#10 - sacrifícios

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𝑂 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑡𝑎́ 𝑣𝑖𝑛𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑎 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑟𝑖𝑓𝑖́𝑐𝑖𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎́ 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝑓𝑎𝑧𝑒𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑒𝑙𝑒.
𝐸 𝑖𝑠𝑠𝑜 𝑛𝑎̃𝑜 𝑠𝑖𝑔𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒𝑢 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑠𝑎𝑖𝑟𝑎́ 𝑖𝑛𝑡𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑐𝑎𝑜𝑠.

- 𝙀𝙡𝙡𝙚𝙣 𝙂. 𝙒𝙝𝙞𝙩𝙚.


Quando percebo que a porta está trancada na casa dos Mansom pego meu celular, aperto no nome de Andrew com força na tela, ouvindo a chamada ser efetuada.

Meus dedos estão tremendo quando levo o aparelho até o ouvido, o barulho de espera é angustiante.

Não só pelo que acabei de vivenciar nas últimas horas, com Carl sendo passivo agressivo, Thaisa guardando frascos de droga no closet e Samanta me protegendo do pior enquanto parecia ter visto um fantasma diante de si.

Tudo isso está esquisito pra cacete.

Também penso no que Carl disse sobre o dia do lago, imaginando Andrew quando criança, os cabelos molhados, os olhos contendo uma fúria desmentida enquanto ele obrigava Carl Jolden a me devolver o que me pertencia.

Poderia ter sido ele na minha porta aquele dia, segurando meu colar e quem sabe... Poderia ter sido nós dois a nos beijar atrás do refeitório da escola, ignorando o fato de Carl estar lá com outra garota.

Se eu tivesse estado com Andrew ali Carl seria irrelevante. Tudo teria sido diferente.

E eu não teria passado tanto tempo tentando destruir os meus sentimentos por ele, tentando ser apenas sua amiga quando no fundo eu sabia que desejava mais.

- oi raposinha - ele diz parecendo cansado, eu não evito de me sentir aliviada - por favor me diga que você está bem.

Eu inspiro fundo. É tão bom ouvir a voz dele.

- pode abrir a porta pra mim? Estou trancada pra fora. - ouço o som abafado e grave do seu riso.

- tudo bem já estou indo. - o encontro escorado na porta alguns minutos depois, o nariz vermelho na ponta e os olhos meio fundos. - oi.

Ele diz com uma expressão calorosa, sorrindo pra mim mesmo parecendo cansado.

- deveria ter ido dormir - eu digo entrando e me escondendo no seu abraço, quis isso por horas, e é tão seguro nos braços dele que quase tenho que chorar pra tirar toda a confusão horrível dessa noite - senti saudade.

É tudo o que digo, tudo o que me permito dizer. Ele parece perceber meu corpo tenso, minha angústia.

- Usted ya está en casa, está comigo. - ele diz ao me apertar entre seu corpo - nunca vou deixar ninguém te machucar.

Isso só me faz pensar ainda mais sobre a metade do coração partido pendurado em meu pescoço.

Ele me viu usando este colar por tanto tempo, e nunca me disse nada, nunca levou nenhum crédito.

Isso não se parece com o Andrew que eu conheço, altruísta ao ponto de pular em um lago e deixar a cena vitoriosa para outro garoto levá-la.

Ele sempre gostou de chamar atenção das garotas que gostava, por que não tentou levar a minha atenção também?

Isso não significou nada para ele ao ponto de ele nem se importar em me contar?

Mas se isso fosse irrelevante, ele estaria aqui me olhando dessa forma gentil e segurando tão firme o meu corpo? Sou tão fútil assim? Tão ingênua?

Doce ruínaOnde histórias criam vida. Descubra agora