humana também. —  Brinca Bianca. — Viu ela dormir e tudo mais. Soa familiar?

Enid instantaneamente tira conclusões precipitadas, assume que talvez Wednesday esteja saindo com outra pessoa. Como Enid saberia? Só porque ela está presa em casa o tempo todo, não significa que Wednesday esteja. Talvez ela tenha uma namorada ou algo assim. Uma namorada humana, a julgar pelas palavras de Bianca. Mas então Bianca olha incisivamente para Enid e percebe o que Bianca quer dizer. Oh.

Lover Dearest | Versão Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora