CAPÍTULO 4

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Thomas May

.1 dia atrás.

ANDE, SEJA MAIS RÁPIDO!

Dizia eu comigo mesmo, depois de errar pela terceira vez seguida a mesma nota do violino, maldita desafinação que anda me perseguindo faz uma semana... não sei o que está acontecendo ultimamente, sou tão bom no que faço...

Estou há uns sete meses treinando e praticando para poder entrar na Orquestra Sinfônica de Londres, meu maior sonho desde muito novo, que infelizmente foi interrompido devido a vontade do meu pai de me fazer biomédico, em outras palavras, seu sucessor.

O único e grande problema foi que ele nunca me perguntou se estava de acordo com isso e se EU queria isso para minha vida, porém não tive escolha, meu irmão mais velho era o filho perfeito, seria o substituto do meu pai no laboratório, tinha uma carreira brilhante e planejada pela frente, enquanto eu... bom, sempre fui o esquecido, tirava notas excelentes, mas só quem recebia parabéns era o Stephen, sempre me saía bem nas aulas de violino, recebendo constantemente elogios da minha professora, mas o único que recebia atenção por acompanhar meu pai nas pesquisas laboratoriais era ele...

Com o tempo fui me acostumando a ser o "deixado de lado", até que um certo dia um único acontecimento mudou todo o rumo do meu futuro e da minha vida: a morte do meu irmão.

Depois disso nunca mais fui o mesmo, eu e o Stephen éramos os opostos um do outro, por causa disso nós não nos dávamos muito bem, não tínhamos a melhor relação entre irmão do mundo, mas ainda sim eu senti muito a perda dele, e até hoje, depois de quase 7 anos, ainda sinto saudades todos os dias. Se ele ainda estivesse aqui as coisas seriam tão diferentes...

Depois de uma tarde de muito treino e estudo tomo um banho relaxante e assim que saio do banheiro ouço meu celular vibrar encima da cama. 

Meu pai uma hora dessas? Nós não estávamos brigados desde o dia que falei que queria dar um tempo na biomedicina para focar no violino? O que será que ele quer?

— Alô?

— Filho?

— Olha, o que você quer pai? Se for dar outro sermã...

— Estou com um câncer.

— Co- como?

— Eu estou com um câncer no fígado, sua mãe não sabe e nem quero que a conte nada ainda, no tempo certo ela saberá.

— Ok, mas pai, como você descobriu? Vai começar quando a quimioterapia? E o laboratório?

— Olha filho, depois eu prometo que te conto tudo sobre isso, mas agora quero que saiba que eu e sua mãe estamos indo passar um tempo em Manchester com a nossa família, farei meus tratamentos por lá e um amigo cuidará do meu caso, por favor não se preocupe, para a minha sorte meu câncer ainda está em um nível baixo pois descobri a doença no início, então não se assuste, tudo ficará bem. Quanto ao laboratório... – Respiro fundo e escuto o que ele tem pra dizer já tendo uma noção do que pode se tratar. – Thomas, eu te peço meu filho, por favor, fique no lugar do seu pai, já estou muito velho para continuar e ainda mais agora com essa terrível doença, você é formado, é experiente e-

— Você... você me elogiou pela primeira vez, depois de 26 anos, e foi em uma situação angustiante como essa, uau... o que eu deveria dizer? Obrigado? Desculpa, é que não estou acostumado com elogios paternos.

— Como pode ser tão egoísta seu moleque? Sabia que não poderia contar com meu próprio filho para me ajudar nesse momento tão difícil e doloroso, você é um sem cora...

No Ritmo do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora