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Por Noah

Dezesseis horas de uma sexta-feira nublada. Ventava e despenteava ainda mais meus cabelos. E eu pouco me importava. Estava nervoso, ansioso, olhando a todo instante para a entrada da nave onde seria realizada a cerimônia. Nem sei por que estava tão nervoso. Já passei por isso antes. Tudo bem que nem poderia comparar, mas, ainda assim, beirava o ridículo. Ideias estapafúrdias passavam pela minha mente. Imagine se o maldito garoto do sorvete resolve aparecer novamente e Sina me deixa plantado no altar? Eu seria motivo de chacota por parte do meu pai e de Megan para o resto da vida.

Como se não bastasse esses medos infundados e o nervosismo exacerbado, ainda tinha aquela gente ridícula, que teve o atrevimento de aparecer aqui. Minha vontade era de sair daqui e ir até eles, chutando a bunda de cada um. Estavam enfeiando meu casamento!

Parei de andar de um lado a outro quando vi meu pai se aproximar com um sorriso debochado. Coloquei as mãos no bolso e o encarei com desconfiança.

– O que está aprontando?

Falei assim que ele se aproximou.

– Eu? Que isso, rapaz? Não respeita mais o seu pai? Sua mãe achou melhor eu ficar perto de você. Sabe como é... tentar acalmá-lo.

Rolei meus olhos. Do jeito que era, eu ficaria ainda mais nervoso, e dessa vez... com motivo.

– Quem convidou esse povo hein?

Meu pai cochichou ao meu ouvido, mas olhando para o trio sentado bem à frente.

– E desde quando precisam de convite? São abusados, pai. Acho que querem se certificar que me casarei mesmo com Sina.

Voltei a olhar para os três. Bruce, Jodie e Hannah vieram ao casamento como se fossem mesmo uma família para Sina. Filhos da mãe. Eu juro que quase gargalhei quando vi Hannah entrando, trajando um vestido verde, curto, mostrando os gambitos. Os cabelos estavam todos jogados para um só lado, num penteado estranho. Serio... era muito baranga.

– Eu admito que sua cunhada tem o rosto muito lindo, mas o resto... gente... ela passou fome? Não tem carne ali.

– Olha só a canela seca dela, pai. Que coisa feia. Eu fico incomodado com aquilo.

Meu pai ficou um longo tempo observando, com a testa franzida, depois voltou a me encarar.

– Já pensou se você tivesse escolhido Hannah e não Sina? Imagine essa mulher na cama, Noah. Aqueles gravetos abertos, parecendo uma aranha. Sem falar que o osso da canela machucaria sua bunda.

A minha gargalhada explodiu antes que eu conseguisse segurar. Várias cabeças se viraram em minha direção e eu mordi a boca rapidamente, baixando a cabeça. Os menos atentos pensariam que eu estava envergonhado, mas o balançar dos meus ombros entregava meu riso. Deus me livre imaginar aquela mulher na minha cama.

– Fez bem em escolher a Sina. Aquela sim é mulher. É coxa e bunda para dar e vender.

Eu parei de rir na hora, erguendo a cabeça e fuzilando meu pai com o olhar. Nem tive tempo de responder nada e ele foi logo se defendendo.

– E nem vem... sabe que estou falando a verdade.

– Eu sei, mas poderia ao menos respeitar minha esposa, não é pai?

Ele apenas deu de ombros e voltou a encarar a família monstro. O nariz de Jodie só faltava encostar o céu. Soberba dos infernos. Vinha de penetra e ainda se comportava como convidada de honra. Bruce era um babaca. Muito me admirava não ter cismado de acompanhar Sina ao altar. Fingidos. Nunca gostaram da minha delícia. Estavam aqui para que?

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora