11: Pesadelo.

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- ME LARGA! ME SOLTA!
- Ela gritava com dois caras que a viram tentando fugir pelo banheiro do acampamento e agora a levavam para o seu novo quarto.
- VOCÊS SÃO MALUCOS!

Em Kitty Hawk, os pacientes não podem entrar em contacto com o mundo exterior nas primeiras seis semanas.
Os pacientes não podem usar o celular.
Os pacientes se esforçam para ser diligentes e educados.
Os pacientes devem comparecer ao trabalho na hora!
Acordar às seis da manhã e deitar às nove da noite.
Deixar de seguir as regras resultará em um período na cabine da reflexão.
Era onde Scarlet se encontrava agora. Chorando e queimando de raiva.

Os pogues iriam ficar tão decepcionados quando percebessem que ela não voltaria.
Ela queria só poder explicar para eles que não foi escolha sua.
Só queria mais 5 minutinhos com eles, sem nada para atrapalhar.

[...]

- Merda... - JJ murmura ao chegar no acampamento e ver um cara o mandar parar.

- Posso ajudar? - O cara pergunta vendo que JJ não fazia pertencia ali.

- Oi, amigo. Sabe a orientadora do acampamento? A Laura. Eu sou irmão dela e vim deixar umas coisas pra ela, se não tiver problema.
É rapidinho, prometo. Entrar e sair.
- JJ agradece mentalmente por ser tão bom em inventar coisas de última hora.

- Tá, pode entrar.

- Mais fácil do que eu pensei. Babacas. - O loiro sussurra entrando no local.

Ele estaciona a Twinkie aleatoriamente e se pega andando pelo lugar sem saber o que fazer a seguir.
Tantas portas. Tantas garotas.
Seria difícil achar a Reese ali no meio. Mas desistir não era uma opção.

- Oi, senhor! - O Maybank chama a atenção de um funcionário que andava por ali.
- Estou querendo ir na central.
Tem algum pavilhão principal aqui?

- Aqui mesmo. - O moço explica bem na frente da sala, dando espaço para o adolescente entrar.

- Certo, muito obrigado.

Ele respira fundo antes de bater na porta e abrir a mesma, dando de cara com uma mulher trabalhando.
Ela aparentava estar na casa dos trinta.

- Tudo bem, moça?

- Posso te ajudar? - Ela pergunta confusa.

- Eu tenho uma mensagem para uma das campistas.
O nome dela é Scarlet, Scarlet Reese. Ela está aqui, né?

- Infelizmente não podemos fazer isso. Nem era para você estar aqui no acampamento.

- Tudo bem, mas é que é muito importante. - JJ dizia se sentando na cadeira à frente dela.

- Eu aposto que é, querido, mas nós temos regras. Nenhum contacto com o exterior nas seis primeiras semanas. - Ela informa o fazendo engolir o seco.

- Moça... é um assunto de família.
Eu sou primo dela.
Eu entendo que tenham regras e tal, mas aconteceu uma coisa que...
Quer saber, eu estou meio emocionado agora, então eu acho que é melhor eu ir embora. Desculpe, eu nem devia nem ter vindo. Eu vou embora mesmo, mas antes, você pode só falar para ela que... o Marley não sobreviveu.
- JJ encenava fingindo estar super abalado.

- Quem é Marley?

- O melhor amigo dela. Um gato siamês... foi do nada. O carro do correio passou muito rápido e... é isso. Pode contar isso pra ela?
Eu agradeço muito.

A mulher acaba cedendo e assentindo com a cabeça.

- Obrigado, moça. Tenha um bom dia. - JJ então sai da sala cabisbaixo para deixar o seu teatro ainda mais credível.
Aquilo era um talento completo!

Partiu para a segunda parte do plano.

JJ ficava assistindo de longe a mulher com quem ele havia conversado entrar no suposto quarto onde a namorada estava, para contar a "terrível notícia".
Essa foi a forma que ele achou de descobrir o compartimento onde a Reese se encontrava.

- Scarlet, querida! - JJ sorri quando ouve a mais velha falar aquele nome antes de entrar no quarto.
Era ali. Ele ia tirar Scarlet dali o mais rápido possível. Essa noite. Essa noite os dois iam sair de Kitty Hawk juntos, para nunca mais voltar.

[...]

JJ estava tentando salvá-la. Só podia ser ele. Pela forma que a moça o descreveu, loiro, alto e de olhos azuis, só poderia ser ele.
Um pingo de esperança se formava nos olhos da Reese.
Como ela ainda não tinha pensado nisso? JJ nunca iria sem ela.
Ela o amava mais que qualquer coisa... e pensar que há alguns meses nem podia olhar na cara dele.

- Scarlet. - Um casal se seguranças entra no quarto.
- Sabemos que está sofrendo e achamos melhor que tenha o apoio dos seus iguais, então, vamos realocar você.

- Ah... eu, eu preciso de mais tempo para refletir. - Scarlet responde vendo o plano do namorado ir por água abaixo aos poucos.

- Nada disso, vem. Vamos te colocar no dormitório com as outras meninas. - O cara diz ríspido, logo agarrando a loira e a levantando da cama.

- Tá, tá bom, já vou! Não precisa me levar! - A loira reclama.

- Cabine 6, vamos. - Os dois mais velhos se viram esperando que Scarlet os siga até o seu novo quarto.

Mas ela não podia sair dali agora.
JJ procurava por ela. Se a mudassem de quarto ele nunca a encontraria e voltaria tudo ao nível 0.

Mas ela também não podia desobedecer. Quer dizer, podia... mas não adiantaria porque eles eram muito mais fortes e a levariam à força.

- Aí, esperem só um segundo!
- A pogue pede e os seguranças esperam por ela do lado de fora.

Scarlet então faz o que primeiro lhe vem na mente.
Ela pega um batom que alguém tinha deixado por ali e escreve na parede do quarto:

"Cabine 6, P4L."

[...]

Entrando no seu novo grande dormitório. Scarlet chama a atenção das inúmeras meninas ali.
Elas cochichavam, a olhavam de lado e até riam.
Não seria nem um pouco fácil.

- Meninas, essa é a Scarlet.
Ela recebeu uma notícia ruim sobre a família. Vamos mostrar um pouco de empatia e amor, tá?
Pode ser? - A mais velha pergunta sendo ignorada.

- Acho que elas vão me matar.
- A Reese sussurra sorrindo, vendo as caras pouco amigáveis das meninas.

Ela se dirigia a um beliche vazio enquanto passava pelo meio de todas, sendo encarada.

Só podia ser um pesadelo.

. . .

RESCUE YOU - obx. (3° Temp)Onde histórias criam vida. Descubra agora