Música do capítulo⬆️
Aleksandra.
Encaro o grupinho de Jenna antes de começar a me levantar, mas é claro que isso não dá certo.
Elas me empurram novamente para o chão, e quando eu começo a lutar, Jenna me pega pelos cabelos e começa a me arrastar pelo chão do corredor.
-Abra a porra da porta do banheiro Judith!-Jenna continua me arrastando enquanto Edith vai até a porta do banheiro, mas logo Melissa vem a ajudar Jenna a me arrastar.
Quando sou atirada para dentro do banheiro, chuto, esperneio, balanço meus braços e todo o meu corpo para sair do aperto delas, mas em vão, pois agora as três me seguram.
-Tranque a porta!-Jenna rosna e Melissa o faz.
-Me soltem porra!Eu vou gritar!-Eu esbravejo, mas tudo que Jenna faz é rir alto.
-Você acha mesmo que alguém liga para oque acontece com você?Você não é ninguém, é uma aberração, não há ninguém aqui nesse orfanato ou nesse mundo que se importe com você, do contrario, você não estaria aqui, não é?
Apesar da grande parcela de verdade que corta meu coração, eu me recuso a deixar Jenna ver que acertou o ponto.
-Fodase vadia, você não é melhor, como está o papai?-Eu zombo e logo as feições debochadas de Jenna mudam para raiva pura.
-Como você ousa seu pedaço de merda?
Tapa.Tapa.Tapa.
A picada da dor parece reconfortante, parece acabar com o turbilhão de pensamentos passando na minha cabeça.
Começo a chutar Melissa e Judith que me seguram, e por sorte, consigo acertar a barriga de Judith e arranho o rosto de Melissa.
Por momentos, sinto a euforia, até que sinto como se uma bola de canhão tivesse me acertado nas costelas.
Fico sem ar com a pressão, Jenna me deu um chute no estômago, mas ela não para por aí.-Segurem ela!-Jenna joga seus cabelos para trás e me recuso a fechar os olhos.
Judith me tem em sua frente e Melissa a ajuda.Apesar de toda luta em mim, não me concentro em Jenna e perco de desviar de seu próximo chute, dessa vez em minhas pernas.
-Vou ensinar você a me respeitar aberração!-Jenna pega meus cabelos novamente, mas dessa vez sem me arrastar, ela apenas bate minha cabeça contra o azulejo amarelado do chão.
Imediatamente sinto o gosto metálico na minha boca e minha visão turvando.
Metálico, rico, calmante, sangue.
Bate.Bate.Bate.
É o baque constante que escuto em meus ouvidos enquanto minha cabeça quica no chão.
Logo depois, o estrondo raivoso de um trovão.
Como diabos eu vim parar aqui?O que eu poderia ter feito de tão ruim para merecer isso?
Começo a cantarolar em pensamento uma das músicas ensinadas para as meninas do orfanato quando vamos à missa na igreja local, as únicas músicas que temos permissão de ouvir ou cantar.
Chama-se Dies Irae, Dia da Ira na tradução.
As freiras nos ensinam a maioria das músicas em latim, muitas sem a tradução, mas estranhamente, eu consigo entender todas.
Concentro-me também no tamborilhar dos trovões a distância, e começo.
Liber scriptus proferetur
In quo totum continetur
Unde mundus iudicetur
(O livro escrito será proferido
Em que tudo está contido
De onde o mundo será julgado)-Me ajudem!-Ouço o abafado da voz de Jenna e logo sinto chutes por todas as partes do meu corpo, como uma corrida sádica.
Iudex ergo cum sedebit
Quidquid latet apparebit
Nil inultum remanebit
(Quando o juiz tomar o seu lugar
Tudo o que é escondido, revelar-se-á
Nada permanecerá impune)Trovão.Trovão.
-Veja o que estamos fazendo com você aberração, estamos só começando.-Continuo cantarolando em minha cabeça quando Jenna abre as pálpebras do meu olho e me mostra um isqueiro e um sorriso satisfeito.
Quid sum miser tunc dicturus?
Quem patronum rogaturus
Cum vix iustus sit securus?
(O que eu, um miserável, direi?
A que patrono rogarei
Quando apenas o justo estiver seguro?)-Achamos que você é muito pálida, você sentiu falta do seu bronzeado, querida?-Ouço risadas abafadas e logo a queimação no meu braço.
Rex tremendæ majestatis
Qui salvandos salvas gratis
Salva me, fons pietatis
(Rei de grande majestade
Que salva livremente os que devem ser salvos
Salva-me, ó fonte de piedade)Trovão.Trovão.
-Tirem a roupa dela!
Recordare, iesu pie
Quod sum causa tuæ viæ
Ne me perdas illa die
(Lembre-se, piedoso Jesus
Que eu sou a causa de sua vinda
Não me perca naquele dia)Dor.Fogo.Dor.Chute.Dor.
Um ciclo sem fim.
Som de minhas roupas sendo rasgadas, continue cantarolando.Continue.Continue.
Dor.Balanço.Dor.Chute.Dor.
Quærens me, sedisti lassus
Redemisti crucem passus
Tantus labor non sit cassus
(Buscando-me, sentaste exausto
Redimiste-me, sofrendo na Cruz
Que tal trabalho não seja em vão)Um baque.Não o longe do trovão.Um alto.Ensurdecedor.Atrapalhando minha música.
-Vamos embora daqui!-Sons de sapatos correndo.
-Feliz Aniversário aberração!
Silêncio, finalmente, silêncio.
Forço meus olhos a se abrirem, e quando consigo, tudo que vejo é uma sombra do que parece ser um homem, me olhando na entrada da porta.
Será que é o anjo da morte?
Sem ter mais forças me entrego ao meu maior medo, a escuridão.
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Demon's Elite:Blood Moon
VampireAlex Birdwhistle não se lembra de como ou quando chegou no Ofanato Divine Devotion, sua única lembrança é dos monstros que a perseguem durante a noite e as boas meninas durante o dia. Para ela, viver no Orfanto exclusivo para meninas é uma verdadeir...