Prólogo

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CECÍLIA
Americo Brasiliense, 2015

Estávamos no churrasco de despedida que minha família organizou. Ali estavam algumas das muitas pessoas por quem eu mais tinha carinho no mundo.

— Ai, nem acredito que meu bebê já vai pra São Paulo — minha mãe fala com uma pontinha de melancolia na voz.

Nem eu mesma acreditava que finalmente sairia de Americo Brasiliense realizaria meu sonho de fazer moda.
Nunca tivemos condições financeiras maravilhosas, então conseguir ter passado em Têxtil e Moda em uma faculdade tão boa como a USP significava o mundo para mim.

— Eu tenho tanto orgulho de você — ela falou seus olhos começaram a brilhar — pelo menos eu ainda tenho seu irmão para me aturar por aqui — ela disse tentando achar algum consolo enquanto deu um sorriso, que fez com que seus olhos se fechassem levemente, deixando uma lágrima escorrer por seu rosto.

Minha mãe não era muito de chorar, mas acho que saber que sua filha mais nova já estava grande o suficiente para entrar numa universidade e se mudar para uma cidade imensa causou um leve choque. No entanto, em menos de um segundo ela já estava totalmente recomposta.

— Agora vai lá aproveitar a festinha, porque já já o pessoal deve começar a ir embora — ela falou com um sorriso reconfortante no rosto — Amo você

— Também te amo, mãe — eu a abracei — mais do que você consegue imaginar

...

Eu estava me despedindo de Catarina — que era quase uma mãe para mim, além de ser mãe do melhor amigo do meu irmão — quando ela saiu de meu abraço e segurou meus ombros.

— Ah, minha menina. Você cresceu tanto — ela falou, enquanto me encarava  — Sabe que pode contar comigo para tudo. Estou a um telefonema de distância

— Obrigada, Cat! Vou sentir muito a sua falta, muito mesmo

— Ah, mais uma coisa. Você estará ali pertinho do João, então, qualquer coisa que precisar, fala com ele. Vê se não banca a durona tentando passar pelos problemas sozinha, viu? — ela me olhou meio séria e meio brincalhona

— Acha mesmo que não me viro sozinha? Pensei que confiava em mim — fiz uma expressão de ofendida de brincadeira

— Confiar em você? Se tornou impossível depois de ter visto o resultado da minha cozinha depois que você decidiu cozinhar lá

— Foi só um pouco de fogo, que, por sinal, eu mesma apaguei — falei rindo e ela entrou na gargalhada

— Cecí, você sabe que eu brinco, mas estou falando sério. Você pode contar com ele para o que precisar — ela me olhou mais séria

— Tudo bem, Cat, eu ligarei caso precise — falei apenas para por um fim naquela conversa

Eu até ligaria, mas preferia me manter longe das coisas que me lembrassem daqui por um tempo. Não porque eu não amo esse lugar e as pessoas que vivem nele, mas sim porque eu preciso de uma nova vida.

Não vou mentir, pode ter a ver com o que a minha relação e de João foi se tornando conforme envelhecíamos. Eu gostava muito dele e ele de mim.
Esse amor nos manteve juntos por incríveis 4 meses. Não chegamos a namorar de verdade, mas saímos por aí, em praças, cinemas etc. como um casal. Andávamos de mãos dadas, roubávamos beijos um do outro e éramos muito felizes.
Antes de ir para São Paulo, porém, ele disse que não podia fazer isso comigo — me manter presa a alguém tão distante — e terminou tudo o que tínhamos.
Doeu.
Mas, afinal, acho que deve ter sido melhor assim. Cada um seguiu seu rumo. E eu sempre morria de medo de que algo acontecesse e eu estragasse toda a amizade dele com meu irmão de qualquer jeito.
Foi como uma despedida no fim de um verão.
Eu ainda o via, como em festas de família e quando ele vinha para cá, mas evitava ao máximo todo tipo de contato.

Saí de meus devaneios quando Catarina me abraçou novamente e então se separou para dizer que me amava, e eu a respondi com as mesmas palavras.

Aos poucos, todos foram embora e foi então que comecei a arrumar os últimos detalhes para minha partida.
O início de minha nova vida.

______

nota:
oii!!
primeiramente muito obrigada por lerem!
eu tenho essa história em mente desde PIRATA — eu a criava e a completava todos os dias antes de dormir. Quando o Jão lançou Radio , porém, foi como ela se completasse e eu não conseguia parar de ligar mais e mais pontos para completa-la
eu não pretendia publicar, mas tive algum incentivo de uma amiga em adição à minha grande vontade de que mais pessoas ganhassem carinho por essa história como eu
não vejo problema se ninguém ler também kk
se tiverem alguma dica de como melhorar ou qualquer avaliação, avisem :)

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