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Quando se tem uma vida difícil, você tem que saber que, o mundo sempre vai se virar contra você para deixar tudo ainda mais complicado.
Era assim que Harin via sua vida.
Complicada.
Como uma jovem de 23 anos, Kwan Harin imaginou que agora estaria vivendo a sua melhor fase.
Estaria prestes a se formar, iria a várias festas em repúblicas universitárias, sairia para beber com as amigas de classe e possivelmente teria um namorado.
Mas o mundo não é feito de rosas.
Bastou uma anomalia dimensional para tudo descer pela descarga.
Sonhos, expectativas, esperanças...
Família.
Tudo foi por água a baixo quando o "Portal" apareceu, trazendo com ele uma onda de catástrofes.
Monstros que saiam das fendas, masmorras repletas de monstros violentos, doenças.
Tudo veio como um furacão.
E a família Kwan não estava preparada para toda a desgraça que se seguiria depois do primeiro portal.
Harin nunca se esqueceria do que aconteceu no dia em que tudo deu errado.
Foi a oito anos atrás, quando tinha quinze anos.
Ela, seus pais e suas duas irmãs mais novas estavam na avenida principal depois de um agradável dia em família, no primeiro fim de semana das férias do ano letivo.
Depois de um tarde agradável e divertida em um parque de diversões, a família Kwan voltava para casa cheios de sorrisos e conversas sobre retornar ao parque no ano seguinte, quando o mesmo voltasse a cidade de Busan.
O primeiro portal já havia se aberto naquela época, e muitos outros vieram em seguida.
A oito anos atrás, muitas guildas também estavam se formando, muitas delas fecharam nos anos seguintes, mas outras se ergueram e se tornaram muito famosas.
Entre elas a Associação.
Graças a essas guildas e os Caçadores, os cidadãos da Corea continuaram suas vidas sem muitas preocupações.
Imaginando que a vida seguiria normalmente, Harin nunca imaginou que algo de ruim aconteceria em sua vida.
Mas aconteceu.
Por conta da falta de competência dos caçadores de uma antiga guilda, essa que se chamava Ghost, alguns monstros escaparam do portal e vieram ao mundo "real".
Como Harin soube disso?
Muitos ouviram pelo rádio, outros assistiram na televisão, alguns leram pelo smartphone.
Mas Harin não.
Ela viu.
Em primeira mão.
Uma pequena orda de orcs escaparam pelo portal que se abriu em um cruzamento da avenida principal.
E esses orcs destruíram tudo que estava ao alcance.
Assustados, a família Kwan tentaram escapar do eminente encontro com os orcs, mas bastou um pisar no freio para tudo ir pelos ares.
Por conta do desespero dos motoristas, uma série de acidentes de trânsito aconteceram, dentre eles um aconteceu exatamente no carro prata onde Harin e sua família estava.
Um motorista desesperado vinha em alta velocidade, de ré, na mesma faixa em que o Chevrolet prateado dos Kwan estava tentando se infiltrar.
Uma buzina depois e o grande impacto aconteceu.
Vidros estilhaçados voaram pelo ar, gritos das crianças e dos mais velhos foram ouvidos, o som do metal se amassando ecoou e em segundos, o carro estava derrapando na calçada de pedestres e colidindo com um poste.
Naquele acidente, Kwan Harin saiu com alguns cortes, assim como suas duas irmãs, Kwan Haneul, de dez anos e Kwan Hana, de oito anos.
Mas seus pais não tiveram tanta sorte.
Naquele dia, Kwan Jeong Bae e Kwan Eun Hee, seus pais, faleceram.
Deixando três filhas órfãs.
Foi como se o mundo tivesse acabado, e talvez realmente tivesse.
Dois meses depois, as irmãs Kwan saíram do Orfanato Estadual de Busan para morar com uma tia em Seoul.
A vida não era mais a mesma.
Sua tia, Bae Eunbi era uma mulher jovem demais para cuidar de três crianças, irresponsável demais, mas comprometida a criar as três meninas.
Pelo menos até Kwan Harin ter idade suficiente para ficar com a guarda das irmãs.
Para uma adolescente de apenas 15 anos, a pressão foi demais.
O luto, a ansiedade de se formar cedo, a responsabilidade de cuidar de mais duas crianças, trabalhos escolares, trabalhos de meio período para ajudar a tia no sustento, tudo isso foi pesado demais para a menina.
Ela era jovem demais para tudo aquilo.
E esse peso, o peso da responsabilidade, a impediu de ingressar na universidade.
Quando menos percebeu, estava em uma cadeira de plástico, esperando sua vez para medir seu ranking.
Ela estava tão nervosa naquele dia, seus dezessete anos estavam a dois meses de se findar e a notícia de que não teria como escolher a faculdade ao invés das irmãs chegou, Harin buscou a forma mais simples de ganhar dinheiro.
As guildas.
E assim como muitos outros, tudo o que ela precisava era de um simples D.
Mas quando saiu daquela sala, o papel em suas mãos estava escrito um decepcionante E.
Um E.
Naquele tarde, Harin chegou em casa desolada, sem saber o que fazer.
Até que, duas semanas depois, o anúncio de que vagas estavam abertas para trabalhar como coletor surgiu no jornal.
E foi assim que Harin comemorou seu décimo oitavo aniversário.
Com um capacete de segurança amarelo e uma lanterna na cabeça, com uma picareta nas mãos e com um macacão azul petróleo sujo de terra.
Ela se tornou uma coletora.
Uma jovem pequena e magra, delicada demais para parecer alguém que trabalhava em algo tão pesado.
Mas ela não se importava.
Não quando o dinheiro era suficiente para viver.
Não quando o dinheiro era suficiente para pagar o aluguel de um apartamento simples e barato em Seoul.
Não quando podia pagar os estudos de suas irmãs.
Não quando podia suster a única família que lhe restou.
Mesmo que tivesse que abrir mão de si mesma.
Seu único pensamento era que, contanto que suas irmãzinhas estivessem bem, ela estava bem.
Mas ela não imaginou que seu trabalho, por mais difícil e pesado que fosse.