Surrender.

Capítulo um.

Observo a chuva caindo pela janela do trem, era uma chuva raza, pingos eu diria, mas deixava o ar ainda mais frio.
Está escuro lá fora, mas o céu se ilumina com os raios seguidos de trovoadas tão fortes que tremiam as frágeis janelas de vidro do trem.

Amanhã seria o meu primeiro dia como professora de trato de criaturas mágicas em Hogwarts, recebi três convites de escolas diferentes assim que me formei, o que certamente enalteceu minha autoconfiança.

Eu aceitei de imediato dar aula em Hogwarts, eu ouvi tanto falar dessa escola e da floresta "proibida" que tinha lá, se tem algo que pessoas obcecadas por criaturas mágicas sabem e onde encontrar criaturas peculiares, sinceramente não sei dizer se estava mais empolgada para começar a trabalhar ou para estudar os animais contidos lá.

Era a primeira vez que eu iria fazer isso, dar aula.
Eu estou acostumada a ser a aluna ambi-Vertida que se senta perto da parede e conversa com toda a sala, a aluna pra quem os professores imploravam por cinco minutos de silêncio, mas, agora seria a minha vez de implorar por silêncio, isso parecia desafiador.

Eu passei a semana inteira ansiosa para chegar em Hogwarts e começar a dar aula, até planejei por horas em frente ao espelho como começaria a aula, mas, agora que estou a caminho sinto-me um pouco amedrontada.
E se meus colegas de trabalho não gostarem de mim ?
Na faculdade fomos alertados sobre os professores que se sentiam superiores aos professores novatos, eu odiaria que qualquer pessoa duvidasse da minha capacidade apenas por eu ser nova na escola.
E pior, e se os meus alunos não gostarem de mim ?
Como formada a pouco tempo eu sei o quanto e importante manter uma boa relação com os professores, mas também sei que os alunos podem ser impossíveis, por Merlin, eu era impossível.
Péssimo momento para acreditar em Karma.
Sou tirada dos meus devaneios, ou melhor, das minhas paranóias, quando um senhor com um chapéu engraçado bate na porta da minha cabine.

- Com licença, essa e nossa última parada antes de retornar para a plataforma, deseja despachar alguma bagagem ?

Ele pergunta com uma expressão cansada e um sorriso amarelo, ele carregava um carrinho enorme com algumas malas dentro.
Eu entrego todas as minhas bagagens para ele, e entrego dez dólares pro mesmo, que faz uma expressão confusa, mas segue em frente.
Coloco minha pequena bolsa preta no ombro e vou caminhando para fora do trem, eu estava com um frio imenso na barriga, eu estava tão ansiosa que podia jurar que minhas pernas iriam falhar a qualquer momento.

Assim que eu desço do trem, eu fico simplesmente maravilhada com o grande castelo a minha frente.
Era uma vista de tirar o fôlego.
Tinha árvores imensas ao fundo do castelo, eu com certeza iria perder boas horas do meu dia procurando tronquilhos por lá.

Sou tirada dos meus pensamentos quando vejo cinco pessoas, todas me encarando, todos eles parecem estar com enormes pontos de interrogação flutuando pela cabeça.

Dumbledore : podemos ajudar ?

McGonagall : Talvez você esteja perdida ?

Flitwick : Hora, com certeza deve ser uma aluna transferida, mas a essa hora ?

Sinto um leve constrangimento começando a se acumular no meu estômago e descer pelas minhas pernas, pesando nos joelhos.

- Me chamo Selina Peverell, Sou a nova professora.

Digo com um nível notável de timidez na voz.
Todos parecem surpresos, e eu não consigo entender, por que eles estavam me encarando dessa forma ?
Um senhor parecendo um maracujá de tão velho me encarava por cima dos óculos, ele parecia encantado, o sorriso ladino em seus lábios era notável.
As duas mulheres também me fitavam com admiração e curiosidade no olhar, o pequeno senhor que sugeriu que eu fosse uma aluna parecia surpreso, sua boca um pouco aberta como se estivesse sem palavras, e por fim, eu fixo meus olhos na grande figura vestida de preto dos pés a cabeça que também me encarava, sua expressão estava neutra e os olhos dele estavam fixos em mim, como todos os outros, mas tinha algo nos olhos dele que eu não conseguia decifrar.

Dumbledore : Selina ? A professora de tratos de criaturas mágicas com quem me comuniquei por carta ?

Eu dei um sorriso tímido confirmando com a cabeça.
Eu estava nitidamente nervosa, devo estar passando uma péssima primeira impressão.

McGonagall : Ah querida, aproxime-se!
Estávamos a sua espera, viemos todos dar as boas vindas!
Veja bem, eu sou Minerva, esse e Flitwick, aquela e Pamona Sprout, O Dumbledore você já conhece, e aquele e Severo Snape.

Ela tinha um sorriso amigável que me fez sentir acolhida e por incrível que pareça, aquecida, o frio na barriga já não se fazia tão presente.

Sprout - Perdoe minha curiosidade, mas quantos anos você tem, meu bem ?

Selina : Vinte e três!

Digo com um leve sorriso olhando para a senhora de cabelos grisalhos, ela tinha belos cachos.

O pequeno homem tossiu com humor antes de se virar para Severo e dizer :

Flitwick - ha, perdeu o cargo de professor mais novo Severo!

Todos pareceram achar graça, mas o grande homem que até agora tinha sido o único a não dizer uma palavras apenas o encarou com desdém.

Dumbledore - venha, vamos entrando, vamos te apresentar tudo e te mostrar seus aposentos.

Eu coloquei um sorriso confiante no rosto e me juntei a eles, McGonagall me deu um abraço quando me aproximei, estou gostando cada vez mais dela.