Capítulo 1-Passado

110 14 1
                                    

Aleksandra Birdwhistle, 7 anos.

Eu estou em um lugar escuro, não consigo ouvir nada além do insuportável silêncio agudo.

Não sei como vim parar aqui, não sei onde está minha mãe ou tia Dorth, tudo que eu sei é que os monstros foram até o quarto que eu dividia com a minha mãe, e me arrastaram para fora.

Os calafrios tomam conta do meu corpo encolhido e nu contra o chão molhado e a parede fria.Eu tremo tanto que não sei como meus dentes não racharam.

Tento manter minha respiração controlada como mamãe me ensinou em minhas crises de pânico, mas sinto que não funcionará, e dessa vez, não tenho ninguém além da escuridão.

Não sei ao certo quanto tempo se passa, mas ouço o destranque de uma porta soar.

Como se fosse possível, me encolho ainda mais em mim mesma quando uma luz vermelha acende.

Tento ajustar meus olhos a luz até que uma sala se ilumina, uma muito pequena sala vazia, muito descuidada, feita de cimento do teto ao chão, com sujeira e manchas nas paredes, água pingando do teto e uma pequena mangueira saindo no canto da parede.

Me esquecendo por um momento, viro meu olhar para a porta de metal com uma placa de saída, quando se abriu, lá está uma figura com uma máscara de gás parada olhando diretamente para mim.

Sei que é uma máscara de gás antiga, pois me lembro de ter visto uma máscara parecida no passeio escolar ao museu.

Encaro a figura com medo e apreensão a cada vez que se aproxima de mim, ela veste galochas de chuva cinzas-nada parecidas com as bonitas galochas rosa que mamãe comprou para mim brincar na chuva-e um macacão branco sujo e mal cuidado.

Algo no meu estômago se embrulha quando a figura derrepente corre em alta velocidade na minha direção e o medo se aperta em meu estômago.

Um vampiro, igual mamãe.

Nunca tinha conhecido nenhum outro, achei que mamãe poderia ser a única, ou pelo menos uma das poucas que existem em algum lugar no mundo.

Mamãe nunca respondeu minhas perguntas, mas isso não me impedia de pensar em minhas próprias respostas para saciar minha mente.

Me recuso a mostrar o quão assustada estou, mamãe sempre disse que temos que encarar nossos medo com a cabeça erguida, não importando o quão grande ele for.

Consigo ver meu reflexo no vidro dos olhos da máscara de gás, estranhamente, ainda pareço a mesma de sempre.

-Boa noite preciosa, você está acordada a muito tempo?-Eu não percebi que estava segurando a respiração até agora, lentamente solto, mas permaneço em silêncio.Sua voz parece masculina, mas poderia ser qualquer um embaixo da máscara.

-Hum, vejo que você não é muito falante, mas não se preocupe com isso preciosa, temos todo o tempo do mundo para trabalharmos nisso.-A figura se levanta e estende a mão para mim, eu não faço movimento algum, apenas encaro a figura.

-Tudo bem, parece que vou ter que fazer você levantar da maneira mais difícil.

Me preparo para ser arrastada para fora da sala, mas os movimentos da figura nunca vem, em vez disso, ela caminha até o lado da mangueira no canto da parede, ligando a torneira e pegando a ponta.

A figura vem em minha direção e logo estou mais molhada que antes, fecho os olhos e a boca, com medo de me afogar, e só quando estou tremendo ainda mais devido a água fria, consigo abrir os olhos.

Não sei quanto tempo fiquei com os olhos fechados, mas quando abro, a pessoa está na minha frente novamente, o chão ao meu redor está ainda mais molhado.A figura jogou a mangueira ao meu lado, de modo que a corrente continue atingindo minha parte inferior, já que estou com os braços envolvendo minhas pernas.

Não sei de onde ou quando a figura pegou um tipo de vara cumprida em suas mãos, eu não sei o que aquilo era.

-Última chance preciosa.-Sinto a figura me encarando por baixo da máscara, mas não respondo, não me movo além da tremedeira.-Você quem pediu por isso.

Antes que eu possa assimilar suas palavras, a figura abaixa a vara estranha e a coloca em contato com a água, automaticamente uma dor insuportável atravessa todo o meu corpo.Um choque.Uma vara com energia.

A figura não para, continua segurando a vara na corrente de água e meu corpo começa a pular inconscientemente, logo me vejo pulando em meus pés, a dor consumindo desde a ponta dos meus dedos até os fios do meu cabelo.

Choramingo e pulo de forma constante, como se eu estivesse pegando fogo, logo mal percebo que estou gritando, perco o equilíbrio e me jogo no chão, convulsionando e sentindo a dor me penetrar cada vez mais.

Não tenho noção de quanto tempo dura os choques, só sinto o chão gelado embaixo de mim, o vermelho da sala e a figura mascarada olhando para mim.

Logo a escuridão toma conta de meus olhos, e apesar da luta e instinto de manter meus olhos abertos, eu caio.

Demon's Elite:Blood MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora