Luxúria

10

Por Sina

Decididamente eu acordei com instinto assassino. Primeiro eu quis matar minha irmã. Torcer seu pescoço de galinha até deixá-la fraca no chão. Será que ela não conseguia enxergar um palmo a frente do narigão dela? Noah estava comigo... nem olhava uma segunda vez para ela. E ainda assim ela insistia, quase pulando de pernas abertas no colo dele.

Depois eu tive vontade de matar... não, isso era pecado. Mas tive vontade de espancar meus pais. A predileção deles por Hannah era quase irritante. Minha mãe só faltava limpar os pés dela. E meu pai... puxava o saco de Noah, exaltando as qualidades da seriema. Eu era apenas um ser estranho, parado entre eles como se nem existisse. O patinho feio da família renegado a último plano.

E por fim eu tive vontade de matar Noah. O que esse maldito pretendia afinal? Primeiro me masturbou sob a mesa, me fazendo gozar praticamente debaixo do nariz da minha família. Sem contar as insinuações, as perguntas cheias de segundas intenções... meu Deus, ele queria que eu fosse escorraçada dali?

Bom... se era essa a intenção, se ferrou. Minha família era tola demais, cega demais para não perceber que Noah sequer olhava pra Hannah. Qual era a dele afinal? Sinceramente eu não estava conseguindo captar qual era sua intenção. Estávamos na sala, logo após o jantar, bebericando um café. E a babaquice continuava. Eu só não entendia onde Noah queria chegar falando sobre seu casamento e seu provável divórcio. E pior... sua assessora iria com ele para Londres. Sei que se referia a mim.

Então tudo ficou claro quando ele disse que estava apaixonado, mas esse ainda não era um pedido de casamento. Foi exatamente isso que ele me disse quando me deu o anel. Meu Deus... Noah era mais terrível do que imaginei. Ele queria realmente que minha família pensasse que ele se referia a Hannah.

Tanto que ela colocou a mão no peito e sorriu. E o louco do meu pai aceitou antes mesmo que ele terminasse de falar. Senti meu coração disparar e minhas pernas fraquejaram quando Noah pegou o meu anel e mostrou ao meu pai. Pelo canto do olho vi que minha mãe fazia um sinal positivo para Hannah.

–Dê-me sua mão, amor.

Foi instantâneo. Ergui minha mão, olhando para Noah quase sem acreditar. Deslizou o anel em meu dedo e segurou meu rosto. Eu quase desmaiei diante do seu olhar intenso.

–Eu amo você. Estou completamente louco de amor por você.

Eu não estava ouvindo isso... não mesmo. Noah me amava? Era isso mesmo? Talvez meu cérebro cansado, entorpecido de tantos orgasmos tenha ficado meio lerdo. Embora eu tenha entendido seu pedido anterior como um pedido de casamento, eu não imaginei que fosse por amor. Aliás, eu nem sei que merda eu pensei.

Noah me abraçou e sua boca cobriu a minha. A principio ouvi apenas o berro de Hannah e a voz incrédula da minha mãe: É um pesadelo.

E depois meu cérebro se desligou completamente. Apenas sentia o beijo apaixonado, mas contido de Noah.

–Que palhaçada é essa, Noah?

A voz do meu pai soou alta e irritada.

–Como assim, palhaçada? Eu acabei de dizer que estou assumindo um compromisso com sua filha e você aceitou.

Meu pai estava lívido e minha mãe ajudava Hannah a se sentar no sofá.

–Claro que aceitei... porque pensei que falava da Hannah.

O rosto de Noah ficou inexpressivo, seu olhar era tão frio que eu me encolhi.

–Nunca quis Hannah... jamais a enxerguei como mulher ideal para mim. Essa mulher é Sina.