Epilogo

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Por Noah


Há quanto tempo eu estava sentado, apenas admirando a mais bela fotografia que já vi? Não faço ideia. E não me importava também. Há dois meses eu agia dessa forma. Sentado na poltrona em frente ao berço, admirando o fruto do meu amor por Sina. Meu pequeno tesouro dormia placidamente, as mãozinhas fechadas próximas ao rosto.

John veio ao mundo em uma quarta feira chuvosa e fria. Eu me lembrava perfeitamente bem de cada segundo daquele dia.

Lembranças

Era um daqueles dias em que você só quer ficar na cama e curtir sua esposa. Eu sabia, obviamente que precisava sair daquela cama e trabalhar. Mas o frio aliado ao calor que emanava do corpo de Sina, fizeram com que eu mudasse de ideia. Eu não morreria se passasse o dia em casa. Talvez morresse de amor, mas isso não era novidade. Pensei, acariciando o ventre da minha esposa que ainda dormia.

Observando seu semblante, eu notei que sua expressão não era tão serena quanto nos dias anteriores. Mesmo dormindo, sua testa estava franzida e seus lábios um pouco retorcidos. Eu me preocupei com isso. Lentamente eu me sentei na cama e puxei o cobertor que a cobria. Verifiquei as pernas desnudas, constatando que não havia sinal de inchaço anormal.

O que era isso? Preocupação. Ultimamente Sina, Megan e minha mãe vinham falando tanto sobre partos, dores, maravilhas e problemas que meus cabelos estavam em pé. E depois de ouvir da própria médica que deveríamos ficar atentos aos inchaços, eu realmente pirei um pouco. Felizmente estava tudo bem. Sina não apresentava inchaço anormal, sua pressão não sofreu alterações, o que disseram ser perigoso tanto para ela quanto para o bebê.

Fiz o impossível para que minha apreensão não ficasse visível para Sina. Poderia até parecer que sou um canalha, que só sabe pensar em sexo. Está certo que penso em noventa por cento do tempo, mas em grande parte eu também fingia. Fingia não estar preocupado com a gravidez, com meu filho... com Sina. Eu já perdi dois filhos, embora eu nem possa comparar minha vida com Sina com a que tive com Felicity. Mas ainda assim permanecia o medo de que algo desse errado. Talvez não fosse o desejo de Deus que eu fosse pai! Foram longos nove meses me remoendo, nunca deixando minha esposa perceber o quanto eu estava amedrontado.

– O que foi, Noah?

Eu ouvi a voz sonolenta e um pouco cansada atras de mim e voltei a me deitar. Observei seu rosto com atenção. Seus olhos ainda estavam fechados.

– Nada. Só estava verificando se está bem acomodada. Está tudo bem?

– Minhas costas doem um pouco, mas nada preocupante.

– Tem certeza?

– Sim.

Mas acredito que ela não tinha certeza de nada, assim como eu. Quando bem mais tarde nós resolvemos levantar e tomar um banho, Sina levou a mão ao ventre, curvando-se um pouco para frente. Imediatamente corri até ela, apoiando-a.

– Fale comigo...

Mas nem foi preciso dizer nada. Eu vi quando um liquido escorreu por suas pernas, deixando-me apavorado. Depois disso, não me lembro muito bem do que aconteceu. Lembro-me de me sentir desnorteado, sem saber o que fazer primeiro, mas sempre ouvindo a voz doce de Sina, pedindo calma.

E como eu poderia ter calma? Meu filho queria nascer e por mais que tivéssemos participado de cursos e ouvido relatos de experiências, a realidade era bem mais apavorante. Liguei para minha mãe em busca de socorro, pois Megan só me deixaria ainda mais estressado do que já estava. Chegamos à maternidade por volta de dez e meia da manhã.

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