Mia Clark
Chegou o grande dia, nem acredito, e como sempre a minha ansiedade está tomando parte do meu corpo aos poucos.
Dizer adeus sempre foi muito difícil para mim, desde pequena sou apegada as mínimas coisas, e sim, me apeguei ao meu minúsculo apartamento, me apeguei à senhorinha da padaria que todos os dias me dava um bom dia sorridente e aos meus amigos que fiz na faculdade, sem contar na minha família que, pra minha sorte, ficaram muito felizes com a notícia e me deram muito apoio, agora realmente sinto que estou pronta para recomeçar uma vida nova.
Dizer adeus e deixar o passado para trás muitas vezes é uma forma de recomeçar do jeito certo.
Desço do taxi, e dou de cara com um aeroporto super agitado, que sorte a minha.
Não estou levando muitas malas, apenas duas sendo uma delas de mão, e claro, a mais importante, minha guitarra.
Tudo está ocorrendo como planejado, até olhar para a gigantesca parede de vidro e avistar o avião que iria embarcar, meu medo de voar de avião apareceu novamente para me assombrar, que maravilha.
- Atenção senhores passageiros com destino à Londres, dirijam-se à área de embarque em cinco minutos.
É real, está acontecendo, será que estou criando expectativas demais? Tá, vou parar de ficar cortando o clima, tenho que curtir o momento e deixar de ser pessimista.
Entro no avião, hoje realmente é meu dia de sorte, fiquei na janela, ficar olhando para o céu sempre me dá inspiração pra compor músicas (que nunca são finalizadas pois tempo não é uma coisa que tenho).
Tudo estava indo perfeitamente bem, até que o avião começa a balançar, as aeromoças pediram para colocarmos os cintos de volta e nos acalmar que isso era apenas uma pequena turbulência, ok Mia, sem surtos, você ouviu ela dizendo, não é nada, volte a dormir...
NÃO CONSIGO, o fato que estamos sobrevoando em alto mar e que se o piloto não for bom o suficiente ou o avião der problema morremos todos juntos e ninguém nos acharia, isso me assombra desde quando tinha 5 anos onde andei pela primeira vez de avião e vi sair umas fumaças pela turbina.
Depois de umas longas horas de vôo, meu traseiro já quadrado e minha coluna pedindo socorro, chegamos em solo londrino, e meu Deus, até o cheiro daqui é diferente, posso estar enlouquecendo depois dessa viagem demorada, mas a energia daqui é muito... digamos, diferente.
De cara encontro uma moça de cabelos castanhos enrolados e pele clara com uma plaquinha com meu nome me esperando, me aproximo.
- Oi, muito prazer, sou Mia Clark, e você?
- Olá Mia, sou Francesca, sua mais nova amiga - ri - Me mandaram aqui em nome do Laboratório Starz, também sou biomédica e serei sua parceira lá dentro, não se preocupe... estou falando demais, desculpa...
- Não não, tá tudo bem. - sorrio gentilmente.
- Ok, agora vou te levar até o seu apartamento. Assim como você eu também fui escolhida para estar aqui, e já fazem três anos desde então. Esqueci-me de te falar, somos vizinhas! Moramos no mesmo prédio, eu moro um andar abaixo que o seu, você pode ir me ver a hora que quiser.
- Ai que legal, mas já vou te avisando que ser minha vizinha não é lá umas das melhores coisas do mundo, eu toco guitarra como você pode ver. - aponto para capa do instrumento pendurado em minhas costas. - E ela não é nem um pouquinho barulhenta. - soltamos uma risada.
- Fica tranquila Mia, já estou acostumada até demais com barulho de instrumento musical naquele lugar, você vai ver quando chegar.
Entramos no carro de Francesca e fico surpresa que ela já tem seu próprio automóvel, isso é tão distante para mim ainda.
Como sou horrível para puxar assunto com pessoas desconhecidas (minha timidez mais uma vez me atrapalhando), a pergunto se ela não acha estranho dirigir um carro onde o volante fica do outro lado e as mãos são invertidas.
- Olha, no início foi difícil, mas com o tempo você se acostuma sabe?
- Ah sim. Percebi que seu sotaque não é nem britânico nem americano, de onde você é?
- Sou da Itália, se um dia você quiser ir no meu apartamento comer uma boa comida italiana é só falar.
- Falando em comida estou faminta.
- Ok então, vamos para minha casa comer algo, topa?
- Por favor!
No elevador combinamos que enquanto eu tomava banho na minha casa, Francesca iria fazer o jantar, depois eu iria para lá.
Abro a porta e... meu Deus do céu, que apartamento grande! Tudo bem que comparado ao meu antigo qualquer um parece ser maior, mas esse é realmente gigante, e o melhor: já está todo mobiliado. Aqui parece ser tão calminho, nem parece ser a vizinhança que Francesca falou, tudo bem que já está um pouco tarde, mas enfim, espero que o vizinho da frente não se importe com os meus barulhos do dia-a-dia.
Tomo um banho relaxante, troco de roupa e pego o elevador para ir ao encontro da minha mais nova amiga.
Toco a campainha, minha mais nova amiga abre a porta e imediatamente o cheiro de macarrão me anima.
- Ai que delícia, você fez macarrão ao molho branco! Eu amo.
- Você quer fazer uma italiana perder quatro anos de vida? Repita comigo Tagliatelle al ragú.
- Ham... tagliateli au ragu?
- Bem... já é um avanço. - Soltamos gargalhadas.
Nos servimos e meu Deus! Nunca havia comido algo tão bom assim nos últimos anos, com certeza virou um dos meus pratos favoritos de agora em diante.
O jantar foi muito divertido, nos conhecemos melhor, descobrimos que temos um filme favorito em comum e temos um humor um tanto quanto duvidoso.
Volto para minha casa e antes de destrancar a minha porta percebo uma movimentação inquieta dentro do apartamento exatamente em frente ao meu, não me aguento de curiosidade e tento escutar algo pela porta.
Deixa de ser curiosa garota, você não tem nada com isso, vai dormir porqueamanhã será um longo dia.
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No Ritmo do Amor
RomanceNo ritmo do amor conta a história de dois biomédicos e músicos, Mia Clark e Thomas May, que por um acidente do destino se conhecem da maneira mais inesperada e caótica possível, e que depois disso nunca mais pararam de se esbarrar, porém, mal sabiam...