Capítulo quatorze

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Emma se levantou buscando a pia da garagem, suas mãos estavam cheias de graxa junto da sua tradicional regata que agora não era mais tão branca. A prefeita esperava impacientemente, isso não passou despercebido pela salvadora, ela conhecia Regina na palma das suas mãos e pelo jeito ela estava encrencada.

- O que aconteceu, Regina? São nove horas da noite.- Encarou a morena.

- Samantha aconteceu, Emma.- O tom de evilqueen tão conhecido pela xerife não a assustava mais, toda via a deixava tensa.

- Ela aprontou alguma coisa? Ela prometeu que ficaria longe das capas dos jornais.- Secou as mãos na própria roupa e se voltou para a Rainha.

- Não se faça, Swan! Você não percebe nada nela? Aqueles cabelos loiros, aquela teimosia e principalmente o mal gosto de locomoção.- Emma não estava entendendo onde Regina queria chegar, sua feição transparecia claramente a confusão. Já a morena estava com lágrimas nos olhos e totalmente possessa.- Samantha, Emma! Anos atrás quando você voltou e eu tive uma conversa muito séria contigo...

- Regina, eu fiquei mais tempo que o esperado na floresta encantada; e quando cheguei, David me chamou para uma missão de 2 dias pela procura do dengoso e do soneca.- Seu corpo Escorou na parede visto que suas orbes verdes buscavam a morena.

- Não, não venha fugir das consequências dos seus atos novamente, Swan!- Seu corpo acompanhava sua indignação com movimentos demonstrativos, mesmo que a mulher a sua frente não entendesse o motivo disso tudo.- Você estava lá! Com toda sua postura de dona da verdade e arrogância! Você a rejeitou! Disse que eu menti!

Emma se aproximou com a feição de confusão, mas Regina prontamente se afastou bloqueando qualquer tipo de afeto vindo da maior. Seu coração bombeava ferozmente e seu corpo estava tremendo, mesmo sendo uma mulher conhecida por intimidar isso claramente estava afetando mais ela do que a outra presente.

- Eu realmente não sei do que você está falando, ligue para David! Ele pode confirmar.- Voltou a se aproximar e novamente não teve êxito.- Melhor, faça o seguinte. Você é prefeita, ligue para a cabine florestal próximo a Baker Street, mande o Galton ir nos arquivos de 18 anos atrás. Lá vai ter um relatório com a minha assinatura, assinatura da Guarda Florestal Penny também. Regina seja lá do que você esteja falando, eu não sei do que se trata.

Seu tom era firme e convincente, ela realmente não estava brincando e a rainha tinha consciência disso. Mas agora em que possibilidade pensar? Simples, não pensar. Mills sempre foi o tipo de mulher que não acreditava em nada até ver com os próprios olhos. Então ela deu uma última olhada nos olhos mais sinceros que já tinha visto e saiu pela porta como uma brisa qualquer.
Já Swan ali ficou, pensando em tudo que a mulher despejou sobre si, e ela não sabia o que dizer. Tudo indicava que Samantha era o tema do mal entendido, então somando 2 + 2... mas não podia ser, era biologicamente impossível. Mas e magicamente? Ela era xerife e uma ótima caçadora de recompensas. Emma Swan iria investigar isso.

Quanto a Regina Mills, essa estava em frente a um enorme prédio, que agora era centro de documentos antigos. Seus dedos batucavam no volante enquanto sua visão era fixa em um canto qualquer da rua. Na sua cabeça as palavras de Emma circulavam dentro da cabeça da mulher em um ciclo vicioso.
Ao ouvir alguém batucar no vidro, acordou do seu transe e deu atenção a loira.

- Senhorita prefeita.- A voz de Sam fez a mulher abrir um sorriso involuntário.

- Já disse que pode me chamar de Regina, querida.- Avistou a moto encostada um pouco longe dali, em frente ao Nikk's, um fliperama. Qualquer dia ela daria um jeito de sumir com aquele ferro velho.

- Ouviu sobre o jogo de hoje de manhã? A sequência invicta continua com 2 assistências minhas, até Robin fez gol hoje.- Como uma mãe orgulhosa, a mais velha ouvia com atenção.- Perdão vir aqui, mas a senhora já está aí a um tempo. Fiquei preocupada.

- Foi bom você vir.- Ao sair do veículo ajeitou sua saia de algodão e pendurou sua bolsa.- Tenho que ver alguns arquivos.

- Uh, isso vai demorar horas! Deixa que eu faço isso. Apenas me diga o ano e o mês, eu me prontifico de levar na sua residência pessoalmente.- Suas mãos descansavam no bolso da calça cargo. Regina não pode deixar de reparar que sua educação era perfeita.

- Eu já estou aqui...

- Confie em mim, nada que um rosto jovem, um distintivo e lábia não resolva mais rápido.- Seu sorriso soou sedutor arrancando um riso debochado da menor que ajeitou sua postura.

- Está me chamando de velha, Samantha?- Como Emma fazia, Sam arregalou os olhos e travou.

- De experiente.- Pigarreou. Os olhos de Regina seguiram a careta engraçada.

- A data está aqui, toda informação também.- Entregou o papel a jogadora que assentiu com um pequeno sorriso, agradecendo a confiança.

- Então eu já vou, te vejo logo mais.- Saiu em passos largos.

O vento gelado fez a mulher se encolher, ela observou sua filha entrar no edifício. Ela se orgulhava de como Samantha, apesar dos pesares, se criou. Então seu pensamento rondou Swan, que não iria esquecer esse assunto. Sentiu seu coração voltar a acelerar como um mustang em uma avenida. Medo. Era isso que a rainha má sentia, calafrios na espinha.

(...)

Emma estacionou a caminhonete em frente a prefeitura, ela ponderou novamente se deveria entrar ou não.
Na verdade pensou nisso durante toda a tarde. Hope perguntou se ela estava bem, ela não estava, e a pergunta foi totalmente retórica. Quando degustou o capuccino duas horas antes sua mente se perguntava se deveria realmente buscar saber dessa história, mas seu coração gritava que sim.
Saiu do carro convicta do que queria, ao passar pela porta deixou o distintivo bem a vista.

- A senhora Carson está?- A recepcionista confirmou e pediu para a xerife esperar pois estava resolvendo algo com um homem a sua frente.

Quando ficou disponível se levantou e levou sua acompanhante até uma sala discreta onde ficava a responsável pelas notas fiscais da prefeitura. A idosa ouviu as singelas batidas e se levantou deixando os óculos de leitura ficarem pendurados pelo barbante em seu pescoço, ela abriu a porta vendo a princesa do outro lado.

- Emma Swan, a que devo a honra?- Permitiu a passagem da mulher que caminhou até meados do local.

- Senhora Carson, você trabalha aqui a muitos anos. Desde a maldição, estava aqui quando a Regina pediu Licença, não?- A senhora assentiu voltando ao seu acento, ela ofereceu o bule de chá que ficava em cima da sua mesa, mas Swan recusou.

- Foi estranho mesmo, ela sumiu por quase um ano.- Bebericou sua xícara.

- Quase um ano?- Se escorou na cadeira.

- Sim, voltou muito emotiva. Distante... tem a ver com aquela discussão que vocês tiveram naquele ano.- Então Emma fechou a cara, sua feição se tornou indecifrável.

- A sim, isso.- Decidiu entrar no jogo.- Aquele dia foi intenso...

- Foi uma coisa horrível, até disseram que ela estava grávida!- Riu.- Esse povo não tem escrúpulos.

Fechou os olhos com um tanto de intensidade, seu pensamento era um monte de peças embaralhadas como um quebra-cabeça e nesse momento nada fazia sentido.

- Quem poderia dizer esse absurdo?- Jogou o verde voltando sua atenção a Carson.

- A secretária da época, lembro que o próprio Gold fez questão de a demitir.

Gold.

Porque alguém como ele, que vive como gato e rato com Regina iria fazer algo pensando no bem da mesma, porquê ele iria se meter nesse assunto e o pior, como isso tudo girava em torno de se ela nem estava lá?

Isso tudo estava a enlouquecendo.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2023 ⏰

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