Jungkook puxou a gola do casaco mais para cima, protegendo-se do frio. Gostava do inverno, e adorava neve, mas aquela noite estava especialmente fria. Seul em dezembro não era convidativa, mas este ano a estação estava sendo mesmo rigorosa. Compreendia porque os marqueses de Gwacheon-si encabeçaram uma campanha de arrecadação de agasalhos e mantimentos para os pobres da cidade.Se os aristocratas e a camada mais alta da sociedade estavam tendo dificuldade para conviver com a friagem, mesmo com lares aquecidos por lareiras sempre bem abastecidas, como poderia estar sendo para aqueles que mal tinham um teto para dormir e um pedaço de pão adormecido para comer?
O lorde esfregou as mãos. Santo Deus. Por que seus amigos haviam marcado justo hoje para conhecer o mais novo bordel da periferia? Olhou em torno, observando uma ou outra sombra cruzando rapidamente as ruas. Aparentemente nem os ladrões do bairro animavam-se em ficar perambulando por aí.
Um falatório que ia aumentando conforme caminhava chamou-lhe a atenção. Uma voz doce, típica de um ômega erguia-se sobre as outras, e percebia-se muito bem que vozes grossas e roucas de alfas soavam alteradas. A veia do cavalheirismo saltou no pescoço de Jungkook. E ele acelerou o passo, seguindo em direção à discussão. Se um ômega estava em apuros, ele iria salvá-lo!
Jungkook viu o ajuntamento de pessoas mesmo de longe. E também sua agitação. Alfas gesticulavam em volta de um ômega pequeno, que agora abria os braços de modo amplo. Jeon Jungkook começou a correr na direção de onde acontecia a confusão. Suas botas eram de boa qualidade, com solado adequado para uso no inverno, mas a neve naquele pedaço já adquirira o ponto de gelo, úmido e escorregadio.
O alfa perdeu o controle dos próprios pés quando já estava perto o bastante do grupo que discutia. Deslizou e patinou para frente, numa impressionante disparada que freou como um milagre bem diante do ômega no centro do grupo. O falatório cessou subitamente, enquanto todos olhavam estarrecidos o indivíduo que se colocava entre eles, mais ligeiro que um trenó puxado por cavalos.
– Isto que eu chamo de chegada triunfal! – O ômega que ainda a pouco discutia sorriu-lhe.
– Ele deve estar muito faminto! Dê-lhe uma porção primeiro! – Comentou um dos alfas à volta.
Jungkook olhou de um rosto para outro, também surpreso. Estava óbvio que cometera um engano.
As pessoas ali reunidas não estavam brigando, muito menos um ômega estava sendo atacado. Ele fez uma mesura educada e deu um passo atrás, constrangido por seus modos e disposto a pedir desculpas e afastar-se o mais rápido possível dali, mas seu corpo mais uma vez o traiu.
Jungkook oscilou para frente, sacudindo os braços, num movimento brusco que fez com que as pessoas ao seu redor gritarem assustadas, e por fim e, não menos vergonhoso, o alfa desequilibrou-se totalmente e caiu de modo deselegante, estatelando seu traseiro nobre no chão.
Mãos solícitas o reergueram, acompanhadas de risadinhas compreensivas.
– Você está bem?
O ômega a quem supostamente viera salvar, aproximara-se dele, observando-o com atenção.
– Sim, é claro.
Fora seu orgulho, tudo estava em ordem.
Jungkook passou os olhos rapidamente em volta. Percebeu que além do aglomerado onde estava, mais pessoas reuniam-se em pequenos grupos, e outras chegavam. Havia alfas, ômegas e filhotes. E pelas vestimentas, eram pessoas bem pobres. Alguns pequeninos estavam enrolados em cobertores velhos.
Uma tigela fumegante foi posta em suas mãos. Lorde Jeon Jungkook olhou para o caldo de aroma convidativo e então para o ômega que o entregara. Era o mesmo que parecia estar discutindo antes. O ômega não se vestia como os outros, embora se trajasse de modo simples. Seu sorriso bondoso o desconcertou.
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MILAGRES DO NATAL
Hayran KurguLeia a SINOPSES desta história no primeiro capítulo do livro. E aos interessados, desejo uma boa leitura!