#4 - lobos mentem

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Decidi deixar toda aquela conversa da Thaísa com a Sam de lado, devo estar delirando sobre as coisas que ouvi e associei isso a um garoto que está morto de verdade, e que tem um memorial na ponte vermelha.

Isso só pode ser loucura. No mínimo impossível.

Eu me sento no colchão respirando fundo enquanto associo isso, não posso perder o meu foco, mandei minha inscrição para uma faculdade renomada na Grécia. Já estou sonhando alto de mais, se eu ficar pensando em me meter em coisas problemáticas assim vou cair mais rápido do que Ícaro quando se aproximou do sol.

Mesmo assim não deixo de ouvir a voz embriagada de Thaisa e do seu sorriso estranho ao dizer:

"Querida, supere isso. Ele já está morto."

Ela não disse isso da forma literal. Certo?

- caramba você tem que me contar tudo! Como foi? Foi bom? Usou proteção né? - ouço risinhos chiados do celular da minha irmã quando ela saí do banheiro, ela me olha surpresa talvez por que não esperava me ver de pé tão cedo.

Mas para ajudar com o silêncio constrangedor meu pai ainda aparece na porta, sem bater.

- alissa preciso que desça em cinco minutos. - ele diz sem nem ao menos amenizar isso com um "bom dia filha como posso começar a estragar o seu dia hoje?"

- por que precisa de mim?

- você vai comigo ver o escritório, faz muito tempo que não vai lá, seria uma boa idéia não acha?

Eu olho para Sam e ela parece tão confusa quanto eu. Bom, não devo ter muita opção.

- tá, já vou descer.

Ele concorda e volta a fechar a porta. O celular de Sam é o que quebra o novo silêncio desconfortável:

- amiga ainda tá aí? Eu quero detalhessss - diz a garota fazendo uma voz fina no telefone.

- não posso falar agora. - diz ela desligando sem mais nem menos.

Isso foi estranho.

Mas não viaja alissa é o estranho normal de adolecente, se ela realmente dormiu com o namorado ontem ou sei lá o que eu provavelmente sou a última pessoa que ela quer bisbilhotando esse assunto.

- o que tá fazendo aqui ainda? - pergunta ela de forma rude - ele disse pra você descer em cinco minutos.

Caramba verdade, eu nem escovei os dentes ainda. Preciso mesmo tirar esse assunto de ontem da cabeça.

Quando finalmente desço mal tive tempo de pentear meu cabelo e ainda estou atrasada, mas meu pai nem parece perceber.

- vamos indo - ele diz andando até a garagem, merda eu não vou mesmo ter tempo nem de tomar café?

Que tipo de tortura ele tá planejando pra mim?

- seje sincero por que me trouxe até aqui. - digo quando ele ativa o alarme do carro na sua vaga de estacionamento e estamos a caminho do seu escritório.

- você precisa ver as vantagens do seu futuro se aceitar de vez a minha oferta. - ele Soa meio sarcástico - ou ser obrigada a aceitá-la quando não cumprir o nosso acordo. O que vier primeiro.

Sabia que ele estava só querendo esfregar esse joguinho na minha cara.

- sua confiança em mim é admirável pai. - falo no mesmo tom que ele.

A moça do balcão nos recepciona. Ela pergunta se meu pai quer alguma coisa e logo em seguida se vira para mim, acho que esperando a minha resposta.

- café, por favor - preciso muito mesmo de café.

Doce ruínaOnde histórias criam vida. Descubra agora