IV

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— Por que escolheu justo aqui pra me contar essa história? — Apontou para o local: o terraço. Estava de noite, o vento estava congelante, mas Franz parecia não se importar. Na verdade, ele parecia aéreo desde quando saíram daquela escola. Nesse momento, Franz checava a porta de acesso à escada, para garantir que Eustáquio não estava à espreita.

— Tudo bem... — suspira. — Larry, essa história vai parecer bizarra, mas por favor, tente... compreender... — desvia o olhar, constrangido. Franz vai de ré enquanto ainda encara a porta, mas logo a fecha e caminha normalmente até ele. — Eu briguei com o Leon na casa do Jimmy. Sei lá, eu tava estressado com as minhas coisas há um tempo e tava descontando em todo mundo — coça a nuca. — Na briga, por impulso eu falei que tinha me arrependido de salvá-lo quando nos conhecemos... E aparentemente eu tô sendo castigado por isso...

— Tá, mas salvá-lo de quem, examente? — Questiona enquanto treme de frio, abraçando-se.

— Do Stanley — responde e percebe a expressão de Larry de "prossiga". — Um dos carinhas que maltratavam o Leon no fundamental... Eles pegaram o boneco dele pra quebrar. Eu tinha impedido naquele dia, mas... dessa vez eu não impedi...

— Isso ainda tá confuso, mas tô começando a entender.

— Olha, você tá morrendo de frio e sono. Vai dormir que amanhã eu tento resolver a nossa situação.

— Nossa situação?

— É, você também perdeu o namorado — Larry assente ao lembrar dele citando isso.

Franz pede mais uma vez para ele ir embora descansar, mas ele logo para na porta com um sorriso no rosto.

— Pergunta: o meu namorado é bonito? — Pergunta mexendo uma sobrancelha. Franz suspira.

— É lindo. Agora vai.

Larry ri e sai.

Completamente sozinho, Franz põe as mãos nos quadris e respira fundo.

— Toda essa confusão tá me dando dor de cabeça... — Reclama e sobe as escadas que estavam ao lado da porta. Ele senta-se naquela superfície quadrada plana, e com mais um respirado, chama por Pop.

Parecia loucura chamar por alguém aparentemente místico, mas a essa altura, Franz não duvidava de mais nada.

Um brilho rápido o encandeia e ela aparece flutuando a sua frente.

— Chamou? — Sorri.

— Como eu resolvo isso? — Pergunta sério.

— Oh, chegamos em uma parte interessante dessa história — empolga-se.

— Por favor, eu quero meu namorado de volta — implora. — Minha vida de volta.

— Você é um garoto esperto — pisca. — Se a questão toda começou com o seu namorado, para que você volte a sua vida, você terá que conquistá-lo.

— Conquistá-lo? — Arqueia a sobrancelha. — E como eu faço isso?

— Ué, joga seu charme — ela mexe os ombros. — Você conquistou ele uma vez, vai conseguir fazer isso de novo. Mas como eu tava sem close e condições no momento, eu não pensei em algo muito elaborado, não.

— Do que você tá falando, Pop?

— Você precisa que ele te beije, se quiser voltar.

— Mas, eu tenho quanto tempo pra isso?

— Bom, quanto tempo falta pro baile de outono? 

— Cinco... dias...? — Responde inseguro.

— Você tem cinco dias para fazer com que ele te beije! — Sorri.

Se fosse diferente...Onde histórias criam vida. Descubra agora