Voltei para a mesma sala de conferências onde havíamos estado antes, tomando o cuidado de devolver as armas ao arsenal no caminho para lá. Sentei-me novamente na mesma cadeira, assumindo uma posição confortável enquanto os dois operadores sentavam diante de mim.
"Certo, vamos aos fatos: eu era líder de uma organização secreta, e tenho certeza de que nunca ouviram falar dela, tampouco ouvirão falar dela algum dia. Nosso trabalho era o mais sujo que qualquer governo poderia querer, assassinatos, massacres, sequestro, tortura e queimas de arquivo. Nossa organização é chamada de Nightshade, pois a maior parte das nossas missões eram na calada da noite, e sempre agindo das sombras."
Ghost ouve atentamente cada uma de minhas palavras enquanto conto minha história, seus olhos profundos me analisando, mostrando uma seriedade quase enervante. König ouve com a mesma atenção, mas com uma leve expressão de choque nos olhos. Não por descrença em minha história, mas sim surpreso com o quanto eu estou disposta a revelar para cair nas boas graças deles. De qualquer forma, seus rostos ocultos por suas máscaras permanecem inexpressivos enquanto continuam a me ouvir contar minha história.
"Vocês dois precisam entender que todas as informações verdadeiras sobre mim ou qualquer outra pessoa que já passou por aquela organização são do mais alto nível de sigilo, pois foi da minha arma e das armas dos meus homens que saíram os tiros que deram início a guerras. Já perdi as contas de quantos políticos, militares, terroristas e até mesmo civis eu matei." Falei enquanto enumerava com os dedos. "Vocês são os heróis, os caras que são chamados para salvar os outros, mesmo que isso signifique matar quem for necessário... Mas minha equipe eram os monstros sem alma que eram chamados para decapitar e incendiar vilarejos inteiros. Vocês lutam contra homens armados e dispostos a matar vocês. Eu fui obrigada a matar mulheres e crianças, atirei e esfaqueei homens desarmados a sangue frio, cumprindo as ordens de algum político gordo sentado na segurança de seus escritórios. Minha equipe eram as marionetes enviadas para dar início a golpes de estado."
Ghost parece levar um momento para processar tudo o que eu disse a eles antes de falar. "E você fez isso sem questionar? Sem hesitar? Mesmo que fosse contra sua moral e contra sua própria alma?" Ghost pergunta, sua voz sombria e solene enquanto ele continua a perguntar mais sobre meu passado.
"Eu sou um soldado, Tenente. Eu cumpro ordens, não cabia a mim julgar o que era certo ou errado. Não estou aqui me justificando ou justificando as atrocidades que cometi. Eu tenho plena consciência do sangue inocente em minhas mãos. A única coisa que sempre tive em mente para não contrariar meus superiores era a certeza de que se não fosse minha equipe a orquestrar essas monstruosidades, seria outra. Governos sempre tem quem faça as sujeiras deles por eles. Já tive que executar um dos meus irmãos de equipe por ordens superiores, pois ele se recusou a cumprir a ordem de explodir um hospital cheio de refugiados. E tenha certeza Tenente, que se eu não fizesse isso, eu mesma seria executada assim como ele. E o hospital seria explodido mesmo assim."
Os olhos de Ghost se estreitam um pouco enquanto eu descrevo esse ato do meu passado. Ele solta um grunhido, então exala bruscamente pelo nariz, balançando a cabeça. Ele fecha os olhos por um momento antes de abri-los mais uma vez, seu olhar ficando sério e sombrio mais uma vez. "Você fez exatamente o que faríamos, soldado. Nem toda missão tem que ser fascinante. Na verdade, a maioria delas não é. Às vezes você tem que estar disposto a colocar o trabalho duro necessário para sujar as mãos e fazer o que precisa ser feito."
Suspirei, sentindo o peso das palavras que admiti. "Se existe algum deus, acertarei minhas contas com ele. Meu único arrependimento sobre meu passado é ter salvo a vida de crápulas tão assassinos como eu. Lembrem-se, não podem deixar nada do que falei aqui sair dessas paredes, e não digo isso por temer o que possa acontecer comigo, mas sim por temer que uma equipe como a minha seja enviada para varrer a existência da sua, caso suspeitem que sabem sobre o esquadrão de assassinos autorizados do qual eu fazia parte." Falei olhando seriamente para eles. "E antes que perguntem, todos os meus colegas eram assim como eu, órfãos e sem conexões, justamente para sermos facilmente assassinados caso não atendêssemos qualquer ordem recebida."
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Rise from Abyss: Lethal Trinity
FanfictionEleanor "Demon" Souza, uma assassina de elite que é transferida para a Força Tarefa 141 por supostos problemas de insubordinação com seu antigo coronel. Rebaixada de patente e sob outro codinome, Phantom passa de somente uma soldado de temperamento...