7. Enigmas

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   Desde que chegou em casa, Cellbit estava enfurnado no escritório, onde um dia havia sido o seu quarto. Ele estava organizando seu novo espaço pessoal, já que estava fora de cogitação dormir no quarto dos pais. Sabendo disso, Forever até tinha colocado o colchão de solteiro da casa de Cellbit ali.

   No meio da sala havia uma mesa. Lá tinha um computador meio velho, e algumas gavetas com papéis importantes. Como testamentos, certidões de nascimento e carteiras de identidades antigas. Bem atrás da mesa haviam uma janela grande com cortinas fechadas.
No lado esquerdo a parede era repleta por uma estante de livros, que ia até o teto. Mas na maior parte não havia nada. Além de livros, haviam porta retratos e pequenas estátuas meramente decorativas. Bem no canto, seguindo esta mesma parede, havia uma porta que dava à um banheiro. Na parede oposta havia uma estante com mais papéis importantes e álbuns de fotografias. Na parede, mais porta-retratos e diplomas (de todos da família que se formaram no ensino médio e das faculdades de Arnaldo).

   O colchão fino estava atrás da mesa, encostada na parede. O Senhor Mostarda estava deitado lá, com seu rostinho encarando Cellbit. O seu sorriso apaziguava um pouco de sua ansiedade. Haviam caixas de livro e malas na parede da porta de entrada, que quase obstruiam a porta do banheiro. Cellbit estava arrumando exatamente aquilo. Estava colocando os seus próprios livros na estante, escolhendo o que ficaria ali e o que seria doado. Não mexendo no canto oposto, onde estavam os livros de seu pai e mãe.

   — Boa noite, Cellbinho. — Forever abriu a porta sem bater nem nada. — Se quiser tem macarrão ainda, tá?

   — Tá bom, valeu. — Cellbit estava concentrado em escolher qual seria a ordem que faria. Alfabética ou por cor?

   — Cellbo, pode me colocar para dormir? — Richarlyson colocou a cabeça para dentro do cômodo, estava entre as pernas de Forever.

   — Ei! Achei que eu ia fazer isso! — O loiro disse, enciumado.

   — Ah, Richas… o Forever quer te colocar pra dormir hoje. E eu tô muito ocupado.

   — Mas você é o único que sabe contar histórias. — Richarlyson argumentou. — Por favor!

   — Daí ele tem um ponto. Eu não sei contar histórias nem se ler. — Forever coçou a nuca.

   — Aff, tá. — Cellbit desistiu, para a alegria do pequeno. — Vamos pro seu quarto. — Andou em direção a eles, afastando os dois da porta. Forever foi quem fechou ela, já indo para a porta ao lado.

   — Então, boa noite. Amo vocês! — Forever falou, vendo os dois irmãos subirem as escadas.

   — Também te amamos! — Richarlyson cantarolou, feliz como nunca.

   Os dois entraram no quarto de Richarlyson. Estava uma bagunça. Vários brinquedos e roupas espalhadas por aí. No canto de seus brinquedos, havia tinta pelo chão e paredes. Pelo visto, Richarlyson esqueceu do combinado com Felps em sua explosão de criatividade. Forever havia dito que, assim que chegou em casa, Richarlyson foi para seu quarto pintar.

   — O que estava desenhando? — Cellbit ficou curioso.

   — Ainda não posso mostrar. Não tá pronto. E não quero zicar o lance. — O menino subiu na cama, retirou a prótese e se deitou.

   — Zicar? Lance? Tá andando muito com o Forever, menino. — Richas riu. Cellbit pegou um dos banquinhos de madeira da pequena mesa de joaninha e colocou-a próxima à cama. — Qual vai ser a história?

   — Eu quero saber quem eram meus pais. — Cellbit arregalou os olhos com a pergunta. Era comum que em algum momento ele fosse querer saber mais sobre, todos eles passaram por isso, mas não imaginava que seria tão cedo.

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