the plan. ¹

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Christian Miller

Eu sempre consigo o que quero, e não é agora que eu não vou conseguir.

— Filho, já chegou? Preparei uma janta para você-

— Joga fora.

— Mas filho, eu fiz com tanto amor...

— Eu estou muito exausto no momento para me sentar à mesa e fingir que estou aceitando a situação medíocre em que estamos vivendo, enquanto como uma comida horrivelmente ruim e sem gosto de uma pessoa que a vida inteira sempre teve empregadas para fazer o serviço. 

— Olha como fala com a sua mãe, seu moleque. – meu pai fala deitado no sofá.

Isso só pode ser piada mesmo...

— Eu falo como eu quiser, tá legal? Por culpa de vocês dois nós estamos nessa miséria, por culpa de vocês tudo o que eu ganho naquela merda de laboratório eu uso para quitar as dívidas absurdas que vocês tem!

— Mas continuamos sendo os seus pais. – se levanta e se vira para mim.

—  A partir do momento que vocês estão sob o meu teto, comendo da minha comida, dormindo na minha cama e usando da minha luz terão que aceitar o fardo de que eu sou sim melhor que vocês dois juntos e que no momento sou a autoridade da casa... se é que pode chamar esse muquifo de casa... – olho ao redor. — Vocês dois são uns incompetentes que nem para apostar serviram, você pai, um idiota, que apostou seus imóveis, nossa mansão e os carros, só não me apostou porque não teve a oportunidade, você mãe, uma desesperada, burra e inconsequente que para tentar ajudar o marido apostou todas aquelas bolsas bregas de grife e o resto da sua herança. Como podem ser dois jumentos? Se não fosse por mim vocês estariam debaixo da ponte agora!

— Mas nós já te pedimos perdão filho! Quer que eu e seu pai nos ajoelhamos diante de você?

— Eu deveria mandar vocês dois ir para o olho da rua, sabia? Para toda Londres saber que o senhor e a senhora Miller estão em situação de esmola e vivem de caridade com o filhinho querido. Até porque só vocês dois não querem acreditar que a alta sociedade londrina não sabe que estamos quebrados, todos eles já sabem, e mais, todos os meus amigos se afastaram de mim, e sabem de quem é a culpa? Isso mesmo! DE VOCÊS!

Dou meia volta e vou em direção à porta principal.

— Aonde você vai, filho? – minha mãe diz preocupada.

— Tomar um ar, essa casa cheira a mofo. – bato a porta.

———————

Fingir algo que não sou no momento está me matando, não saber se um dia voltarei a ter a vida que tinha antes também. Mas algo mudou quando descobri que o Senhor Andrew May, o líder da melhor equipe do laboratório e um dos maiores pesquisadores que já pisou aqui, decidiu abdicar de seu cargo para poder cuidar de sua saúde.

Não é desmerecendo a minha equipe 4, porém, se eu conseguisse ficar no lugar do Sr. May no 9, poderia ganhar muito mais, e voltaria a ter meu prestígio e respeito que sempre tive e que nunca deveria ter ido embora, se não fosse os meus pais.

Sempre que algum líder abdica de seu cargo ele tem que, obrigatoriamente, indicar outra pessoa apta para ficar em seu lugar, isso só não funciona em casos de morte, que foi exatamente o que ocorreu com o Stephen May. 

A família May tem a tradição de sempre ocuparem a liderança da equipe de número 9, quando Stephen se foi o pai fez questão de voltar para a liderança e não deixou que ninguém ocupasse o cargo desde então. Sei que seu filho mais novo, Thomas, fora obrigado a estudar biomedicina, porém não atua na área pois sempre gostou de música. Enquanto eu concluía minha pós ele ainda estava começando o curso. Pelo menos ele não é um problema para mim pois provavelmente não irá querer substituir o pai.

No Ritmo do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora