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Por Noah

Bem longe, mas de uma forma irritante, eu ouvia a campainha atrapalhando meu sono. Eu sentia que tinha que me levantar da cama e atender a merda da porta mas meu corpo simplesmente se recusava a obedecer. Confundindo sonho e realidade, estiquei meu braço, encontrando o vazio ao meu lado. Resmunguei algo parecido com Sina e logo a resposta veio numa voz atrevida e rouca.

– Continue dormindo, infeliz. Atenderei a porta.

Com muito esforço, abri apenas um olho e vi Sina de pé, perfeitamente bem vestida com uma bata azul e calça preta. A roupa destacava bem o barrigão de sete meses. Prendeu os cabelos num coque frouxo, mas eu a segurei pelo braço.

– Deixe que eu mesmo atendo.

– Deixe que eu mesmo atendo...

Ela debochou, imitando minha voz.

– Está morto ai, Sina. Isso porque o bebê nem nasceu ainda. Quero ver quando ele passar horas chorando...

– Nem vem com palhaçada que meu filho será comportado.

Falei, já me levantando da cama, ainda meio grogue. Isso que dá querer encher a cara. Sai com o Trevor no dia anterior enquanto Sina e Megan saíam às compras. O vagabundo era ainda mais rápido que eu. Três meses de namoro e já estava noivo. Pelo menos não ia se casar primeiro que eu, já que nesse final de semana finalmente Sina e eu nos uniríamos oficialmente.

– Se puxar ao pai...duvido. Agora me deixe atender a campainha. Tenho certeza que é Megan. Combinamos de sair hoje.

– Porra... de novo?

– Dessa vez o assunto é dela, Noah. Eu apenas darei apoio moral.

Estreitei meus olhos, desconfiando daquele papo. O que aquela peste aprontaria agora?

A campainha berrou novamente ainda mais impaciente e eu revirei meus olhos. Deveria mesmo ter continuado morando em apartamento. Pelo menos assim teria o porteiro para barrar a entrada de qualquer engraçadinho. Ou então deveria colocar um muro enorme, ou alarme... sei lá. Qualquer coisa que impedisse esses loucos de chegarem tocando a campainha sem serem convidados.

– E eu vou fazer o que?

– Ah... Peter disse que espera por você hoje.

– Boa coisa não deve ser.

– Deixe de ser reclamão, Noah. Por que não desprega essa bunda daí e vai tomar um banho?

– Vai me esperar?

– Claro que não. Sabe como sua irmã é.

– Então venha aqui.

Pedi, fazendo biquinho e logo ela estava ao meu lado. Abracei-a e enterrei meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro sempre delicioso.

– Espere só eu escovar meus dentes para beijá-la melhor.

– Deixe de frescura. Já estou acostumada com seu bafo matinal.

– Bafo? Mas que desaforo...

Ignorando-me completamente, ela enlaçou meu pescoço e me beijou. A barriga a impedia de colar seu corpo ao meu, mas, ainda assim, esse mero contato fazia meu corpo arrepiar. Deslizei a mão até seu ventre, já sentindo nosso bebê se remexendo.

– Está inquieto porque sabe que vai sair com a Megan.

– Deixe de ser maldoso. Ficou assim a noite inteira.

– Sério? Não acha melhor ir ao médico?

A bandida rolou os olhos, balançando a cabeça. Atrevida. Eu ficava preocupado, obviamente. Passamos por muito estresse desde a festa onde anunciei meu noivado com Sina. Primeiramente foi uma batalha com Felicity, até finalmente conseguir que me deixasse em paz. Há meses eu não ouvia falar dela, felizmente. Já a ordinária da canela seca me levou à justiça. Primeiro me acusando mais uma vez de assédio sexual. Não tinha provas, é claro. Depois me levou à justiça trabalhista. Felizmente eu sempre andei na linha quando o assunto era meus empregados. Nunca deixei de pagar um centavo do que era direito. E mais uma vez Hannah perdeu. Claro que nas duas situações eu sabia que não daria em nada. Mas era desgastante da mesma forma.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora