Capítulo 3.

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Asta Müller.

Despertei, e estou com as costas enfaixadas, num pequeno quarto, com pouca iluminação e algumas mobílias.

Pensei que fosse morrer. Àqueles homens são demônios em pessoa. Eu tenho que fugir daqui, antes que eu morra nas mãos deles.

Me levantei da cama, e na tentativa de colocar em pé, senti meus ossos deslocarem e quebram. Me fazendo ir ao chão. A porta é aberta bruscamente.

— Ei, você está bem?— o homem de cabelos castanhos cacheados pergunta me levantando.— Não deve sair da cama assim. Você sobreviveu por pouco. — ele me colocou sentada na cama. — Eu sou o Teodoro, o chefe dos escravos e você?

— Asta Müller.

— Apenas Asta, sobrenomes não são importantes para escravos. Soube que desafiou os comandantes, você enlouqueceu?

— Prefiro morrer do que me despir na frente de um homem que matou minha família.

Ele começou a rir, como se eu tivesse contado uma piada.

— Todas pessoas que você vê aqui, excepto eles próprios, tiveram suas famílias mortas por eles, então, esse show não vai te ajudar em nada, pelo contrário vai te prejudicar.

— Não estou fazendo um show. Essa sou eu.

— Aqui você não é ninguém Asta, e você ainda é nova. Se você se comportar, pode levar uma vida pouco medíocre, quem a trouxe aqui foi o senhor Schmid, e ele é perigoso, muito pior que o homem que quis despi-la. — ele ficou em silêncio me encarando, já que estou de cara fechada e com o odeio me correndo pelas veias. — Vou buscar algo para você comer.— ele deu um pequeno sorriso antes de sair.

Eu levei uma vida calma, antes da guerra, ia com minha mãe e meus irmãos as plantações ou ao rio pegar água, enquanto meus pai ia a caça ou ao mercado. Uma vida tranquila típica de camponês, nunca imaginei que minha vida irei ser sacudida da noite para o dia. Nem parece que a alguns dias atrás, minha mãe me ensinava sobre ser uma boa esposa, já que a Idade para se casar se aproximava. Eu não tinha nenhum pretende em mente, mas meu pai tinha, o filho do seu amigo. Nossas famílias eram amigas e faziam bastante troca de produtos.

Desperto dos pensamentos quando a porta é novamente aberta, mas invés de ser Teodoro, um homem algo de manto branco e azul, cabelos platinados com algumas mechas pretas no meio no coro cabeludo, seus cabelos são longos e chegam ao ultrapassar a cintura, de costas ele deve ser facilmente confundido com uma mulher.

— Você acordou, pensei que tivesse te quebrado. — ele se aproximou da cama.— Que bom que não, tenho grandes planos com você.

Não o encarei, desvie meu olhar para outro canto do quarto. Do mesmo jeito que eu fazia quando meus pais brigavam comigo.

— Você é muito arrogante para uma escrava não acha?— ele segurou meu queixo me forçando ao encarar, mas desvie as órbitas. — Fico irritado quando falo com alguém e a mesma não me encarava. Talvez eu deva puni-la novamente.— o encarei imediatamente, ele começou a rir — então não gosta de ser punida. Ótimo — ele passou seu dedo polegar pelos meus lábios, por impulso o mordi. Ele tirou o dedo rapidamente e me encarou.

Abaixei a cabeça esperando a surra, porque com certeza ela vêm. Tenho de me acalmar se quiser viver, tenho de me acalmar. Eu posso morrer, Okay, não me importo, mas odeio sentir dor, eu odeio.

— Ahhh — gritei quando minhas costas foram de encontro a cama,  eles está me sufocando. Mas não é por isso que eu grito, mas sim pela dor que estou sentindo nas costas.

— Irei te matar se continuar me irritando.

— Por favor me mate, me mate, me mate por favor.— comecei a chorar, essa é a conta de água das minhas emoções. Eu ainda consigo ver, o homem que tinha seria meu marido se entregando a morte para me defender, consigo ver meus pais, meus irmãos. Eles eram só crianças, não tinham culpa de nada, e o que os homens dele fizeram? Nos mataram como se fôssemos animais.— Eu quero morrer.— Porquê as pessoas são assim? Qual o prazer eles sentem em magoar alguém que nunca sequer lhes dirigiu a palavra ou os viu? Porquê meu Deus?

Ele tirou suas mãos de meu pescoço, seus dedos foram até minhas lágrimas, tirou uma gota delas e a colocou entre os lábios. Então ele se tirou seu joelho da cama, e se afastou.

— Quando ela melhor a traga para os meus aposentos.

— Sim senhor Schmid.

Eu não consigo parar de chorar e soluçar, isso é tudo que eu acumulei nesses últimos dias dentro de mim, e aquela curandeira, ela podia ter me deixado lá, com sua casa mal assombrada, mas não me trazer para aqui.

— Chore criança, para limpar a alma.— Teodoro colocou minha cabeça sobre seu colo — Dói bastante, mas com o tempo você se acostuma. Abrace essa vida, como de estivesse abraçando sua família. Não viva em vão.

Teodoro me lembra a minha mãe, seu toque e o tom calmo de sua voz. Adormeci em seus braços embriagada pela dor.

A Escrava | Em Degustação |Onde histórias criam vida. Descubra agora