#12 - sem mais segredos

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𝐴𝑠 𝑒𝑚𝑜𝑐̧𝑜̃𝑒𝑠 𝑛𝑎̃𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑢𝑛𝑐𝑎 𝑚𝑜𝑟𝑟𝑒𝑚. 𝐸𝑙𝑎𝑠 𝑠𝑎̃𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 𝒗𝒊𝒗𝒂𝒔 𝑒 𝑠𝑎𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑡𝑎𝑟𝑑𝑒.

- 𝙎𝙞𝙜𝙢𝙪𝙣𝙙 𝙁𝙧𝙚𝙪𝙙.


[Visão Samanta]

Meu cabelo é escovado ao limite, enrolado nas pontas e preso com dezenas de grampos que me arranham em algo lindo e extravagante.

Ninguém olharia para os olhos cansados e mórbidos de uma mulher com um penteado assim.

Essa é a intenção.

Já que nem minha própria mãe faz questão de me olhar diretamente.

Então o que acontece? Me pergunto me olhando ao espelho, o que acontece quando uma mulher está tão morta por dentro que é preciso embelezar seu corpo com perfeição para ninguém sentir o fedor da carcaça em seu peito?

Aonde já esteve meu coração agora só restou vermes da arrogância e a Podridão do medo me corroendo inteira.

- perfeita - diz minha mãe me fazendo corrigir a postura quando me chama. - todos estarão olhando para você.

Olhando para mim. Uma marionete nas mãos da minha mãe, presa em cordas na qual ela puxará até que se partam e enfim quebre meu corpo inteiro.

- terei mesmo que ir nesse evento antes de você?

Apesar de odiá-la ainda sou sua filha, no meu primeiro instinto de medo eu corro para os braços dela.

De todo modo, não quero acompanhar meu padrasto sozinha, não quero ser perfeita hoje.

Ela olha o celular impaciente.

- preciso me arrumar ainda filha, isso nos atrasaria muito. - ela tecla a tela com força, esteve fazendo isso a semana toda. Irritada como se estivesse sendo ignorada.

Furiosa ao erceber por um curto momento que o mundo não gira ao seu redor.

- entendo. - respondo sem emoção alguma.

Ela tira os olhos do celular para me olhar pelo espelho, consigo ver um temor familiar em seus olhos.

Medo de eu estragar tudo, ou talvez seja medo da própria arrogância dela acabar lhe sufocando essa noite.

- querida, hoje é para se sentir vitoriosa - ela segura meus ombros atrás de mim, estou tremendo - terá o pai que tanto quer para seu bebê.

Aperto meu vestido entre meus dedos e minha falsa expressão de contentamento quase some do meu rosto.

Ela sabe que o pai que eu tanto queria para o meu bebê morreu.

E isso não me deixa tão furiosa quanto o fato de ser ela a principal suspeita de tê-lo matado.

Maldita impostora desgraçada.

- farei o que preciso fazer - digo não me referindo a arranjar um pai falso pro meu feto - tudo pelo meu futuro, não é mamãe?

Doce ruínaOnde histórias criam vida. Descubra agora