É 1988....

356 69 71
                                    


Parei na porta da sala de aula, observando os outros adolescentes conversarem. Alguns sentados em cima das carteiras e outros juntos em grupos de conversas.

É 1988...

Olhei para a data riscada à giz no quadro negro.
Dia 15 de fevereiro?

— Bom dia à todos! — O professor fala, entrando na sala. Todos vão para os seus lugares.

— Bom dia! — Respondem em uníssono. O professor sorri e depois fica sério, olhando diretamente para mim.

— O que foi, Wednesday? Sente-se. — Ele fala e eu saio do meu transe.

— A-ah, certo!... — Assenti, fechando a porta atrás de mim.

Aonde eu sento?...

Vasculho o olhar pela sala, e encontro uma cadeira vazia, me aproximando e colocando as minhas coisas em cima da mesa.

— Ainda está dormindo, Wednesday? Esse é o lugar da Enid.... — O garoto ao meu lado diz.

— Ah... — Retiro as minhas coisas, procurando outro lugar vazio. Ouço algumas risadinhas. Adolescentes.... Que humilhação.

— Segunda feira.... Enid está atrasada de novo... — O professor fala.

Vou andando de ré até achar outro lugar vazio, me acomodando lá.

— Ei Wednesday, está apaixonada pela Enid? — A garota ao meu lado insinua. Apenas me sento, sem dar muita importância.

— Dariam um bom casal, são duas esquisitas.

— Vou fazer a chamada! — O professor avisa. Levanto a cabeça, varrendo a sala com o olhar.

Isso é real?...
Por que vim parar aqui?

O som repetitivo das pessoas respondendo a chamada ecoa pela a minha cabeça. Tapo os ouvidos, apenas esperando o tempo passar.

O que significa isso? Voltei treze anos...

Escuto o sinal finalmente tocar e todos saem da sala. Exceto eu e um garoto ao meu lado, que não fiz questão de identificar. Os barulhos do lado de fora ecoam pela a minha cabeça, enquanto me sinto completamente perdida.

Me levanto da mesa, puxando a minha mochila.

— Wednesday? O que foi? — O garoto ao meu lado pergunta, eu abro a boca, pensando em uma desculpa.

— Eu... Estou com dor de cabeça. Vou para a enfermaria. — Digo virando de costas. Ele me encara.

— Com a sua mochila? — Ele pergunta e eu olho para a minha mochila, depois para ele novamente, nervosa. Abro a boca, mas nada sai.

— Uhm, tanto faz... — Murmura e eu suspiro. — Vou avisar o professor.

Saio da sala apressadamente, descendo as escadas vazias da escola.

O que está acontecendo? Isso é uma revivência? Por que aconteceu assim?
Não estou entendendo.

Olho para a minha mão e arregalo os olhos, correndo para fora da escola, minha respiração estava ofegante. Desço as escadas da entrada, tropeçando nos meus próprios pés enquanto corro desajeitadamente.

— Mãe!... — Falo ofegante, correndo para o portão da escola. Enquanto caem flocos de neve no chão. O tempo parece que passa em câmera lenta por alguns segundos quando eu sinto um arrepio tomar conta do meu corpo. Sinto uma presença familiar. Isso tirou totalmente a minha atenção. É como se eu sentisse.... Um cheiro familiar.

Chains • Wenclair [!HIATUS!]Onde histórias criam vida. Descubra agora