— Soube que conversou com Jimmy ontem — Franz provoca. — Ele me disse que você era legal.
Eles caminhavam, de manhã cedo, pelos corredores vazios do colégio, falando sobre a vida e os últimos dias. Franz lembrava-se da conversa que teve com Jimmy no dia anterior, sobre Leon e sobre ele mesmo. "Eu confio em você. Não sei por quê, mas confio".
— É, conversei — confirma, com um sorrisinho bobo. — Ele também é legal. Além de uma gracinha. Me disse que ficou com medo de você ser algum stalker do Leon ou um dos caras que implicam com ele — ri.
— Caras que implicam com ele? — Para de caminhar. — Como assim? Como eu nunca vi?
— Ei, relaxa, ele falou brincando — explica. — Ele me disse — toca o ombro do garoto com um sorriso terno. — Mas é aí, como foi com o Leon ontem?
— Acho que ele fugiu de mim — tentou fazer uma piada, mas sem sucesso. — Eu não o vi o dia inteiro. Ele não apareceu na sala, não estava na quadra, nem no salão...
— Você checou a biblioteca? Normalmente alunos que querem matar aula ficam lá para passar o tempo.
— Eu... não pensei nisso...
***
Leon estava no banheiro, sentado com as costas apoiadas na porta da cabine, pensando em como esconder as marcas roxas que estavam em seus braços causadas por alunos do 3° ano. Chorava de desespero, esfregando-os como se, de alguma forma, fosse resolver sua situação. Meu pai não pode ver isso, meu pai não pode ver isso, meu pai não pode ver isso! Soluça. Seu rosto estava quente e possivelmente vermelho.
***
Ambos os rapazes passaram no corredor perto do salão, ouvindo risadas suspeitas vindas dali. Eles se entreolharam e, juntos, aproximaram-se. Ao espiar, perceberam garotos mais velhos, claramente delinquentes, rindo enquanto abriam devagar a porta do salão.
— Que tal se dermos um toque final no design? — Um debocha.
— Vamos botar um branco pra combinar com o amarelo do medo daquele tampinha de cabelo marrom! — Gargalha alto junto com os outros. Franz sentiu uma familiaridade com aquelas brincadeiras, o que o fez enfurecer. — Aquele mané nem aguentou uns beliscões leves, imagina se fosse pra briga?
— Ele nem chegaria pro primeiro soco!
— Então o Jimmy não estava brincando — Larry deduz, sério e irritado.
— Ele deve ter dito isso pra você pra gente não ir atrás desses moleques e acabar encrencando o Leon — suspira. — Eu vou lá — toma a dianteira ao vê-los cogitar entrar no salão.
— Franz, isso é muito peri-
— Ei! — Grita. — Saiam daí, agora.
Os rapazes se entreolham com prepotência e deboche.
— Olha só, outro tampinha quer brincar — ri e se aproximam do garoto. — Qualé, baixinho, quer mesmo brigar com a gente? — Pergunta com um sorriso ladino.
— Não — responde. — Quero que vocês vão embora.
— Hahaha, isso não vai rolar, pode ter certeza — um fecha o punho e o estrala. Os três trocam olhares cúmplices e vão até Franz devagar.
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Se fosse diferente...
FanficFranz se arrependeu de salvar Leon naquele dia. Disse abertamente isso no fogo de uma discussão. Mas afinal, como seria se fosse diferente?