Capítulo 255(Epílogo)

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Peazinho

Rio de Janeiro - RJ

18 de Dezembro de 2043 - Sexta-feira

Errejota, que saudade que estava daqui, desse clima, desse calor... falando assim parece que estou a séculos sem vim pra cá, mas estou a um tempão mesmo.

Estou ansioso para passar os últimos dias do ano com o meu pai, minha madrasta e minha irmãzinha.
Tenho uma novidade para contar pra eles e sei que vão gostar muito, principalmente a minha irmã.

Cheguei na casa deles e fui recebido, como sempre, calorosamente pelo meu pai e a tia Jade.
A casa estava toda decorada para as festas de fim de ano, luzes coloridas pela casa toda, uma árvore de natal enorme no canto da sala e cheia de presentes embaixo.
É um ambiente acolhedor e familiar, que me enche de alegria.

~Jade: E como vai você e a Isadora? – Isadora Versiani é minha namorada... ex-namorada na verdade, terminei com ela semana passada. Mas pensei que ela já sabia
~Peazinho: Nós terminamos, tia. Pensei que sabia, eu tinha contado pro velho – recebi um tapa na cabeça
~Jade: Não, só estou sabendo agora. Não acredito que você não me contou Paulo André
~PA: Eu esqueci amor
~Jade: Só não esquece a cabeça porque está grudada ao corpo – pareceu a minha mãe, bizarro – mas porque vocês terminaram?
~Peazinho: Ah... tava dando certo não. Ela é MUITO possessiva. Tipo, eu queria sair para jogar bola e ela ficava perguntando para onde eu iria e quem estaria lá, não deixava ninguém chegar perto de mim, mesmo sendo uma fã. Teve uma vez que estava sorrindo enquanto estava assistindo vídeo de stand up e ela achando que eu estava conversando com alguma mulher. Eu avisei pra ela 2 ou 3 vezes que se continuar assim eu vou acabar e ai semana passada eu terminei

~Jade: Fez certo, se continuasse assim ia ser cada vez pior
~PA: Nunca achei que conheceria alguém mais ciumenta que a Jade – ela deu um tapa no braço do meu pai – mas ela parecia ser tão de boa
~Peazinho: É aquelas coisas: na frente de todo mundo é uma coisa
~Jade: Exatamente. Mas terminaram numa boa?
~Peazinho:  É... digamos que sim. Ela não queria terminar, começou a chorar e falar que não conseguiria viver sem mim. Eu mandei a real pra ela, ela "aceitou" e fui embora do apartamento dela
~PA: Ainda bem que tu terminou, você não teria vida
~Peazinho: E eu não queria terminar, eu gostava dela. Mas esses ciúmes fez a gente terminar – eles concordaram. Olhei em volta e senti a casa quieta, muito fora do normal – tá um silêncio essa casa
~Jade: Os nenens estão no petshop para o banho e a Maya...
~PA: Está no quarto de castigo
~Peazinho: Como assim a Maya está no quarto de castigo? Como a Maya com seus 17 anos está de castigo? Que merda ela fez? – eu perguntava sem acreditar
~PA: Ela pegou o carro da Jade escondido
~Peazinho: Que? Explica isso direito
~Jade: Ela pediu um dos carros para sair com as amigas e obviamente não deixamos, porque ela é menor de idade e não é habilitada e mesmo assim ela pegou
~PA: Desde setembro ela vem tendo atitudes estranhas, como se estivesse escondendo algo da gente. As notas dela caíram drasticamente, ela ficou em recuperação em 4 matérias e passou em 3 com notas mínimas – realmente tem algo estranho, porque a Maya é muito estudiosa, notas altas, NUNCA ficou em recuperação – já tentamos conversar com ela, mas sempre fala que não tem nada. Aí tiramos tudo que ela gosta: TV, notebook, celular, sair de casa, piscina. Ela só está com o celular da Jade para as fazer as publis, não tem nem como ela usar as redes sociais
~Peazinho: Por isso que não conseguia falar com ela. Bom, vou lá em cima ver ela

Meu pai e a Jade são pessoas amorosas, mas também são firmes em relação às regras, meu pai então nem se fala.
Estão certos em colocá-la de castigo, mesmo com seus 17 anos, eles queriam que ela aprendesse com seus erros e tomasse responsabilidade por suas ações.

Agora eu estou preocupado com a Maya, porque eu sei o quanto ela é sensível e vou fazer de tudo ao meu alcance para ajudá-la da melhor forma possível.
Cheguei no quarto dela e bati na porta.

~Maya: Entra – eu abri e vi seus olhinhos brilhando quando me viu – Titooo – sim, ela começou a me chamar de Tito agora, daqui a pouco vai passar me chamar de André. Ela pulou da cama e correu para me abraçar
~Peazinho: E ai maninha, que saudade cara – beijei sua testa – o tempo passa e o cabelo continua lotado de óleo
~Maya: Nunca vai parar de falar dos meus óleos, né?
~Peazinho: Nunca – fechei a porta e sentamos na cama dela – e aí o que tá pegando?
~Maya: Ah... nada
~Peazinho: Maya, ninguém fica de castigo sem ter feito nada
~Maya: Se você sabe que estou de castigo, então já sabe o porque
~Peazinho: Sim, já sei. Mas quero saber o contexto todo – ela ficou em silêncio – Maya, só quero saber o que está acontecendo. Meu pai falou que suas notas caíram muito e que parece que você está escondendo algo deles
~Maya: NÃO TEM NADA, TA BOM
~Peazinho: Calma
~Maya: Desculpa, é que todo mundo como se estivesse algo de errado comigo – ela colocou a mão no rosto – não tem nada. Hoje eu só queria ir para a festa da minha turma para comemorar o fim do ensino médio e eu sou a única que não vou

Mesmo a Maya tendo falado que não tem nada, no fundo eu sei que tem alguma coisa.
Fiquei mais um tempinho com ela e sai do quarto.
Decidi tentar uma coisa mas não sei se vai funcionar, desci para a sala e os dois estavam no sofá assistindo um filme e me juntei a eles.

~Peazinho: Eu vou sair hoje à noite
~PA: Beleza, já tem a chave e sabe as regras, nada de trazer ninguém pra cá
~Peazinho: Pode deixar... e a Maya vai comigo
~PA: Acho que você não ouviu a parte que ela está de castigo
~Peazinho: Sim pai, eu sei que ela está de castigo, e vejo nos olhos dela que está profundamente arrependida. Ela terminou o ensino médio... da pior forma? Sim, mas terminou e hoje vai ter uma festa da turma e ela vai ser a única que não vai
~Jade: Tem a formatura dela no dia 27
~Peazinho: Não é a mesma coisa tia Jade, essa festa é longe da família, só amigos. Olha, vocês são os pais, eu só quero levar a minha irmã para se divertir. Não estou pedindo para tirar o castigo, só dar uma pausa nesse castigo por hoje. Ela precisa espairecer, se divertir – eles se olharam e depois olharam pra mim
~Jade: Promete que não vai tirar o olho dela
~Peazinho: Eu não faço promessas e o vocês sabem muito bem disso, mas dessa vez eu vou abrir uma exceção – eles se olharam de novo
~PA: Tudo bem, pode levar ela
~Peazinho: Obrigado. Agora vou tirar um cochilo para curtir a noite mais tarde

Subi para o meu quarto, mas antes passei no quarto da Maya para dar a notícia dela e ficou pulando toda animada e me abraçou do jeitinho dela.

Nossos Sonhos - Jadré(Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora