capítulo sete.

59 10 11
                                    

10 Am
Hogwarts.

Eu estava a caminho da cozinha, eu e Sprout estávamos carregando as caixas com alimentos para o trem.
Bem, sendo sincera, mas ela do que eu, a caixa era consideravelmente pesada, então ela ia, e quando estava voltando me encontrava na metade do caminho e terminava de carregar por mim.

- muito obrigada, querida.
Não sei como você aguenta!

Falei com um sorriso tímido para a senhora com seus belos cachos amassados, provavelmente eles foram esmagados enquanto ela dormia.

Sprout - Eu carrego muitos sacos de areia para a estufa, querendo ou não facilita para carregar qualquer outra coisa

Ela me deu um sorriso gentil enquanto tomava a outra caixa.

Sprout - porque não me deixa terminar de carregar tudo e vai recolher as autorizações ? São muitos alunos, Minerva deve precisar de ajuda

Ela deu uma piscadinha pra mim, e voltou a trilhar seu caminho.
E eu fiz o que ela sugeriu.
Eu estava indo a caminho da sala de McGonagall, ela instruiu todos os alunos a irem entregar lá.
Quando eu estava me aproximando da sala, eu reparei um garoto de cabelos castanhos encostado na parede do corredor, ele estava de cabeça baixa, com um papel em uma mão, e os óculos na outra.

Eu me aproximei um pouco tímida do mesmo, e reparei então que o rosto dele estava vermelho.
Ele levantou a cabeça quando percebeu minha proximidade e fixou os olhos nos meus, foi então que notei que era ele, Harry Potter.
Ele parecia cabisbaixo.

Harry - professora..

Selina - Harry, você está bem ?

Ele concordou com a cabeça, mas eu sabia que era mentira, estava nítido que ele estava chateado.

Harry - está sim eu.. apenas.. bem, eu gostaria muito de ir a sua excursão, mas não tenho ninguém para assinar minha autorização.

Ele baixou o olhar novamente, parecia estar segurando o choro.
Isso me deixou com o coração dilacerado.
Ouvi pelo menos cem vezes a história sobre o menino que sobreviveu, todos se questionam sobre como diabos ele sobreviveu a um ataque direto de Voldemort, o homem mas temido no mundo bruxo, perguntam como ele conseguiu escapar da morte e sair apenas com uma cicatriz na testa.
Mas ninguém parece questionar como e a vida do famoso garoto que sobreviveu, e como ele está agora, a resposta, pelo menos na minha percepção, e fragilizado.

- Potter...

Também baixei minha cabeça, eu gostaria que ele fosse, mas como isso seria possível sem a autorização ?
Mas, e se..

- Potter!

Ele olhou pra mim, parecendo notar a mudança repentina no meu tom de voz.

[...]

Os alunos estão adentrando no trem.
Boa parte dos alunos não tiveram permissão dos pais para ir, então a quantidade que estamos levando é menor do que eu achei qua levaria, mas ainda sim tem pessoas o suficiente para lotar o trem.

Minerva foi no primeiro vagão, sprout no segundo, eu estou no terceiro e Severo está no quarto.
O lugar onde cada um iria foi estrategicamente montado por Minerva.
Segundo ela, os alunos "desordeiros" tem preferência em ir no fundo, então ela instruiu que Severo deveria ir lá para amedronta-los.

Quando Minerva disse a Severo que a missão dele era garantir que os alunos se comportassem ele fez uma piada dizendo que quem causasse desordem seria arremessado do trem em movimento pela janela.
Bem, pelo menos eu acho que foi piada.

O trem já havia partido a cerca de vinte minutos, e creio eu que a viagem vá levar uma hora.
Eu estava em pé na porta do terceiro vagão papeando com Sprout, quando minerva para ao nosso lado com sua prancheta nos observando.

Minerva - o assunto deve estar bom para você estar de pé a tanto tempo sem reclamar da coluna!

Minerva brinca com Sprout que da uma risada seca.
Quando percebemos, estamos as três conversando distraidamente, fazendo tudo menos oque tínhamos realmente de fazer.
Olhar os alunos.
Minerva está nos contando sobre ter certeza da troca de olhares entre ela e o diretor do Instituto Durmstrang no verão passado, quando eles vieram para o torneio, quando escutamos um baque vindo do primeiro vagão.
Foi então que nós três notamos que estávamos negligenciando nossas tarefas para, fofocar.

Minerva - querida, termine de fazer a contagem por mim, sim ?
Vou garantir que não tem ninguém incendiando nada.

Ela entregou-me a prancheta e correu de volta para o vagão, eu e Sprout ouvimos de longe o corretivo que ela estava aplicando.       
Sprout deu risada ao ouvir McGonagall chamar os alunos de babuínos, oque involuntariamente também me fez rir.

[...]

Acabei de fazer a contagem do meu vagão, ignorei totalmente a presença de Harry Potter que estava sentando na última cabine junto de Hermione e um garoto Ruivo.
Eu havia feito algo errado, mas não me importei, uma suspensão ou uma bronca de Dumbledore não iam me afetar tanto quanto afetaria o Potter crescer sem nunca ter ido a uma excursão com os amigos por questões familiares, mas afinal, talvez ele nem descubra.
Talvez ele não descubra que, eu falsifiquei a assinatura de Petúnia Dursley.
Harry me assegurou que ninguém tinha como saber, afinal, ninguém iria tão longe apenas para garantir que ela realmente havia assinado.

Estava prestes a adentrar no quarto vagão.
O vagão de Snape.
Todos os alunos riam e conversavam descontraidamente nós outros vagões, Mas no vagão do Snape um silêncio torturante se fazia presente, ele era realmente tão amedrontador a ponto de os alunos se quer falarem na presença dele ?

Ele estava encostado na parede ao fundo do vagão, seus braços estavam cruzados e os olhos dele estavam fixos nas janelas, mas quando eu adentrei os olhos dele se fixaram em mim, ele levantou uma sobrancelha como se estivesse questionando o porquê de eu estar ali, então apenas apontei para a prancheta na minha mão e balbuciei a palavra "Contagem" em voz baixa.
Em seguida comecei a fazer a chamada, eu passava de cabine em cabine, e perguntava o nome de todos para marcar a presença.

[...]

Quando sai da última cabine, dei de cara com Severo.
Eu ao contrário dele estava sorridente, dois gêmeos não pararam de fazer piadas enquanto eu fazia a chamada, o que me fez rir incansavelmente e gastar mas tempo com eles do que em qualquer outra cabine, confesso que acabei ficando muito entretida com eles, então quando finalmente fui sair da cabine eu ainda estava rindo da comparação que eles fizeram entre Snape e um morcego.

Quando fixei os meus olhos nele, ele apenas me deu um olhar vazio e inexpressivo, desejei ainda mas saber o que se esconde por trás desses olhos.

Severo - eles parecem gostar de você.

Ele se referiu aos alunos, o que fez o meu sorriso triplicar de tamanho, se é que isso e possível.

Selina - Acho que eles se sentem a vontade comigo

O olhar dele que antes parecia tão vazio agora estava terno, como se de alguma forma ele estivesse dizendo através do contato visual que me achava uma boa professora.

Severo - Isso, parece bom.

Refleti por alguns segundos, e notei que, talvez, só talvez, tenha uma pitada de inveja no seu tom de voz.
Severo era o professor mais temido de Hogwarts, não que eu tenha o costume de ouvir a conversa dos outros, mas já ouvi muitos alunos dizendo que preferem enfrentar um basilisco a ter uma detenção com Severo, e, ele provavelmente tem ciencia disso.
Talvez ele não quisesse ser tão temido.
Talvez ele só quisesse rir de piadas bobas com seus alunos.
Por simplesmente não saber o que dizer agora, e o silêncio ensurdecedor estar se fazendo presente eu achei melhor me retirar, com certeza ficaria um clima esquisito se eu comentasse sobre, então eu sorrio, aceno levemente com a cabeça, e sigo de volta para o terceiro vagão.

Surrender.Onde histórias criam vida. Descubra agora