2| Em caso de dúvida, coma um papel

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João e eu estávamos no meu quarto, enquanto eu implorava ao meu melhor amigo que me ajudasse a recuperar meu celular. Já estava considerando implorar de joelhos, mas eu não poderia dar esse gostinho à ele.

- Eu já disse que não vou ajudá-la, Kira.

- Eu achei que você fosse meu amigo. - Faço uma carinha de cachorro sem dono afim de amolecer o coração do meu amigo. - Não vai demorar nada.

Percebendo que estava caindo na minha jogada de mestre, meu amigo vira o rosto, evitando manter contato visual comigo, afinal, era difícil resistir à minha carinha de gato das botas.

- E se a sua mãe descobrir?

- Ela vai descobrir se formos pegos, mas isso nunca vai acontecer. - Dou ênfase no se.

Meu parceiro de crime solta um longo suspiro e coça a cabeça, exibindo uma face cansada.

- Tudo bem. Tudo bem. - Começa. - Se formos pegos, eu mato você.

- Regra número um, João: Nunca ser pego.

O plano para recuperar meu celular era bem simples. João manteria minha mãe ocupada enquanto eu tentava subornar meu pai com um bilhete para o show de uma banda que ele gostava bastante, mais simples que isso só na China.

Pronta para colocar o plano em ação, vou até a sala e me sento no sofá, ao lado de meu pai que via jogo de futebol na TV.

- Pai? - Sussurro. - Eu preciso da sua ajuda.

- Com o quê? - Sussurra de volta.

- O meu celular.

- Nem pense nisso. Você ainda está de castigo.

- O meu castigo termina daqui a uma semana. - Imploro, mas meu progenitor simplesmente balança a cabeça negando. - Nem se eu prometer oferecer ao senhor um bilhete para o show dos Lions?

Papai lança um olhar surpreso em minha direção e sorrio triunfante.

- O quê? - Seus olhos brilham em minha direção. - Você está brincando, não está?

- Eu nunca brincaria com uma coisa dessas, pai.

- Como é que você conseguiu um bilhete para o show? Os ingressos estão esgotados.

Mas que porcaria!

Onde está o João quando eu preciso do seu cérebro genial para inventar uma desculpa convincente?

O som das gargalhadas do meu amigo e da minha mãe soam pela sala inteira.

Ah, Sim. Ele estava distraindo minha mãe e, pelo que parece, estava executando muito bem a sua parte do plano.

- Esqueça, você não vai conseguir me enganar.

- Não estou tentando enganá-lo, pai. - Minto. - Eu conheço alguém que pode conseguir um bilhete para o show dos Lions.

- Conhece?

Eu conheço?

- Sim.

Eu Não Faço A Mínima Ideia Do Que Estou Fazendo AquiOnde histórias criam vida. Descubra agora