Mia Clark
Vou ter que fazer isso comigo e sei que irei me autodestruir, porém é para o meu bem e de Thomas.
Já se passram 3 dias desde o fatídico dia, e desde então não consigo mais pensar em outra coisa a não ser o que fazer a respeito do plano e do meu futuro.
A nota que sairia na segunda-feira não saiu e minha paz ainda não voltou.
Todas as consequências dos meus possíveis futuros atos martelavam em minha cabeça tal qual uma bateria em uma noite de shows de rock no Brooklyn.
Se eu aparecer namorando do nada com ninguém mais ninguém menos que Dylan Park eu nunca mais terei paz na vida, adeus caminhadas tranquilas no parque aos domingos, adeus almoços sossegados em restaurantes, adeus vida privada.
Francesca já notou que tem algo de errado acontecendo comigo e até me perguntou se eu tenho algo a falar para ela, porém neguei e disse que era saudade de casa. Ela é mais um tópico da minha lista mental de pessoas que não acreditariam nesse namoro fake, na verdade a primeira pessoa da lista seria exatamente ela, eu mesma disse que não gostava nem da presença do pilotinho mimado pra depois aparecer namorando com ele? Sem nem ter comentado sobre nada com ela? Puff, esquece, Francesca nunca irá acreditar nisso.
- Am... amiga? Mia? Hellooo?! - a italiana balança a mão esquerda em frente aos meus olhos fazendo com que eu voltasse à realidade.
- Ah, oi, desculpa...
- Nossa, estou te achando tão avoada esses últimos dias... você tem certeza que não tem nada para me contar? - perguntou enquanto tirávamos umas cópias de alguns relatórios na copiadora no andar de baixo pois a do nosso estava com defeito.
- Tenho sim, só estou um pouco cansada... só isso.
- Ah sim... - ela arqueia as sobrancelhas.
- Fran...
- Sim... - ela disse enquanto tentava decifrar quais botões tinha que apertar para copiar mais folhas.
- Você... você acreditaria na índole da pessoa mesmo se ela te traísse pelo seu bem?
Ela desvia a atenção da máquina para mim.
- Que papo estranho é esse? - seu sotaque italiano nunca esteve tão evidente.
- Eu digo... você acha que... "trair" - faço aspas com os dedos. - uma pessoa que você gosta pelo bem dessa pessoa, é algo certo a se fazer?
Francesca desvia o olhar e limpa a garganta.
- É... depende, se você realmente a ama e não quer que a vida dela estrague por sua causa acho que é uma - também imita aspas com os dedos - traição válida. Mas depende muito dos motivos... Por que pergunta?
- Ah... eu só vi algo parecido em um filme e achei pertinente.
Ela me olha desconfiada e volta para a máquina de cópias.
- Vou ao banheiro, te vejo na sala principal.
- Ok... - disse e chuta a máquina com o pé.
Dentro da cabine, vomito no sanitário, aquela cena do Dr. May me ameassando e seu cheiro não saíam da minha cabeça e isso me enjoava.
Dou descarga e destranco a porta. Dou de cara com Eleanor lavando suas mãos.
- Ah, oi Mia... - fecha a torneira e tira um papel toalha para se secar.
Envergonhada, limpo a garganta e desvio o olhar.
- Olá Srta. Won, você chegou por agora?
- Sim... derramei café em mim e vim me limpar... desastrada. - ri.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No Ritmo do Amor
RomanceNo ritmo do amor conta a história de dois biomédicos e músicos, Mia Clark e Thomas May, que por um acidente do destino se conhecem da maneira mais inesperada e caótica possível, e que depois disso nunca mais pararam de se esbarrar, porém, mal sabiam...