Capítulo treze

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Ler cada parte do manual de Leis de Storybrooke fazia Samantha ter uma felicidade genuína, aquilo era maravilhoso em tantas camadas que ela não poderia explicar. Como a lei de 167:

"Não usar nenhum tipo de objeto mágico sem inspeção da jurisdição."

Samantha não pode deixar de rir com mais um parágrafo de puro suco de Stand-up; seu celular tocou indicando uma chamada na prefeitura, o que surpreendeu a loira.
Não que ela não soubesse que iria ter que atender chamadas sozinha já que depois de perturbar muito Hook, ela conseguiu ficar dois turnos no local e o Jones sempre evaporava nos momentos mais inoportunos... exatamente como esse. A loira buscou a chave de sua moto recém adquirida, na verdade era um ferro velho sobre rodas, mas ainda ligava.

Fez um pequeno relatório sobre o chamado e deixou claro que não foi esclarecido o porquê do mesmo antes de passar pela porta do local. O outono chegou causando frio para a garota que particularmente não curtia muito o clima, tratou de vestir sua jaqueta caqui e o capacete antes de disparar em direção ao local; Quando chegou, verificou as horas no relógio 19:07 a noite estava apenas começando.
Passou pela porta e foi em direção a recepcionista que já a observava.

- Qual a ocorrência?- Colocou o distintivo no cinto ajeitando sua postura. Sam gostava realmente da oportunidade que estava tendo na cidade, isso a distraia da péssima situação de Anastásia.

- A prefeita Mills quer tratar de assuntos privados com a delegacia.- Sam arqueou as sobrancelhas sabendo que não era assunto para ela, mas para Emma, a xerife.

- A Xerife não está de plantão hoje, eu, Hook e alguns outros policiais na verdade. Diga a senhorita Mills que Swan volta pela manhã, especificamente as 8 horas.- Smith sempre respeitou o limite da sua função, mesmo que com o tempo sua aproximação da superior desse certa liberdade.

- São ordens da prefeita Mills, fará parte do seu treinamento.- A mulher disse por fim apontando para a grande porta de madeira branca ao lado do pequeno balcão.

Samantha se questionou se realmente deveria entrar por aquela porta, apesar do cansaço por já estar trabalhando a algum tempo, do dia difícil na escola e das preocupações recorrentes em seu cérebro, ela realmente não tinha medo da prefeita como toda a cidade.
Soltando o ar dos pulmões ela caminhou até a sala dando três batidas respeitosas antes de abrir a porta; Regina sentiu o coração acelerar ao ver os olhos castanhos a observando, era sua filha na sua frente e depois de semanas a evitando, ela finalmente a encarou.

- Entre, por acaso aquela máquina mortífera ali fora é sua?- Apontou para a moto cinza caindo aos pedaços. A policial abriu a boca algumas vezes antes de finalmente entrar na sala.

- Sim, é meu novo meio de transporte.- Engoliu a seco sentando na cadeira em frente a mesa da rainha.

- Não parece nada seguro.- O extinto de mãe tomou conta de toda a lógica assim que ela ouviu o barulho da moto, Regina tinha pavor de motos e ver a filha que ela tentou proteger afastando de Emma andando naquele troço a embrulhava.- E se você cair? Se alguém bater em você? Se algum bêbado ultrapassar o sinal vermelho?

- Aí eu morro, o que não me parece tão ruim.- A loira riu com o próprio senso de humor sombrio, mas percebeu que era uma péssima ideia ao ver a morena a fuzilando com o olhar.- Er...- Pigarreou.- Foi uma piada.

- Acha que sua vida é uma piada, Samantha?- Um questionamento sério, apesar do pingo de mágoa junto.
Durante o tempo que descobriu sobre realmente ser mãe de Sam, Mills teve todo o tipo de reação possível,  desde alívio a desespero. Ela não conseguiu falar com Gold também, e ela havia tentado de verdade; E-mails, ligações, mensagens, magia e até mesmo cartas.
O homem estava incomunicável, ela pediu uma pequena licença apenas para chorar no conforto da sua residência. Ela também visitou Anástasia na esperança de conseguir algum registro da garota quando era mais jovem, mas o estado completamente debilitado da mulher fazia sua consciência pesar ainda mais.

- Com todo respeito que eu tenho a senhora, eu sou alguém sem ninguém no mundo.- Sam encarava as próprias mãos.- Minha mãe está nas últimas e depois que ela se for, será apenas eu por mim mesmo. Me jogaram no lixo, senhorita prefeita.- Ela encarou os olhos marejados da rainha.- Literalmente para os lobos em uma floresta, Anastásia estava fazendo um acampamento por perto e me salvou mas essa cicatriz...- Apontou para o seu olho.- Me lembra que eu sou apenas uma falha.

Em um ato de impulso, Regina pegou a mão da garota e colocou em cima da mesa apertando a mesma com força fazendo com que Samantha olhasse no fundo dos seus olhos. A mesma obedeceu, sentindo um conforto na dentro do seu peito, um sentimento bem lá no fundo que a dizia que ia ficar tudo bem no final de tudo.

- Seu aniversário é no mês que vem, li no contrato.- Soltou a mão da garota voltando a si.- Dezoito anos. Você não acha muito cedo pra morar sozinha?

- Eu meio que sempre morei sozinha, Ana trabalhava muito e eu aprendi a me virar.- Respondeu simples.

- Coincidentemente a data do seu aniversário cai no dia do festival de outono.- Analisou o rosto de Sam que pareceu pesar, a prefeita achou que a menina iria se animar mas apenas demonstrou a informação terminar.- Estava pensando em mudar o festival para um baile de máscaras.

- Isso demandaria muito da delegacia, estamos com efetivo abaixo da média segura para tal evento, teríamos que abrir um período de testes e preparação e-

- Samantha eu tenho tudo isso em mente, mas no seu aniversário é inadmissível que eu permita que você trabalhe na segurança.- A postura da jovem foi ajeitada.

- Não sei o porque a senhora me chamou então.- Regina mergulhou no chocolate das retinas levemente brilhantes que a encaravam, nada além de alguém quebrado.

O que Regina sabia exatamente o que era ser. Aquela dor e vazio de ter uma vida onde não valeria a pena comemorar nem se quer seu aniversário. Se dependesse da rainha ela correria e pularia a mais nova em um abraço tentando buscar um perdão que ela sabia que provavelmente nunca viria. Mills sabia que aquele olhar era de uma dor familiar, a dor de ódio e medo; que vinham de um abandono revoltante, por culpa de Emma. É isso, ela tinha que confrontar Emma e jogar na cara da Xerife que ela havia perdido 18 anos de alguém tão incrível por uma ameaça de quase 19 anos atrás, pela covardia da loira.

Isso era imperdoável.

- No baile de máscaras, algumas pessoas vão a caráter na cidade. Como na idade de príncipes e princesas, Reis e rainhas.- A policial cruzou os braços suspirou em sequência.

- Quer que eu vá como uma princesa? Com aqueles vestidos rodados e tiara brilhante na cabeça?- Riu.- Com todo respeito senhorita Mills, eu não uso isso.

- Então vá com shenrun a caráter. Zelena faria um do jeito que quisesse.- Se inclinou.- Será meu presente de aniversário.

- Se a Senhorita insiste.- Deu um sorriso amarelo.- Permissão para voltar a delegacia?

- Concedida.- A loira se levantou.- E por favor, me chame de Regina.

- Claro, boa noite... Regina.- Sorriu antes de finalmente passar pela porta.

Emma estava debaixo da caminhonete verificando algumas coisas do escapamento, pois o mesmo estava fazendo um barulho extremamente estressante. Ela parecia bastante concentrada quando ouviu os barulhos dos saltos mais conhecidos da cidade.

- Precisamos conversar, Senhorita Swan.

Swanqueen - A Filha Perdida Onde histórias criam vida. Descubra agora