8. Zumo de Naranja y Cambio de Dulces

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(Tradução: suco de laranja e troco em bala)

Era quarta-feira. Ou seja, dia em que Roier teria de deixar sua cama macia e ir trabalhar. Bobby foi com ele, já que levá-lo para faculdade estava fora de cogitação. Além disso, logo à tarde, levaria o menino para a casa dos Theoris. O pequeno garoto só teria de aguentar um turno ao seu lado.

O menino estava entediado. Sentado, atrás do balcão, ao lado de Roier, Bobby estava jogando algo no celular do pai. Um jogo que Richarlyson tinha falado que era muito bom. Apesar de não gostar de jogar jogos de terror, o menino deu uma chance, já que o quase-amigo falava animadamente sobre. Bobby odiava tomar sustos, e em jogos era muito mais fácil cair em jumpscare. Em filmes, Bobby estava tão treinado que sabia exatamente quando teria um susto.

Roier estava apoiado no balcão. Uma mão segurava sua cabeça e a outra passava a página de uma revista. Estava tudo tão vazio, e seu celular estava em posse do menino, então sobrava ler revistas de fofocas. Preferia ficar conversando com Cellbit, já que o homem havia contato sobre algum enigma a respeito dos pais biológicos de Richarlyson.

Lembrou-se das mensagens que trocaram na noite anterior. Cellbit dizia que estava muito curioso a respeito daquilo. Mas que não tinha como progredir sem o computador da família. Este que ficaria pronto em uma semana. O cabeludo até tentou se contentar com seus livros policiais, mas a verdade era que sua cabeça sempre o levava para o mistério de Richarlyson.

O que Roier não sabia, porém, era que o cabeludo também pensava em outra coisa. Num mexicano entediado, lendo sobre a separação de um casal de famosos que sequer conhecia. Cellbit estava adorando conversar com Roier. O mexicano sempre foi muito atencioso e preocupado, o que animava mais ainda Cellbit. Ele contava suas mais loucas teorias, sabendo que cada palavra seria lida. Porque o homem do outro lado da tela prestava atenção. Ele as importava, asm julgamentos.

Bufou novamente quando viu uma notícia sensacionalista sobre um ator. Essa em específico o chateou mais do que as outras, já que se tratava sobre a sexualidade do rapaz. Ele odiava quando a mídia tirava celebridades do armário. Ele pegava as dores alheias para si. Se sentia no lugar da pessoa, ouvindo seus amigos e familiares o criticarem, sendo expulso de casa, xingamentos sendo ditos...

- Ah! - Bobby gritou assustado, acabando por assustar seu pai.

- Ay, Bobby pendejo. ¡No me assustes! - Apesar de ter levado um belo de um susto, não estava chateado. Bobby acabou tirando Roier de seus devaneios, o que era maravilhoso.

- Esse jogo é idiota! Não quero mais. - Bobby disse, chateado. Ele ficava muito irritado quando tomava sustos. Sua cara ficava vermelha e os olhos enchiam de lágrimas. Roier nunca sabia se era por medo ou pela vergonha.

- Ora, hijo, no lo hagas. Me dê o celular, então. - Bobby estendeu seu braço e o entregou o aparelho. Roier fechou o jogo congelado com um bicho com a boca aberta na tela. Foi até o aplicativo de mensagens, notando uma notificação ainda não lida. Roier sorriu assim que viu que era uma mensagem de Cellbit.

Cellbo:
Às 15h então? Daí vou estar em casa

Roier:
Pode ser
Vou deixar Bobby aí
Não tem problema, né?
Vou ter que fazer compras p casa

Obviamente Roier queria passar a tarde toda conversando com Cellbit. Porém, às vezes ele tinha que lidar como um adulto. E esse era um desses dias. Sua casa estava desabastecida de vários itens essenciais. Ele poderia levar tudo dali mesmo de onde trabalhava, mas seu chefe era muito pão duro. Além de não ter todos os produtos necessários ali. Mesmo que não quisessem, seu chefe descontava do pagamento o que levavam. E no fim do mês não tinha mais dinheiro, já que foi gasto tudo com besteiras. Roier não cometia mais esse erro.

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